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Nas manhãs de domingo, o portão principal do Estádio Conde Rodolfo Crespi fervia de gente. Enquanto os torcedores se acotovelavam na acanhada bilheteria, o vendedor de milho faturava alto com sua panela cuspindo fumaça.

Pouco antes das 10 horas, o Juventus entrava em campo com sua imaculada camisa branca, já que naquela época o mandante da partida usava o uniforme número dois quando necessário.

Na frente, puxando os companheiros, o meio-campista Brida e sua costumeira camisa 5, sempre envergada com muita humildade e seriedade.

Os torcedores mais antigos, geralmente senhores de origem italiana, não tinham muita paciência quando o jogo estava complicado.

Então, disparavam seu vocabulário pesado contra os jogadores do Juventus. Mas raramente criticavam o futebol simples e sempre eficiente de Brida.

Brida, em destaque, no time do Barretos. Crédito: francisco-franciscocarlos.blogspot.com.br.

Brida puxa a entrada do Juventus na Rua Javari. Crédito: juventus.com.br.

Brida puxa a entrada do Juventus na Rua Javari. Crédito: juventus.com.br.

Roberto Brida nasceu no dia 30 de janeiro de 1945, na cidade de Itajobi, município da região de Novo Horizonte no estado de São Paulo.

Assim como seu irmão Brecha (Moacir Bernardes Brida), companheiro nos tempos de Juventus, Brida começou sua carreira em equipes da região de Novo Horizonte até chegar ao Catanduva Esporte Clube.

Passou também pelo Barretos Esporte Clube e algum tempo depois foi contratado pelo Clube Atlético Juventus, grande marco em sua carreira.

Brida era um volante que lembrava muito o estilo guerreiro do famoso Olegário Tolói de Oliveira, mais conhecido como Dudu, que marcou época ao lado de Ademir da Guia no Palmeiras.

Crédito: mantojuventino.blogspot.com.br.

Naqueles tempos, os times eram escalados com um único volante, que sobrecarregados pela marcação e cobertura na frente da zaga, pouco se arriscavam em ultrapassar o círculo central.

Brida fez parte do elenco que em 1971 conquistou o Troféu Paulo Machado de Carvalho, também conhecido como Torneio Paulistinha 1971.

Em turno e returno, os melhores classificados no “Paulistinha” garantiam presença ao lado dos clubes pré-classificados (os chamados grandes) no campeonato paulista. 

Brida também participou da notável excursão aos gramados da Grécia em 1972, de onde voltou invicto.

Crédito: juventus.com.br.

Os irmãos Brida e Brecha. Campeões do Torneio Paulistinha 1971. Crédito: juventus.com.br.

Naquela época, o Juventus do técnico Milton Buzetto era um time modesto e ao mesmo tempo temido. Com resultados surpreendentes contra os times considerados grandes, o time da Rua Javari criou alguns milionários na Loteria Esportiva.

Uma das principais vítimas mas “molecagens” do Juventus era o Corinthians de Roberto Rivellino. Em 13 de março de 1971, no estádio do Pacaembu, o alvinegro foi derrotado por 1×0 com um gol marcado por Antoninho Minhoca.

Mas, aquela derrota de 1971 não foi o suficiente para que o Corinthians aprendesse a jogar contra o sempre perigoso Juventus.

Em 1972 o time do Parque São Jorge se complicou no campeonato paulista após uma derrota pela contagem mínima no Pacaembu.

Brida (centro) sobe de cabeça em partida contra o Santos no estádio do Pacaembu. Crédito: página pessoal de Roberto Brida no Facebook.

Brida (camisa 5) e Roberto Rivellino no estádio do Pacaembu. Crédito: mantojuventino.blogspot.com.

Esse confronto de 1972 fazia parte do teste 85 da Loteria Esportiva. O resultado foi considerado como uma das maiores zebras da história dessa modalidade de aposta.

Graças ao Juventus, a simpática “Zebrinha” transformou o apostador Eduardo Varela, que ficou conhecido como “O “Dudu da Lotéca”, no maior milionário da época.

29 de abril de 1972 – Campeonato paulista  primeiro turno – Juventus 1×0 Corinthians – Estádio do Pacaembu – Árbitro: Oscar Scólfaro – Gol: Brecha aos 16’ do segundo tempo.

Juventus: Miguel; Chiquinho (Celso), Carlos, Oscar e Osmar; Brida e Brecha; Luis Antonio, Adnã (Maurinho), Sérgio Pinheiro e ZizaCorinthians: Sidnei; Zé Maria, Baldochi, Luis Carlos e Pedrinho; Tião e Rivellino; Joãozinho (Caito), Vaguinho, Mirandinha e Marco Antônio.

Brida, em destaque, na comissão técnica do Corinthians no início de 1977. Crédito: revista Placar.

Crédito: revista Placar – 4 de maio de 1979.

Brida também teve passagens pelo São Bento de Sorocaba, Bangu (RJ), Rio Preto (SP) e Portuguesa Santista (SP) antes de encerrar sua carreira como jogador profissional em 1975.

Graduado em Educação Física na Universidade de São Paulo, Brida iniciou seu ciclo como preparador físico e depois como treinador em diversas equipes de ponta do futebol brasileiro.

Entre tantos clubes, além do Juventus, Brida trabalhou no Corinthians, Clube do Remo, Atlético Sorocaba, Catanduva, Sport Recife, Náutico Capibaribe e no extinto Colorado (PR). Sempre foi uma das figuras mais respeitadas do meio esportivo.

Conforme publicado no site do Milton Neves, atualmente o senhor Roberto Brida mora na cidade de Catanduva (SP) e trabalha como comentarista da Rádio Globo AM.

Vale conferir o trabalho desenvolvido no blog mantojuventino.blogspot.com.br. Lá encontramos camisas históricas de vários períodos e fotografias da história do nosso querido “Moleque Travesso”.

Crédito: revista Placar – 6 de julho de 1979.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Lenivaldo Aragão, Carlos Maranhão, Sérgio Martins e Maurício Cardoso), revista Manchete Esportiva, juventus.com.br, mantojuventino.blogspot.com.br, gazetaesportiva.net (gazetapress), Jornal A Gazeta Esportiva, campeoesdofutebol.com.br, diarioweb.com.br, site do Milton Neves, francisco-franciscocarlos.blogspot.com.br, página pessoal de Roberto Brida no Facebook.

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