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“carrasco de invencibilidades”, Banco do Estado de Santa Catarina, Renato Luís de Sá Filho, Tubarão (SC)

Também lembrado como “o carrasco das invencibilidades”, o meio-campista e ponteiro-esquerdo Renato Sá foi o algoz das séries invictas do Botafogo e do Flamengo, ambos apresentando uma marca significativa de 52 partidas sem perder.
Mais conhecido no mundo da bola como “Renato Sá”, Renato Luís de Sá Filho nasceu no dia 15 de junho de 1955 em Tubarão (SC), o mesmo berço do inesquecível craque Zenon de Souza Farias.
Filho do ex-jogador Renato, um ponta-direita que brilhou no futebol catarinense e paranaense, o desenvolto Renatinho contava com dezesseis anos de idade quando mudou para Florianópolis para continuar os estudos.
Morando em uma pensão e trabalhando no Banco do Estado de Santa Catarina como escriturário, Renatinho ganhava fama rapidamente nas quadras de futebol de salão. (Revista Placar número 576 – 29 de maio de 1981).
Nos últimos dias de janeiro de 1976, Renatinho estava de “molho” após sofrer uma pancada na cabeça jogando futebol de salão, seu esporte preferido antes de brilhar nos campos do Brasil.


O mocinho, ainda em estado convalescente, só não esperava topar novamente com o engravatado e teimoso José Matusalém Comelli, o presidente do Conselho Deliberativo do Avaí Futebol Clube (SC).
Determinado em levar Renatinho para o Avaí, uma empreitada que já durava desde 1973, o astuto Matusalém tirou da “manga” um carrinho zero quilômetro, um mimo escolhido com cuidado em sua agência de automóveis.
Vencido pela determinação de Matusalém, o tal Renatinho finalmente cruzou os portões do antigo Estádio Adolfo Konder, onde um choque de realidade se fez presente quase que imediatamente.
Conforme matéria assinada pelo jornalista Mário Medáglia (Revista Placar), o jovem catarinense foi apresentado aos membros da comissão técnica e depois foi procurar material esportivo para treinar.
De acordo com o relato oferecido pelo ex-dirigente Tertuliano Brito, Renatinho não conseguiu esconder sua decepção ao encontrar um vestiário pequeno e abafado, com chuteiras e meias rasgadas por todo canto!


Com o passar do tempo, Renatinho logo foi transformado em “Renato Sá” pelos locutores esportivos de Florianópolis. Aproveitado no time principal pelo técnico Emílson Peçanha, seu futebol foi crescendo consideravelmente.
Contudo, o trauma da lembrança do vestiário abafado continuou atormentando o jogador, que treinava com seu próprio material esportivo e fazia questão de tomar banho em casa! (Revista Placar número 397 – 2 de dezembro de 1977).
Em março de 1978, Renato Sá foi transferido para o Grêmio Porto Alegrense, uma indicação do técnico Telê Santana, empolgado com o jogador desde a derrota do Grêmio para o Avaí por 2×1 pelo “Brasileirão” de 1977.
Não demorou muito para o canhoto catarinense receber uma boa oportunidade entre os titulares, graças principalmente ao desentendimento entre Éder Aleixo e Telê Santana em razão do regime de concentração.
Também utilizado no meio de campo, Renato Sá escreveu seu primeiro capítulo como “carrasco de invencibilidades”. Foi no dia 20 de julho de 1978, em partida pelo campeonato brasileiro contra o invicto Botafogo no Maracanã.


O quadro gaúcho venceu pela contagem de 3×0, com dois gols marcados por Renato Sá. Assim, chegava ao fim uma incrível invencibilidade de 52 partidas do time da “Estrela Solitária”.
Renato Sá ainda participou do início da campanha do título gaúcho de 1979, antes de ser emprestado pelo Grêmio ao Botafogo de Futebol e Regatas (RJ). E foi pelo “Glorioso” o segundo capítulo como “carrasco de invencibilidades”.
Naquela oportunidade, o Flamengo de Zico estava com 52 partidas invictas e pronto para estabelecer um novo recorde de invencibilidade, um feito que superaria o próprio Botafogo!
Em jornada inspirada do goleiro Borrachinha, Renato Sá marcou o único gol do jogo aos nove minutos da primeira etapa, partida realizada no dia 3 de junho de 1979, no Maracanã.
Tudo corria bem para Renato Sá no Rio de Janeiro, até uma exaustiva disputa entre os dirigentes por desacordos contratuais, uma pendenga que se arrastou durante meses e acabou parando nos tribunais.


Então, o catarinense deixou o Botafogo e regressou para o Grêmio, onde ficou impossibilitado de entrar em campo e tampouco recebia o salário. Com tudo resolvido, Renato Sá participou da conquista do título brasileiro de 1981.
Na continuidade da temporada, Renato Sá voltou ao Rio de Janeiro para jogar no Vasco da Gama. O clube carioca desembolsou 20 milhões de cruzeiros, muito dinheiro comparado ao pouco tempo em que o jogador permaneceu no clube.
Também um tanto apagada foi sua passagem pelo Atlético Mineiro entre 1982 e 1983, o que representou o seu retorno ao Sul para defender o Club Athletico Paranaense (PR).
Pelo “Furacão”, Renato Sá reencontrou o bom futebol e conquistou os títulos paranaenses de 1983 e 1985. Foi um período maduro e produtivo, sempre lembrado com carinho pelos torcedores do Athletico Paranaense.
“Dos gramados para o glamour das colunas sociais”, Renato Sá casou-se com Fernanda Bornhausen, filha do político Jorge Bornhausen. Passou pelo extinto Esporte Clube Pinheiros (PR) em 1985 e parou de jogar futebol em 1987, no mesmo Athletico Paranaense.


Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Divino Fonseca, Emanoel Mattos, Hideki Takizawa, Ignácio Ferreira, JB Scalco, Mário Medáglia, Nico Esteves, Orestes Araújo, Orlando Kissner e Roberto José da Silva), revista Manchete Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal O Globo, Jornal Zero Hora, botafogo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, gremiopedia.com, site do Milton Neves (por Marcos Júnior Micheletti), albumefigurinhas.no.comunidades.net.