Amaury Marreco… muito antes de gansos e patos   

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Ao longo de sua história, o time do Morumbi contou com alguns jogadores com nomes de aves; como Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato. Mas, muito antes, um outro nome de ave entrou para os livros de história do Clube da Fé.

Meia-direita habilidoso, que ficou conhecido no mundo da bola como “Amaury Marreco”, Amaury Epaminondas Junqueira nasceu no dia 24 de dezembro de 1935, em Barretos (SP).

Começou sua caminhada esportiva jogando nas equipes de base do Fortaleza Esporte Clube, o simpático alviverde de sua cidade natal, onde mais tarde firmou seu primeiro compromisso profissional em 1954.

Transferido em 1956 para o Esporte Clube Taubaté (SP), no ano seguinte o promissor Amaury passou rapidamente pelo Club de Regatas Vasco da Gama (RJ), onde não conseguiu adaptar-se.  

Tudo parecia encaminhado para voltar ao mesmo Taubaté, quando uma proposta salvadora apareceu para ser negociado em definitivo com o São Paulo Futebol Clube, um verdadeiro divisor de águas em sua carreira!

Contusão e Cirurgia no Menisco. Foi o saldo da derrota do São Paulo diante do Botafogo em Ribeirão Preto. Amaury, mesmo contundido, marcou para o Tricolor paulista. Crédito: revista do Esporte número 25 – 29 de agosto de 1959.
Disciplinado, Amaury Marreco trabalha firme em sua recuperação da cirurgia do Menisco. Crédito: revista do Esporte número 25 – 29 de agosto de 1959.

Conquistou o campeonato paulista de 1957 em uma formação que contava com destaques de primeira grandeza; como Canhoteiro, De Sordi, Mauro Ramos de Oliveira, o lendário goleiro Poy e o astro Zizinho. 

O duelo decisivo aconteceu no dia 29 de dezembro, diante do Corinthians no Pacaembu. Com gols de Amaury, Canhoteiro e Maurinho (São Paulo); e Rafael (Corinthians), o Tricolor venceu por 3×1 e confirmou o título no jogo que ficou conhecido como a “Tarde das garrafadas”.

Vivendo um grande momento, Amaury estava jogando o “fino da bola” na temporada paulista de 1958. Tudo caminhava bem, até o confronto do dia 18 de outubro, contra o Botafogo em Ribeirão Preto.

Em um lance sem marcação, onde tentou o domínio de bola para rapidamente servir Maurinho, Amaury sentiu uma forte dor no joelho direito. Saiu de campo para ser atendido e voltou com uma joelheira.

– “No vestiário, olhei para o joelho, que mais parecia uma bola de tão inchado. Primeiro colocaram uma pomada e depois um saco enorme de gelo. Fiquei assustado, mas queria voltar ao jogo”.

No Pacaembu, Amaury marca os dois gols do tricolor no empate diante da Portuguesa de Desportos por 2×2. Crédito: revista Manchete Esportiva número 95 – 14 de setembro de 1957.
Maurinho e Amaury, dois craques para uma bola só! Crédito: revista Manchete Esportiva número 102 – 2 de novembro de 1957.

Ficou praticamente encostando na ponta-direita, enquanto o amigo Maurinho foi deslocado para o meio de campo. Ainda assim, Amaury foi o autor do gol do Tricolor na derrota pelo placar de 2×1.

Conforme reportagem publicada pela Revista do Esporte número 25, edição de 29 de agosto de 1959, Amaury foi avaliado pelo Departamento Médico do São Paulo, que prontamente queria agendar o procedimento cirúrgico no menisco do jogador.

– “A minha resposta imediata foi de recusar o tal do bisturi. Tal atitude causou preocupação e muita gente falou comigo. O tempo passou e finalmente decidi que não dava para negar os fatos e assim fui parar na mesa de operação”.

– “O processo de recuperação foi difícil, com inúmeras sessões de fisioterapia. Entretanto, o mais complicado foi readquirir minha autoconfiança no trabalho com bola. A perna não respondia como antes”.

Restabelecido, Amaury continuou no elenco do Tricolor até 1960, quando foi emprestado ao Esporte Clube Taubaté para disputar o campeonato paulista. Voltou ao São Paulo somente em 1961, assim permanecendo até ser negociado com o futebol mexicano.

