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Em entrevista publicada na revista Placar de 5 de fevereiro de 1988, o lateral Miranda era só alegria: “Fiz o melhor negócio da minha vida. Comprei meu passe por apenas 30 mil cruzados”.

Nas linhas escritas pelo repórter Alfredo Gebrin, também ficou claro que foi um ótimo acordo para os dirigentes do Avaí (SC), que na época devia ao jogador cerca de 270 mil cruzeiros em salários atrasados.

Com o caminho devidamente livre para firmar compromisso com outras equipes, Miranda viveu uma boa fase com a camisa do Athletico Paranaense, para depois encerrar a carreira nas fileiras do União de Mogi das Cruzes (SP).

Mais conhecido no mundo do futebol como “Miranda”, Donizete Manuel Onofre nasceu na cidade de Presidente Prudente (SP), em 30 de maio de 1957.

Encaminhado por seu irmão Miranda, o Deoclécio Manoel Miranda, lateral que brilhou no Corinthians, Botafogo e Fluminense, o jovem Donizete começou sua caminhada nos quadros amadores do Guarani de Campinas.

No início de sua carreira no Guarani, Miranda foi aproveitado também pelo corredor direito, como lateral e até como ponteiro! Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 30 de janeiro de 1976.

Elenco do Guarani no Estádio Brinco de Ouro. Partindo da esquerda, em pé: O preparador Cidinho, Diede Lameiro, Davi, Gilberto, Nélson, Sídnei, Miranda, Caíca, Ziza, Ed, João Marcos e o supervisor Dorival dos Santos. Sentados: O massagista Manduca, Flamarion, André, Amaral, Marcos Paulo, Zenon, Renato, Odair, Deodoro, Amilton Rocha, Juti e Ednaldo. Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 30 de janeiro de 1976.

Por certo foi essa a origem do curioso apelido de “Miranda”, uma denominação que acompanhou Donizete ao longo de sua marcante trajetória pelos gramados.

Então, o nome Donizete foi rapidamente deixado de lado pelos companheiros e o apelido de Miranda ganhou força! No quadro juvenil do “Bugre”, Miranda era inicialmente aproveitado pelo lado direito, como lateral e até como ponteiro.

Suas primeiras oportunidades no elenco principal foram oferecidas na temporada de 1976, pelo então treinador Diede Lameiro. Abaixo, uma das participações de Miranda no campeonato paulista, ainda como lateral-direito:

4 de abril de 1976 – Campeonato paulista – Primeiro turno – Guarani 2×0 Portuguesa de Desportos – Estádio Brinco de Ouro da Princesa – Árbitro: Alfredo Gomes – Gols: Zenon (2) para o Guarani.

Guarani: Neneca; Mauro (Miranda), Amaral, Nelson e Deodoro; Flamarion e Davi; Flecha, Zenon, André (Antônio Carlos) e Ziza. Técnico: Diede Lameiro. Portuguesa de Desportos: Miguel; Cardoso, Mendes, Calegari e Santos; Badeco e Dicá; Xaxá (Antônio Carlos), Enéas, Adílton e Wilsinho (Feitosa). Técnico: Otto Glória.

Miranda viveu sua melhor fase com a camisa do Guarani de Campinas. Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.

Boa formação do Guarani, o vencedor do primeiro turno do certame paulista de 1976. Em pé: Miranda, Neneca, Amaral, Nélson, Deodoro e Flamarion. Agachados: Renato, Zenon, André, Davi e Ziza. Crédito: revista Placar.

Contudo, para o azar do promissor Miranda, o bom momento dos laterais Mauro e Odair, bem como dos atacantes Afrânio e Amilton Rocha foram determinantes para sua posterior utilização pelo corredor esquerdo.

Campeão do primeiro turno do certame paulista de 1976, Miranda foi ganhando representatividade no elenco, que naquele momento já contava com alguns jogadores que foram importantes na campanha do título nacional de 1978.

Em 1977, sob a orientação do técnico Paulo Emílio, Miranda fez suas primeiras apresentações como lateral-esquerdo, posição que foi efetivada na temporada de 1978 pelo técnico Carlos Alberto Silva.

