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Se tivesse nascido um pouco mais para lá do que para cá, Chico poderia ter jogado pelo Uruguai na partida decisiva do turno final da Copa do Mundo de 1950.

Marcante ponteiro-direito do Vasco e da Seleção Brasileira, Francisco Aramburu nasceu no município de Uruguaiana (RS), em 7 de janeiro de 1923. *Algumas fontes registram o ano de 1922. 

Revelado nas fileiras do Esporte Clube Ferro Carril de Uruguaiana, Chico era um atacante rápido e bom finalizador!

Com boas apresentações, Chico foi encaminhado ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense nos primeiros meses de 1941. No tricolor gaúcho, Chico permaneceu por pouco tempo, até ser negociado em definitivo com o Club de Regatas Vasco da Gama.

Temperamento forte, a notícia de sua transferência para o Rio de Janeiro quase o fez abandonar o futebol.

Crédito: revista Esporte Ilustrado.

Chico e Esquerdinha. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 767 – 18 de dezembro de 1952.

Convencido por amigos e familiares, o contrariado Chico tomou o caminho da “Cidade Maravilhosa” em 1942. Com fama de grande atacante, Chico foi apresentado aos torcedores em São Januário.

Em 1945 conquistou seu primeiro título carioca, o que evitou o tetracampeonato do Flamengo. No mesmo ano, o ponteiro esquerdo recebeu sua primeira oportunidade na Seleção Brasileira durante os compromissos da Copa Roca.

Valente, Chico era um sujeito que não afinava e nem levava desaforos para casa. Não era de procurar brigas, mas nunca fugia delas quando apareciam!

No campeonato Sul-Americano de 1946, na derrota por 2×0 para a Argentina, Chico foi expulso de campo ao revidar uma entrada desleal. O lance foi o estopim de uma briga generalizada.

Em 1947 faturou seu segundo título carioca e continuou absoluto no “Expresso da Vitória”, inclusive participando da memorável conquista do primeiro Campeonato Sul-Americano de clubes em 1948.

Jair Rosa Pinto e Chico no gramado do Pacaembu. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 635 – 8 de junho de 1950.

O Brasil na Copa do Mundo de 1950. Em pé: Barbosa, Augusto, Danilo, Juvenal, Bauer e Bigode. Agachados: O massagista Johnson, Friaça, Zizinho, Ademir, Jair, Chico e o massagista Mário Américo. Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada.

Bicampeão carioca em 1949, o Vasco da Gama era o time do momento. Com grande entrosamento nas manobras ofensivas, Chico sempre encontrava espaços para municiar oportunidades ao artilheiro Ademir Marques de Menezes.

Fora do grupo que conquistou o campeonato Sul Americano de 1949, Chico foi convocado para disputar a Copa do Mundo de 1950.

Apesar da ausência nos primeiros compromissos contra México e Suíça, Chico foi um dos destaques do time de Flávio Costa na competição.

No primeiro jogo contra o México no Maracanã, Flávio Costa aproveitou Maneca na linha de ataque. Na partida seguinte, diante da Suíça no Pacaembu, Alfredo foi o titular.

A primeira participação aconteceu na vitória sobre a Iugoslávia por 2×0 no Maracanã. No massacre de 7×1 diante da Suécia, Chico marcou 2 gols. Depois marcou mais 2 vezes na goleada por 6×1 sobre os espanhóis.

Chico marca contra o Olaria. Crédito: revista Esporte Ilustrado.

O Vasco campeão carioca de 1952. Crédito: revista Manchete número 41 – 31 de janeiro de 1953.

Foram apresentações de gala com lenços brancos tomando conta do estádio, um espetáculo único. O clima de euforia tomou conta da cidade e o jogo contra o Uruguai parecia uma mera formalidade.

Com a derrota inesperada para o Uruguai em 16 de julho de 1950, Chico e seus companheiros ficaram marcados para sempre. Abaixo, trechos do depoimento de Chico no livro “Dossiê 50”, do autor Geneton Moraes Neto:

– Quando faltavam poucos minutos para acabar aconteceu um centro da direita. Parti para chutar de primeira no outro canto. Fui na certeza de que faria o gol. Mas o Ademir chegou na minha frente…

– Tive um pressentimento de que o Uruguai ganharia o jogo. Estava escrito! Pedi ao Ademir e ao Zizinho que me deixassem dar uma entrada dura no Obdulio. Tenho certeza que ele me daria o troco… 

– Não posso deixar de dizer. Eu vi um jogador do Brasil levar um cascudo do Obdulio. Sei que depois esse mesmo jogador disse que era mentira. Mas eu vi. Os uruguaios tinham essa maldade. Cheguei a pedir que Obdulio fizesse isso comigo!

Crédito: revista O Cruzeiro.

Chico trabalhando como chofer de praça. Crédito: revista Manchete Esportiva – Material publicado no site kikedabola.blogspot.com.br.

Com o término da Copa do Mundo, Chico e seus companheiros juntaram os cacos e conquistaram o título carioca de 1950, o primeiro da “Era Maracanã”.

Em 1952 conquistou seu último “caneco” carioca com a camisa do Vasco. Era o crepúsculo dos acalorados duelos com o lateral direito Biguá do Flamengo. 

Ao todo foram 289 partidas e 127 gols marcados pelo Vasco da Gama, o que coloca seu nome como um dos maiores artilheiros da história do clube!

No findar da temporada de 1954, Chico deixou São Januário magoado com um suposto boicote do técnico Flávio Costa. Assinou com o Clube de Regatas do Flamengo, onde não apresentou o mesmo rendimento e disputou poucos compromissos!

Encerrou a carreira profissional nos gramados em 1956 e foi trabalhar como chofer de praça. Francisco Aramburu faleceu no Rio de Janeiro em 1 de outubro de 1997.

Crédito: revista Placar.

O reencontro de Biguá e Chico. Foto de Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar – 3 de fevereiro de 1978.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Albino Castro Filho, Carlos Maranhão, Marcelo Rezende e Rodolpho Machado), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista Esporte Ilustrado, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, revista O Globo Sportivo, revista Vida do Crack, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal O Globo, acervo.oglobo.globo.com, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, kikedabola.blogspot.com, site do Milton Neves (por Marcelo Rozenberg), vasco.com.br, Livro: Dossiê 50 – Geneton Moraes Neto – Editora Objetiva, Livro: Um Expresso Chamado Vitória – Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida – Editora iVentura.