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campeão carioca de 1964, Esporte Clube Renascença, Procópio Cardoso Neto, seleção mineira 1963, Taça Brasil de 1966
Quando vivia um grande momento no Cruzeiro, uma séria contusão o afastou dos gramados, o suficiente para muitos temerem pelo final de sua caminhada esportiva!
Mas Procópio lutou como nunca para voltar ao futebol. Com muita força de vontade, o mineiro de Salinas entrou novamente em campo e ofereceu aos céticos sua fé inabalável.
Filho de João Cardoso e Isaura Ladeira Cardoso, Procópio Cardoso Neto nasceu no município de Salinas (MG), em 21 de março de 1939.
Órfão de pai na tenra infância, o menino Procópio mudou para Belo Horizonte acompanhando o avô. Iniciou os estudos no regime interno do Colégio Batista, quando o futebol era apenas uma inocente diversão.
Aos 14 anos de idade, Procópio jogava como atacante no infantil do Atlético Mineiro. Mais tarde foi encaminhado ao juvenil do Esporte Clube Renascença, uma agremiação mantida por uma fábrica de tecidos.

Crédito: revista A Gazeta Esportiva Ilustrada.
Em 1958, o corpo diretivo do Renascença contratou o ex-zagueiro Gerson dos Santos, que recebeu a difícil missão de montar o primeiro quadro profissional do clube.
Com poucos recursos, o recém empossado treinador armou uma equipe mesclada entre veteranos e jovens valores da casa. E foi justamente pela orientação de Gerson dos Santos que Procópio iniciou sua carreira como zagueiro.
Coincidentemente, em fevereiro de 1959, o Cruzeiro estava em busca de um zagueiro. Encantado com o futebol do rapazola do Renascença, o presidente Felício Brandi não pensou muito para desembolsar 31 mil cruzeiros e levar Procópio em definitivo.
Mas Procópio chegou ao Cruzeiro com fortes dores no pé. Depois dos primeiros exames realizados na Toca da Raposa, os médicos encontraram uma fratura em franco processo de calcificação.
Na época, o Renascença não contava com Departamento Médico. Por isso, Procópio nem desconfiava da gravidade do problema!

No Fluminense, uma sombra chamada Pinheiro. Crédito: revista do Esporte número 224 – 22 de junho de 1963.

Berico e Procópio antes de mais um clássico no Maracanã. Crédito: revista do Esporte.
Recuperado do pé, Procópio também resolveu sua pendência com o serviço militar, já que era considerado “Arrimo de Família”. A primeira partida pelo Cruzeiro aconteceu em 22 de março de 1959, na vitória por 4×2 diante do Bela Vista, amistoso disputado em Sete Lagoas.
Bicampeão mineiro nas edições de 1959 e 1960, Procópio foi transferido para o São Paulo Futebol Clube em 1961.
A passagem pelo Morumbi não foi longa. Entre 1961 e 1962, Procópio disputou 36 partidas; com 22 vitórias, 6 empates e 8 derrotas. Os números foram publicados pelo Almanaque do São Paulo, do autor Alexandre da Costa.
Emprestado pelo São Paulo ao Atlético Mineiro em 1962, Procópio formou uma boa dupla ao lado de William, com quem também jogou no selecionado mineiro.
Pelo Atlético Mineiro, Procópio faturou o campeonato mineiro de 1962, além do título brasileiro de seleções estaduais.

Partindo da esquerda; Procópio, o goleiro Márcio e Carlos Alberto Torres. Crédito: revista do Esporte.
Em 1963, Procópio apareceu no cenário carioca ao firmar compromisso com o Fluminense Football Club. Nas Laranjeiras, o zagueiro viveu uma grande fase e foi campeão carioca de 1964.
Novamente no futebol paulista, Procópio acertou suas bases com a Sociedade Esportiva Palmeiras, onde foi campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1965.
Pelo alviverde entre 1965 e 1966, Procópio disputou 38 jogos; 22 vitórias, 8 empates e 8 derrotas. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Em 1966 Procópio estava novamente na mira dos clubes mineiros. Depois de um ensaio para assinar com o Atlético Mineiro, Felício Brandi entrou na parada novamente e levou o zagueiro de volta ao Cruzeiro.
Procópio conquistou o tricampeonato mineiro de 1966, 1967 e 1968; além da memorável Taça Brasil de 1966. Com seu futebol em alta, Procópio era um dos nomes mais cotados para o escrete canarinho.

