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Club de Fútbol Monterrey do México, Dario Alegria, Jurandir Dario Gouveia Damasceno, Paracatu (MG)
Filho de Luís Gouveia Damasceno e Rita Pereira Damasceno, Jurandir Dario Gouveia Damasceno, o Dario Alegria, nasceu no dia 5 de março de 1944, na cidade mineira de Paracatu (MG).
Criado no bairro Santana, o pequeno Jurandir assistia o irmão Francisco brilhar na ponta-esquerda do alvirrubro local, o Santana Esporte Clube, agremiação onde o mesmo Jurandir começou como lateral-direito aos dez anos de idade.
Mas, como o avançar da idade costuma caminhar ao lado da responsabilidade, ao completar quatorze anos de vida, Jurandir perdeu o pai e precisou trabalhar para ajudar nas despesas da casa.
Assim, em 1958, o mineirinho de Paracatu apareceu com roupas surradas nas obras da nova capital da República. Trabalhando como Auxiliar de Carpinteiro, Jurandir recebia 16 cruzeiros por hora, o suficiente para mandar um dinheirinho para dona Rita cuidar dos irmãos!
Conforme publicado pela revista do Esporte número 339, de 4 de setembro de 1965, ao tomar conhecimento que os operários que jogavam futebol teriam o direito de receber duas horas pagas para treinar, Jurandir logo tratou de firmar-se como ponteiro-direito em uma das várias equipes de “Candangos”.

Pouco tempo depois, Jurandir deixou de ser um Auxiliar e arrumou emprego como Carpinteiro na Cia Construtora Rabelo, bem como um lugar garantido no time da empresa, época em que ouviu pela primeira vez o apelido de “Dario Alegria”.
Em 1959 foi lembrado para servir o selecionado de Brasília, o que representou uma grande visibilidade ao enfrentar equipes de ponta como o Fluminense e o Santos, além de encarar o selecionado de Goiânia, na ocasião treinado pelo ex-zagueiro Augusto da Costa (Copa do Mundo 1950).
Encantado com o futebol de Dario Alegria, Augusto da Costa não perdeu tempo e encaminhou o jovem para treinar no Vasco da Gama (RJ). Aprovado para jogar no juvenil do Cruzmaltino em 1961, o salário de 5 mil cruzeiros descortinou um novo horizonte na vida do mineirinho!
Observado pelo técnico Biju do América Mineiro, Dario Alegria foi surpreendido com uma proposta para ganhar 15 mil por mês para defender o “Coelho”. Diante da oferta, Dario procurou os dirigentes do Vasco, que prontamente negaram qualquer equiparação para manter o jogador no clube.
Decepcionado, Dario Alegria simplesmente abandonou o Vasco e rumou para Belo Horizonte. A aventura custou uma suspensão de seis meses na CBD (Confederação Brasileira de Desportos), pois existia em vigor um contrato de amador com o clube carioca.


Todavia, o América (MG) não deixou Dario Alegria desamparado e pagou o salário acertado durante os seis meses de suspensão. Depois do castigo, o atacante batalhou muito para reencontrar o seu espaço.
Dedicado, o nome de Dario Alegria finalmente foi relacionado para compor o elenco principal em 1963. Convocado para o selecionado de Minas Gerais, o contrato com o América (MG) foi renovado e com o passar do tempo chegou na casa dos 150 mil cruzeiros mensais.
Pretendido pela Portuguesa e pelo Santos, Dario continuou no América (MG) até o segundo semestre de 1965, quando representantes da Sociedade Esportiva Palmeiras jogaram na mesa o montante de 35 milhões de cruzeiros, uma quantia e tanto para contar com o futebol de Dario Alegria!
Com 3 milhões de luvas e um salário mensal de 200 mil cruzeiros, o atacante foi apresentado no Parque Antártica. Feliz, o jogador poderia agora oferecer aos familiares um padrão de vida inimaginável na época em que deixou Paracatu para trabalhar em Brasília.
Um de seus momentos marcantes no Palmeiras aconteceu no dia 7 de setembro de 1965, quanto o Palmeiras representou o Brasil e derrotou o Uruguai no Mineirão por 3×0; com gols de Rinaldo (pênalti), Tupãnzinho e Germano. Dario Alegria entrou no decorrer da partida no lugar de Rinaldo.


Dario Alegria, também conhecido como “Leopardo das Alterosas”, conquistou títulos importantes pelo alviverde: Torneio Rio-São Paulo de 1965, Campeonato Paulista de 1966 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) de 1967.
Ao deixar o Palmeiras, Dario Alegria atuou pelo Club de Fútbol Monterrey do México em 1968. Em seguida voltou ao Brasil para jogar pelo Fluminense (RJ) entre 1968 e 1969 e depois pelo Flamengo (RJ) em 1970.
De volta ao mesmo América (MG) em 1971, Dario Alegria conquistou o título mineiro de 1971. Na sequência passou pela Associação Atlética Caldense (MG), Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto (SP), CEUB Esporte Clube de Brasília (DF), Villa Nova Atlético Clube (MG) e o Olaria Atlético Clube (RJ).
Sobre sua tão discutida transferência para o Clube de Regatas do Flamengo em 1970, uma reportagem especial foi oferecida aos leitores na revista do Esporte número 578, edição de 11 de setembro de 1970.
O texto, assinado pelo jornalista Otton Corrêa, descreve os pormenores das passagens pelo Monterrey e pelo Fluminense, antes de ser anunciado na Gávea como o novo reforço do Flamengo do técnico Yustrich:


– “No Monterrey, o clube ficava no Nordeste mexicano e não jogava muitas partidas durante o ano. Fiquei preocupado com o número baixo de jogos, o que prejudicava em muito o valor das premiações. Então pedi para sair”.
– “Quando cheguei no Fluminense fui deslocado para jogar como ponteiro-direito em razão da contratação do Ademar Pantera, o que causou um mal-estar danado com o Cafuringa”.
– “O técnico Yustrich não foi muito favorável quando ficou sabendo do interesse do Flamengo pelo meu passe. Cheguei na Gávea com o objetivo de provar que poderia brigar por uma posição na linha de ataque”.
Jurandir Dario Gouveia Damasceno, o Dario Alegria, faleceu na noite do dia 9 de outubro de 2021, em Paracatu (MG) em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
De acordo com o site Terceiro Tempo (Seção Que Fim Levou) do jornalista Milton Neves, Dario Alegria era presidente do Instituto de Defesa da Cultura Negra Afro-descendente “Fala Negra”, atuante em sua cidade natal.


Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão, Jorge Martins, Lemyr Martins e Márcio Varela), revista do Esporte (por Luís Oliveira, Rivaldo Gomes e Otton Corrêa), revista Futebol e Outros Esportes, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, acervodocoelho.com.br, campeoesdofutebol.com.br, palmeiras.com.br, site do Milton Neves, albumefigurinhas.no.comunidades.net.