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Quando assumiu o comando técnico do Fluminense, o técnico Gentil Cardoso lançou um desafio aos aristocráticos mandatários do tricolor: “Dêem-me o Ademir que eu lhes darei o campeonato”.

E realmente o time das Laranjeiras conquistou o campeonato carioca de 1946, graças inclusive aos gols de Ademir Marques de Menezes, antes de sua volta ao Vasco!

Longe dali, dirigentes do Tupi Football Club (MG) ainda discutiam o que fazer com os 120 mil cruzeiros recebidos pela venda do atacante Dimas ao Vasco da Gama.

O atacante Dimas Silva nasceu no município de Divinópolis (MG), em 20 de fevereiro de 1927.

Formado no ofício de marcenaria pela Escola Profissionalizante de Divinópolis, Dimas iniciou nos quadros amadores do Ferroviário, até ser transferido para o Tupi.

Dimas em sua época como jogador do Tupi Football Club (MG). Crédito: revista Esporte Ilustrado número 491 – 4 de setembro de 1947.

Florista Costa, esposa do técnico Flávio Costa, coloca uma condecoração na lapela de Dimas pela conquista do título de Aspirantes de 1946. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 491 – 4 de setembro de 1947.

Na oportunidade, o Tupi pagou apenas 200 cruzeiros ao Ferroviário, uma verdadeira “pechincha”. Campeão Municipal invicto de 1945 pelo Tupi, Dimas conquistou fama e respeito rapidamente.

Seu futebol despertou o interesse do Vasco da Gama em um amistoso realizado em Juiz de Fora, no início de 1946.

O jogador já era pretendido por outros clubes do cenário carioca e paulista; o que obrigou um dispêndio financeiro bem mais elevado por parte dos “cartolas” vascaínos, que trabalharam em silêncio até o fechamento do negócio.

Tão logo os valores da transferência foram divulgados, o Jornal dos Sports, em matéria do colunista Geraldo Romualdo da Silva, estampou o título “Craque Inflação”, uma referência ao investimento considerado alto para um mero desconhecido.

Religioso, Dimas chegou ao Vasco e foi logo ao encontro da imagem de Nossa Senhora das Vitórias. Depositou flores no altar e pediu proteção na continuidade de sua carreira.

Crédito: reprodução revista Esporte Ilustrado.

Dimas com a camisa do Tupi, uma homenagem ao time mineiro quando conquistou pelo Vasco o título da categoria de Aspirantes em 1946. Na foto da esquerda, o jogador coloca flores no altar de Nossa Senhora das Vitórias. Crédito: revista O Globo Sportivo número 647.

Depois de um curto período, o atacante mineiro sentiu os efeitos causados pela compreensível adaptação. O baixo rendimento preocupou os homens da comissão técnica, que logo perceberam que tiveram pressa demais com o rapaz!

Aproveitado no quadro de Aspirantes, Dimas realizou uma grande campanha na conquista do título da categoria em 1946, o que representou sua convocação para o selecionado carioca de novos.

Quando o técnico Ernesto Santos deixou o cargo e Flávio Costa deu início aos trabalhos para o certame de 1947, Dimas foi prontamente reintegrado ao elenco profissional.

Apelidado de “Móca” desde os tempos de Divinópolis, Dimas prevalecia pela boa técnica, já que como centroavante não poderia levar muita vantagem com pouco mais de 1;70 de altura!

Incentivado por Flávio Costa, Dimas tomou coragem e encontrou seu lugar ao lado de Chico, Djalma, Friaça e Maneca.

Partindo da esquerda; o goleiro Oswaldo Baliza, Nilton Santos, Dimas e Ademir Marques de Menezes ao fundo. Crédito: revista Placar.

Linha de ataque do Vasco. Partindo da esquerda; Djalma, Maneca, Dimas, Ismael e Chico. Crédito: revista Esporte Ilustrado.

Com uma campanha irretocável, o Vasco da Gama conquistou o título carioca de 1947. Com 17 vitórias e 3 empates, Dimas foi o artilheiro da competição com 18 gols marcados.

Abaixo, a primeira participação do Vasco da Gama no campeonato carioca de 1947. Dimas, em grande tarde, mandou 3 bolas para o fundo do barbante americano:

3 de agosto de 1947 – Campeonato carioca primeiro turno – Vasco da Gama 4×2 América – Estádio das Laranjeiras – Árbitro: Geraldo Fernandes – Gols: Dimas (3) e Friaça para o Vasco; César e Amaro para o América.

Vasco da Gama: Barbosa; Augusto e Rafagnelli; Eli, Danilo e Jorge; Alfredo, Dimas, Friaça, Lelé e Chico. América: Vicente (Jorginho); Domício e Grita; Hilton, Gilberto e Amaro; Maxwell, Maneco, César, Lima e Esquerdinha.

Campeão Sul-Americano em 1948, Dimas perdeu a condição de titular e foi vice- campeão carioca da temporada. No ano seguinte, seus direitos federativos foram negociados com o América (RJ).

Crédito: revista O Globo Sportivo.

Dimas realizou boas temporadas pelo América, onde também jogou ao lado do lendário Heleno de Freitas, já em fase final de carreira. Ao lado de Maneco, Ranulfo e Jorginho, Dimas foi novamente vice-campeão carioca em 1950.

Em seguida, o atacante passou com brilho pelo futebol nordestino. Primeiramente pelo Sport Club do Recife (PE), onde também chegou ao selecionado pernambucano em 1953.

Depois defendeu o Esporte Clube Vitória (BA), até encerrar definitivamente a carreira no findar da década de 1950.

(*) Não foram encontrados registros sobre sua trajetória ao deixar os gramados.

Permanece a lembrança do grande feito do atacante mineiro, que na tábua de artilheiros do campeonato carioca de 1947 superou goleadores famosos; como Ademir Marques de Menezes, Orlando e Rodrigues Tatu.

Crédito: reprodução revista Esporte Ilustrado número 662 – 14 de dezembro de 1950.

Ataque do América no gramado do Maracanã em 1951. Partindo da esquerda; Walter, Maneco, Dimas, Ranulfo e Jorginho. Crédito: revista O Globo Sportivo número 667.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista do Esporte, revista Esporte Ilustrado (por Levy Kleiman), revista Manchete Esportiva, revista O Globo Sportivo, Jornal dos Sports (por Geraldo Romualdo da Silva), Jornal Estado de Minas, Jornal Mundo Esportivo, Jornal O Globo, campeoesdofutebol.com.br, museudosesportes.blogspot.com.br, vasco.com.br, tupifc.esp.br, albumefigurinhas.no.comunidades.net.

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