Os rumos da carreira de Procópio sempre ficaram por conta da esposa Marian. Crédito: revista do Esporte número 338 – 28 de agosto de 1965.

Tostão e Procópio. Crédito: revista do Esporte número 443 – 1967.
Em um programa esportivo realizado em 1968 na TV Belo Horizonte, o técnico João Saldanha revelou publicamente sua grande admiração pelo futebol do becão: “Procópio joga no meu time”.
Pela Seleção Brasileira, Procópio esteve em campo em 10 oportunidades entre 1963 e 1968. Foram 5 vitórias, 2 empates e 3 derrotas. Mas o ano de 1968 não trouxe apenas suspiros de felicidade!
No dia 13 de outubro, Santos e Cruzeiro duelavam pela Taça de Prata. Foi mais uma partida acirrada pela recente rivalidade desde os confrontos decisivos da Taça Brasil de 1966.
Em uma dividida com Pelé, Procópio rompeu os ligamentos do joelho, além do deslocamento da rótula. Desacordado, o zagueiro foi levado ao Hospital das Clínicas pelo médico Neylor Lasmar.
Procópio voltou para Belo Horizonte engessado no piso do avião. Operado no Hospital Felício Rocho, os homens da imprensa praticamente decretaram o final da carreira do zagueiro.

A dividida fatal com Pelé. Crédito: revista Veja número 7 – 23 de outubro de 1968.

Na volta aos gramados, Procópio teve pela frente o jovem e destemido Roberto Dinamite. Foto de Zeka Araújo. Crédito: revista Placar – 21 de dezembro de 1973.
Faltando pouco para o vencimento de seu contrato (vínculo profissional que não foi renovado), somente Procópio e sua esposa Marian acreditavam em uma possível recuperação.
Em 26 de novembro de 1973, depois de vários anos longe da bola, o zagueiro voltou ao gramado do Maracanã em uma partida contra o Vasco da Gama.
Ainda em 1973, Procópio conquistou seu último título mineiro. No ano seguinte, seu futebol foi determinante na boa campanha do vice-campeonato brasileiro.
Procópio jogou até 1975, quando encerrou seu ciclo como jogador profissional. Ao todo foram 212 participações pelo Cruzeiro. Como treinador, seu trabalho foi sempre bem avaliado nas equipes em que trabalhou:
– Bahia (BA), Goiás (GO), América (MG), Atlético Mineiro (MG), Cruzeiro (MG), Atlético Paranaense (PR), Fluminense (RJ), Internacional (RS), Grêmio (RS) e futebol árabe.

Procópio assumiu o Atlético ciente da falta de dinheiro para investir. Foto de Alberto Carlos. Crédito: revista Placar – 26 de janeiro de 1979.

No Atlético ou no Cruzeiro, um técnico acima de qualquer suspeita! Foto de Auremar de Castro. Crédito: revista Placar – 30 de março de 1979.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arthur Ferreira, Auremar de Castro, Carlos Maranhão, Daniel Gomes, Édson Cruz, Luciano Luque, Sérgio A. Carvalho e Zeka Araújo), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, revista Mineirão – Enciclopédia do Futebol Mineiro, revista Tricolor, revista Veja, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal Estado de Minas, atletico.com.br, campeoesdofutebol.com.br, cruzeiro.com.br, site do Milton Neves (por Marcelo Rozenberg), Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do São Paulo – Alexandre da Costa.