No Guarani, Miranda viveu sua melhor fase na memorável campanha do título nacional de 1978, o que representou sua inclusão na eleição dos melhores da temporada pela revista Manchete Esportiva.

Faturou a Taça de Prata (Série B do brasileirão) de 1981 pelo Guarani e depois foi negociado com o Clube Atlético Mineiro (MG). No “Galo”, o lateral participou da conquista do campeonato mineiro de 1981, 1982 e 1983. Era um jogador muito querido no elenco, principalmente por seu costumeiro bom humor.

Lúcio e Miranda em mais um disputado Derby campineiro no Estádio Moisés Lucarelli. Crédito: revista Placar – 1 de fevereiro de 1980.

Jovens valores não faltam no Bugre! Partindo da esquerda; Capitão, Miranda, Careca e Édson Alves. Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 10 de abril de 1981.

A reportagem de Miranda como o “Rei do Riso” no Atlético Mineiro foi publicada na revista Placar em 6 de maio de 1983, um trabalho assinado pelo repórter Sérgio A. Carvalho.

Em 1984 Miranda jogou pelo Botafogo de Futebol e Regatas (RJ). Mas, o ano não foi bom para o time da “Estrela Solitária”, que apresentou uma campanha modesta, tanto no campeonato brasileiro como no campeonato carioca.

Abaixo, uma das participações de Miranda vestindo a camisa do Botafogo no campeonato carioca de 1984:

18 de novembro de 1984 – Campeonato carioca – Segundo turno – Botafogo 4×2 Fluminense – Estádio do Maracanã – Árbitro: Wilson Carlos dos Santos – Gols: Baltazar (2) e Helinho (2) para o Botafogo; Wa­shington (2) para o Fluminense.

Botafogo: Luís Carlos; Josimar (Miranda), Marinho, Brasília e Vág­ner; Ademir, Alemão e Berg; Helinho, Baltazar e Luisinho (Ataíde). Fluminense: Paulo Vítor; Leomir, Duílio, Viça e Branco; Jandir (Pintinho), Renê e Assis; Romerito, Washington e Tato (Paulinho).

No Atlético Mineiro, Miranda era conhecido como o Rei do Riso! Foto de Armênio Abascal. Crédito: revista Placar – 6 de maio de 1983.

O Botafogo pronto para mais um duelo contra o Vasco da Gama no Maracanã. Em pé: Marinho, Luís Carlos, Miranda, Alemão, Brasília e Demétrio. Agachados: Robertinho, Ataíde, Baltazar, Berg e Helinho. Foto de Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar.

Em seguida, Miranda acertou sua transferência para o Avaí Futebol Clube (SC), equipe que defendeu até 1988. Porém, a passagem pelo futebol catarinense foi cercada de contratempos, inclusive de ordem financeira.

Um tanto esquecido em Santa Catarina, Miranda achou melhor entrar em um acordo com os dirigentes do clube. Com salários atrasados, o jogador acabou por comprar o próprio passe.

Ainda com muita disposição para continuar, Miranda firmou compromisso com o Club Athletico Paranaense (PR), para depois encerrar a carreira nas fileiras do União Futebol Clube de Mogi das Cruzes (SP).

(*) Algumas fontes apontam ainda uma passagem pelo Fluminense de Feira Futebol Clube (BA) e até pela Portuguesa de Desportos (categorias de base), o que não foi possível comprovar nos trabalhos de pesquisa.

Conforme artigo publicado no site do Milton Neves, o sempre bem humorado Miranda reside atualmente no município de Contagem (MG).

A costumeira vitalidade no Athletico Paranaense! Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 5 de fevereiro de 1988.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Alfredo Gebrin, Armênio Abascal, José Pinto, Rodolpho Machado, Ronaldo Kotscho, Sérgio A. Carvalho e Sérgio Sade), revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, campeoesdofutebol.com.br, guaranifc.com.br, site do Milton Neves (por Marcelo Rozenberg e Marcos Júnior), Livro: A História do Campeonato Paulista – André Fontenelle e Valmir Storti – Publifolha, Livro: Guarani F.C. Breve História – Moisés Cunha – Editora Clube dos Autores, albumefigurinhas.no.comunidades.net.