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Na noite de 17 de novembro de 1966, em jogo válido pelas semifinais da Taça Brasil de 1966, o valente Náutico Capibaribe do técnico Duque surpreendeu o temido Santos de Pelé no Estádio do Pacaembu.

Em uma jornada inesquecível, o esquadrão pernambucano venceu o disputado confronto pelo placar de 5×3, com quatro gols marcados pelo jovem Bita, o suficiente para seu nome aparecer com uma maior regularidade na imprensa esportiva da época.     

A Revista do Esporte número 403 dedicou duas páginas ao artilheiro do Náutico. Apresentando um breve histórico da carreira do atacante, o artigo foi publicado com o seguinte título: “Sonho de Bita é jogar no Vasco ao lado do irmão”.

O referido irmão era o habilidoso José Rinaldo Tasso Lasalvia, mais conhecido como Nado, ponteiro-direito que na temporada de 1966 deixou o “Alvirrubro dos Aflitos” para defender o Club de Regatas Vasco da Gama (RJ).

Filho do italiano Tommaso Lasalvia e da pernambucana Alaíde Margarida Tasso Lasalvia, Sílvio Tasso Lasalvia – o famoso artilheiro “Bita” – nasceu em 11 de agosto de 1942, no bairro da Torre, em Recife (PE).

Os irmãos Nado e Bita, como protagonistas do período mais glorioso da história do Náutico Capibaribe. Crédito: revista do Esporte número 362 – 12 de fevereiro de 1966.
“O futebol já me ofereceu muito mais do que eu esperava”. Crédito: revista do Esporte número 369 – 2 de abril de 1966.

Criado ao lado de seis irmãos, Bita cursou o primário no Instituto Santa Isabel em Olinda (PE), para em seguida concluir o ensino fundamental no Ginásio Dom Vital, também em Olinda.

Mais tarde, Bita completou o curso *Científico como aluno da Escola Técnica do Comércio de Recife. (*) Até 1967, o ensino médio era dividido em três cadeiras: Científico, Normal e o Clássico.

Paralelamente ao esforço nos estudos, Bita passava grande parte de seu tempo jogando futebol nas costumeiras e alegres “peladas”, período em que conquistou fama na região onde morava.

Nos primeiros meses de 1958, o esfuziante Bita foi encaminhado aos quadros amadores do Náutico Capibaribe, onde foi promovido ao time juvenil em 1961 e, posteriormente, ao grupo de profissionais na temporada de 1962.

E num piscar de olhos, Bita deixou de ser apenas uma promessa e assinou o seu primeiro contrato. Conforme reportagem da Revista do Esporte número 403, os valores foram firmados em 120 mil cruzeiros de Luvas, com salário mensal de 20 mil cruzeiros.

“Sonho de Bita é jogar no Vasco da Gama ao lado do irmão”. Crédito: revista do Esporte número 403 – Novembro de 1966.
O consagrado Bita aparece ao lado do pequeno Elói em treino do Náutico. Crédito: nauticonet.com.br.

Bem adaptado ao elenco principal, Bita não demorou muito para provar do que era capaz. Com talento de sobra e uma desenvoltura notável, suas boas atuações lhe renderam os apelidos de “Garoto de Ouro” e “Homem do Rifle”.

(*) O Homem do Rifle foi um seriado de TV exibido entre 1958 e 1963. A trama apresenta um rancheiro justiceiro com um manejo incomparável de seu Rifle Winchester. No Brasil, o famoso seriado também ficou conhecido nas revistas em quadrinhos.

Como um dos principais protagonistas da “fase de ouro” do Náutico na década de 1960, Bita participou de campanhas memoráveis e conquistou muitos títulos pelo simpático “Timbu”:  

– Hexacampeão pernambucano em 1963, 1964, 1965, 1966, 1967 e 1968, tricampeão da Copa Norte em 1965, 1966 e 1967, campeão da Copa dos Campeões do Norte em 1966 e vice-campeão da Taça Brasil de 1967.

Os números de Bita pelo Náutico são representativos, porém conflitantes. Nos registros pesquisados, o atacante marcou entre 204 e 223 gols (maior artilheiro da história do clube). Da mesma forma, o número de partidas também oscila entre 295 e 319 jogos disputados.

O Náutico Capibaribe era uma equipe muito forte na década de 1960. Em pé: Gena, Joelson, Didica, Gílson, Mauro e Clóvis. Agachados: Nado, Bita, Nino, Ivan e Lalá. Crédito: revista do Esporte número 357.
Mais um esquadrão do Náutico Capibaribe. Bita é o segundo agachado partindo da esquerda. O atacante também aparece em destaque na foto pequena. Fotos de Arlindo Marinho. Crédito: revista Placar número 1320 – Julho de 2008.

Bita foi o artilheiro do campeonato pernambucano de 1964 (24 gols), 1965 (22 gols) e 1966 (20 gols). Na disputa da Taça Brasil foi o artilheiro da competição em duas edições, com 9 gols marcados em 1965 e 10 gols em 1966 ao lado de Toninho Guerreiro do Santos.

Vivendo uma grande fase, embora muito castigado por contusões, em 1967 Bita passou rapidamente pelas fileiras do Nacional do Uruguai, para depois voltar ao mesmo Náutico. O martírio das contusões não dava trégua e o destino do atacante foi desenhado fora do “Alvirrubro dos Aflitos”.

Algumas fontes apontam que a transferência para o rival Santa Cruz aconteceu imediatamente em 1969, enquanto outros registros revelam uma longa batalha no Departamento Médico do Náutico, antes de sua transferência definitiva para o time do Arruda.    

Campeão pernambucano pelo Santa Cruz em 1970, 1971 e 1972, mesmo ano em que recebeu o Prêmio Belfort Duarte de disciplina, Bita deixou os gramados com lesões nos joelhos.  

De acordo com o site Terceiro Tempo (Seção “Que Fim Levou”) do jornalista Milton Neves, Sílvio Tasso Lasalvia faleceu no dia 27 de outubro de 1992, em Recife (PE).

O maior artilheiro da história do Náutico Capibaribe, Bita foi um dos escolhidos para fazer parte da matéria “Os craques do Século” – parte V. Crédito: revista Placar número 1155 – Setembro de 1999.
Artilheiro e ídolo do Náutico Capibaribe, o nome de Bita foi lembrado na série “Os craques do Século” – parte V. Crédito: revista Placar número 1155 – Setembro de 1999.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arlindo Marinho, Carlos Henrique Amoedo e Lenivaldo Aragão), revista do Esporte, revista O Cruzeiro, blogs.diariodepernambuco.com.br (por Cassio Zirpoli), campeoesdofutebol.com.br, globoesporte.globo.com, nauticonet.com.br (por Roberto Vieira), site do Milton Neves (com participação de Napoleão de Almeida), Livro: Clube Náutico Capibaribe – Ídolos para sempre – Carlos Henrique Meneses.

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