O São Paulo entrando em campo para o confronto decisivo contra o Corinthians em 1957. Amaury aparece em destaque no centro da foto. Depois, em primeiro plano partindo da esquerda; Maurinho, Zizinho e Mauro Ramos de Oliveira. Crédito: revista Manchete Esportiva número 112 – 11 de janeiro de 1958.
Pacaembu lotado. Corinthians e São Paulo na partida decisiva do campeonato paulista de 1957. Partindo da esquerda; Amaury, Gylmar, Rafael e Gino Orlando. Crédito: revista Manchete Esportiva número 113 – 18 de janeiro de 1958.

Abaixo, uma boa participação de Amaury na disputa do Torneio Rio-São Paulo de 1959. Na batalha entre tricolores, o quadro da capital paulista foi melhor e venceu o prélio por 3×2:

2 de maio de 1959 – Torneio Rio-São Paulo – São Paulo 3×2 Fluminense – Estádio do Pacaembu (SP) – Árbitro: Eunápio de Queiroz – Gols: Amaury, Neco e Jair Marinho (contra) para o São Paulo; Telê Santana e Romeu para o Fluminense.

São Paulo: Poy (Paulo); Paulinho (Ademar), Vitor e Riberto; Fernando Sátiro e Gérsio; Amaury, Neco, Gino Orlando, Bibe e Roberto (Maneca). Técnico: Armando Renganeschi. Fluminense: Vitor Gonzalez; Jair Marinho, Pinheiro e Altair; Edmilson e Clóvis; Telê, Paulinho, Breno (Romeu), Jair Francisco (Almir) e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.

Nome sempre lembrado nas mídias esportivas de sua época, Amaury Marreco descreveu o seu gol mais bonito nas páginas da Revista do Esporte número 58, edição de 16 de abril de 1960.

– “Foi na capital pernambucana em um amistoso contra o Sport Club do Recife, quando acertei uma bicicleta na grande área. Só acreditei quando escutei o grito dos companheiros”.

Partindo da esquerda; Amaury, Gino Orlando e Zizinho. Crédito: revista Tricolor número 60 – Dezembro de 1957.  
Meia-direita habilidoso, Amaury Marreco marcou época no Tricolor paulista. Crédito: revista Tricolor número 62.

Jogando pelo Tricolor paulista, Amaury disputou um total de 112 partidas; com 56 vitórias, 29 empates, 27 derrotas e 68 gols marcados. Os registros foram publicados pelo Almanaque do São Paulo, do autor Alexandre da Costa.

No México, Amaury Marreco defendeu o Club Deportivo Oro de Jalisco entre 1961 e 1965. Depois jogou pelo Deportivo Toluca Fútbol Club (1966/1968), onde foi o artilheiro na conquista do título nacional de 1967.

(*) Algumas fontes apontam ainda uma passagem pelo Atlas Fútbol Club de Guadalajara (1969/1974), período que não foi possível certificar pela ausência de documentação confiável.

De acordo com o site Terceiro Tempo (Seção Que Fim Levou) do jornalista Milton Neves, ao deixar os gramados Amaury voltou ao Brasil para ser treinador do Barretos Esporte Clube (SP), retornando mais tarde para Toluca onde fixou residência.

Vítima de insuficiência renal, Amaury Epaminondas Junqueira faleceu no dia 31 de março de 2016, na cidade de Toluca, no México. O ex-jogador contava com 80 anos de idade e sempre era lembrado nos clubes por onde passou e pela imprensa esportiva local.

Uma boa escalação do Esporte Clube Taubaté na temporada de 1960. Partindo da esquerda, em pé: Mexicano, Rossi, Gardel, Ivan, Celso e Hélio. Agachados: Darci, Amaury, Paulinho, Mário e Evaldo. Crédito: revista do Esporte número 105 – 11 de março de 1961.
Uma das formações de ataque do São Paulo na temporada 1961. Partindo da esquerda; Faustino, Amaury, Benê, Baiano e Aílton. Crédito: revista do Esporte número 120 – 24 de junho de 1961.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por José Maria de Aquino e Sandro Moreyra), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Anselmo Domingos e Jurandir Costa), revista Manchete Esportiva (por Carlos Lima), revista Tricolor, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Mundo Esportivo (por Antônio Guzman), campeoesdofutebol.com.br, estadao.com.br, historiadofutebol.com (por Sérgio Mello), saopaulofc.net, site do Milton Neves, tolucafc.com, Almanaque do São Paulo – Alexandre da Costa, albumefigurinhas.no.comunidades.net.

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