No dia 18 de dezembro de 1960, o América finalmente exorcizou seus velhos fantasmas. Tristes lembranças de quando deixou escapar o título para o Vasco da Gama em 1950 e para o Flamengo, nas edições de 1954 e 1955.
Entre os guerreiros da inesquecível batalha contra o Fluminense, no Maracanã, destacamos o ponteiro-esquerdo Nilo, um atacante habilidoso com facilidade para finalizar, ou ainda servir os companheiros com sua habitual maestria.
Abaixo, os registros do confronto que decidiu o campeonato carioca de 1960 em favor do América, uma equipe bem entrosada sob orientação do então jovem treinador Jorge Vieira:
18 de dezembro de 1960 – Campeonato carioca – América 2×1 Fluminense – Estádio do Maracanã (RJ) – Árbitro: Wilson Lopes de Souza – Gols: Pinheiro para o Fluminense aos 26′ do primeiro tempo; Nilo aos 49′ e Jorge aos 78′ do segundo tempo para o América.
América: Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. Técnico: Jorge Vieira. Fluminense: Castilho; Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmílson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Waldo, Telê e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.


Nilo Alves da Cunha nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 23 de janeiro de 1932. Conforme publicado no Jornal A Noite, de 28 de dezembro de 1960, Nilo despontou para o futebol nas fileiras do Barreirinha de Paquetá.
Em meados de 1951, Nilo foi bem recomendado aos quadros amadores do Clube de Regatas do Flamengo, onde permaneceu até o início de 1953, quando foi transferido para o Bonsucesso Futebol Clube.
Nilo ganhou especial notoriedade em 1955, na equipe comandada por Sylvio Pirillo. Com uma grande campanha, o Bonsucesso superou o Botafogo na classificação final ficando na sexta colocação do campeonato carioca.
Com o passar do tempo, o promissor ponteiro-esquerdo entrou na mira dos grandes clubes do Rio de Janeiro, que esperavam engabelar os diretores do Bonsucesso com ofertas bem abaixo do esperado.
Finalmente, no segundo semestre de 1959, Nilo foi negociado com o America Football Club (RJ), fato que podemos considerar como um verdadeiro “divisor de águas” em sua rica caminhada no palco da bola.


Depois da memorável conquista do título carioca de 1960, Nilo percebeu que o tempo estava passando rápido. Era preciso firmar um bom contrato, um valor merecido que pudesse representar uma certa tranquilidade financeira.
Vivendo o apogeu de sua carreira, Nilo passou por um grande dilema. Continuar jogando pelo América ganhando pouco ou assumir os riscos de ficar estacionado esperando por uma boa proposta?
Assim, o ponteiro-esquerdo apresentou suas condições aos representantes do América. Nilo queria 500 mil cruzeiros na mão para comprar uma casa e 40 mil cruzeiros de salário mensal, o dobro do que recebia no contrato ainda vigente.
Como contraproposta, o América ofereceu 300 mil cruzeiros e 30 mil de salário mensal, o que prontamente foi negado pelo jogador. Estabelecido o impasse, Nilo parecia temer pela sua continuidade no clube.
Diante das dificuldades no entendimento com os dirigentes, Nilo surpreendeu imprensa e torcedores ao afirmar que pensava em abandonar o futebol caso suas condições não fossem aceitas!


A bombástica revelação foi divulgada na mesma matéria do Jornal A Noite, de 28 de dezembro de 1960. Ainda, no complemento da referida reportagem, o forte interesse do Vasco da Gama, que supostamente já contava com Nilo em São Januário.
Mas, Nilo continuou firme no América até o findar da temporada de 1962. Seu próximo destino foi o Palmeiras, que na mesma transação também fechou negócio com o badalado zagueiro Djalma Dias.
Campeão paulista de 1963, Nilo defendeu o Palmeiras até 1964. Ao todo foram 50 compromissos; com 33 vitórias, 13 empates, 4 derrotas e 16 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Ainda em 1964, de forma discreta, Nilo voltou ao mesmo América (RJ). Em 1965 jogou pela Ferroviária de Araraquara (SP) e depois pelo América (MG) entre 1965 e 1967, o seu último clube. (*) Algumas fontes apontam também uma passagem pelo Democrata de Governador Valadares (MG).
Ao deixar os gramados definitivamente, Nilo trabalhou como funcionário do Departamento de Tráfego do Jornal do Brasil. Seu falecimento ocorreu no dia 20 de dezembro de 2006, no município de Nilópolis (RJ).


Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por José Trajano e Maria Helena Araújo), revista do Esporte (por Denis Menezes), revista Esporte Ilustrado (por Ênio Perillo e Sérgio Lopes), revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal A Noite, Jornal dos Sports, agenciaoglobo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, fanaticospelocesso.blogspot.com, ferroviariaemcampo.blogspot.com, gazetaesportiva.com, palmeiras.com.br, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, albumefigurinhas.no.comunidades.net.