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Que baita fôlego de maratonista tem esse rapazinho! Foi assim que o futebol solidário do incansável Baiaco foi descoberto em 1968, no município baiano de São Francisco do Conde.

Naquela época, os ávidos representantes do Esporte Clube Bahia não mediram esforços para contar com Baiaco em Salvador, mesmo diante de uma inesperada exigência do promissor meio-campista.

Baiaco disse que só firmaria com o Bahia caso o clube concordasse em levar também o centroavante Caetano, um amigo pessoal desde os tempos das peladas no campo da Prefeitura de São Francisco do Conde.

O Bahia relutou muito, mas aceitou o tal do centroavante Caetano, um atacante desajeitado e valente, que no início marcou alguns golzinhos, mas logo caiu no esquecimento. (Revista Placar número 195 – 7 de dezembro de 1973).

Mais conhecido como “Baiaco”, Edvaldo dos Santos nasceu no dia 7 de julho de 1949 em São Francisco do Conde (BA), município onde o ex-jogador reside atualmente. (*) Alguns registros apontam que Baiaco nasceu no bairro da Liberdade em Salvador (BA).

Baiaco marcou época em sua longa e produtiva passagem pelo Bahia. Crédito: revista Grandes Clubes Brasileiros.
Reconhecido por seu futebol aplicado, Baiaco sempre foi um sujeito humilde e cheio de histórias para contar! Foto de José Martins. Crédito: revista Placar número 195 – 7 de dezembro de 1973.

Ainda de acordo com o artigo da Revista Placar número 195, no começo de sua carreira como profissional Baiaco era representado pela mãe, dona Leodina, que sempre foi uma “pedra do sapato” para negociar com os dirigentes do Bahia.

Reservado até para conceder entrevistas, o jovem Baiaco retornou aos estudos disposto em terminar o curso primário, que na infância foi colocado de lado em razão do apego pela bola.

Morando confortavelmente no badalado bairro de Pituba, em Salvador, Baiaco esperava ansiosamente por uma folga para voltar ao aconchego de São Francisco do Conde, cidade de onde nunca ficou completamente ausente!

Entre tantos momentos marcantes, Baiaco participou da famosa partida contra o Santos no dia 16 de novembro de 1969, confronto válido pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

O jogo terminou em 1×1, com grande atuação de Baiaco, que inclusive marcou o tento do quadro baiano. Vale lembrar que o zagueiro Nildo, mais conhecido como “Birro Doido”, evitou em cima da linha o milésimo gol de Pelé.

Os negócios ficavam por conta da mãe e no Bahia ninguém ganhava mais do que ele! Foto de José Martins. Crédito: revista Placar número 195 – 7 de dezembro de 1973.
O “Esquadrão de Aço” no gramado da Fonte Nova. Em pé: Buttice, Odair, Onça, Mário, Baiaco e Paulo. Agachados: Natal, Amorin, Picolé, Eliseu e Gilson Porto. Crédito: revista Placar.

Abaixo, os registros do jogo que frustrou jornalistas e torcedores baianos, que esperavam comemorar o feito histórico do Rei Pelé no Estádio da Fonte Nova:

16 de novembro de 1969 – Torneio Roberto Gomes Pedrosa – Bahia 1×1 Santos – Estádio da Fonte Nova – Salvador (BA) – Árbitro: Arnaldo Cezar Coelho – Gols: Jair Bala para o Santos e Baiaco para o Bahia.

Santos: Agnaldo; Turcão, Ramos Delgado, Djalma Dias e Rildo; Clodoaldo e Lima (Joel Camargo); Manuel Maria, Edu, Pelé e Abel (Jair Bala). Técnico: Antoninho. Bahia: Jurandir; Mura, Adevaldo, Nildo e Paes; Amorim e Eliseu; Manézinho, Zé Eduardo (Sanfilippo), Carlinhos (Baiaco) e Artur. Tecnico: Fleitas Solich.

Pelo Esporte Clube Bahia, Baiaco conquistou o bicampeonato baiano de 1970 e 1971; e depois o heptacampeonato nas edições de 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978 e 1979.   

Das duas estrelas presentes no distintivo do Bahia (Taça Brasil, 1959 e Copa União 1988), Baiaco não estava presente. Ainda assim, o volante é lembrado como um dos grandes ídolos do Tricolor da Boa Terra.

No aconchego do lar uma certeza, Baiaco era um dos jogadores mais valorizados do elenco do Bahia. Foto de Antônio Andrade. Crédito: revista Placar número 376 – 8 de julho de 1977.
O Leônico lutou muito, mas o Bahia de Baiaco venceu por 1×0 na Fonte Nova. Jogo válido pelo campeonato Baiano de 1978. Foto de Antônio Andrade. Crédito: revista Placar número 442 – 13 de outubro de 1978.

Baiaco permaneceu nas fileiras do Bahia até 1980. Passou pelo Dom Bosco (MT) em 1980 e depois pela Associação Desportiva Leônico (BA), clube onde deixou o futebol em meados de 1981 para viver em São Francisco do Conde.

Fontes de pesquisa, sem comprovação suficiente, apontam que o médio-volante Baiaco também defendeu outras equipes; como o São Domingos (AL), o Catuense (BA) e o Ypiranga (BA).

A ligação de Baiaco com São Francisco do Conde é tão significativa que impediu uma vantajosa transferência para o Club de Regatas Vasco da Gama (RJ), como também emperrou o interesse do Guarani (SP) e da Ponte Preta (SP).

Especialmente no caso do Vasco, o clube carioca tentou contratar Baiaco em duas oportunidades, primeiro em 1973 e depois em 1978, com uma indicação insistente do treinador Orlando Fantoni.

O verdadeiro motivo da recusa em trocar de clube é o apego incondicional por São Francisco do Conde, que evidentemente, não poderia ser transportada de lugar para satisfazer o jogador!

O Leônico novamente no caminho, mas o Bahia venceu por 2×1 na Fonte Nova e conquistou o hexacampeonato baiano. Foto de Antônio Andrade. Crédito: revista Placar número 452 – 22 de dezembro de 1978.
Um quarteto de respeito do “Tricolor de Aço” na década de 1970. Partindo da esquerda; Douglas, Sapatão, Fito e Baiaco. Foto de Antônio Andrade. Crédito: revista Placar – 29 de dezembro de 1978.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Antônio Andrade, Carlos Catela, Carlos Libório, Fernando Escariz, José Martins, Sandro Moreyra e Teixeira Heizer), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, Jornal Tribuna da Bahia, campeoesdofutebol.com.br, esporteclubebahia.com.br (por Darino Sena), site do Milton Neves (por Rogério Micheletti), albumefigurinhas.no.comunidades.net.