Tags
Campeão carioca de 1960, campeão paulista de 1979, campeão Taça Cidade de São Paulo de 1977, Jorge Silva Vieira, técnico Jorge Vieira
Competente e vencedor, Jorge Vieira conquistou títulos importantes em quase todos os clubes que trabalhou.
Jorge Silva Vieira nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 18 de julho de 1934. Filho de um próspero industrial, que nunca considerou proveitoso o gosto do filho pelo futebol, Jorge Vieira cresceu cercado por livros no Colégio Militar.
Depois de passar pelo futebol varzeano, Jorge Vieira foi levado aos quadros amadores do Madureira pelo pai de Evaristo de Macedo, que na época fazia parte do corpo diretivo do clube.
Naqueles tempos, quase todo garoto queria ser atacante e Jorge Vieira encontrou relativa facilidade ao afirmar que jogava como lateral-direito.
Passou rapidamente pelo Vasco da Gama e retornou ao mesmo Madureira. Lateral-direito vigoroso, Jorge Vieira não aceitava o fato de disputar um campeonato inteiro sabendo que não seria campeão.

Crédito: revista do Esporte número 98 – 21 de janeiro de 1961.

Sucesso no Bahia. Crédito: revista Grandes Clubes Brasileiros.
Continuou no Madureira, mesmo sem contar com o apoio familiar. Assinar contrato nem pensar. Jorge Vieira sempre detestou vínculos de qualquer espécie!
Até que um dia não recebeu o uniforme para treinar. Perguntou o motivo ao roupeiro, que quase calado, não ofereceu respostas convincentes. Então imaginou que seria dispensado.
No gabinete do presidente do Madureira, Jorge Vieira foi surpreendido com um convite para treinar o time até que outro treinador fosse contratado.
Formado em Educação Física e estudante de Direito, Jorge Vieira era um rapaz culto e dono de uma personalidade forte!
Depois da rápida e proveitosa experiência no Madureira, Jorge Vieira trabalhou por um curto período no Fluminense, até a chegada de Zezé Moreira.

Jorge Vieira no Coritiba. Foto de Amilton Vieira. Crédito: revista Placar – 13 de fevereiro de 1976.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 6 de maio de 1977.
Zezé Moreira o desejou boa sorte, sem imaginar que brevemente teria Jorge Vieira como um terrível adversário no certame carioca de 1960.
No América, para variar, não assinou contrato e os mais íntimos o chamavam de “Jorge Palavra Vieira”. Com um trabalho bem dirigido, o jovem treinador faturou o título carioca de 1960.
Abaixo, os registros do confronto que decidiu o campeonato carioca de 1960, talvez o maior feito de sua carreira como treinador:
18 de dezembro de 1960 – Campeonato carioca segundo turno – América 2×1 Fluminense – Estádio do Maracanã – Árbitro: Wilson Lopes de Souza – Gols: Pinheiro aos 26’ do primeiro tempo; Nilo aos 49′ e Jorge aos 78′ do segundo tempo.
América: Ari; Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. Técnico: Jorge Vieira. Fluminense: Castilho; Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmílson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Waldo, Telê Santana e Escurinho. Técnico: Zezé Moreira.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 26 de agosto de 1977.

Jorge Vieira e Marinho Peres no Parque Antártica. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 28 de outubro de 1977.
Levou o título carioca e colheu os louros, mas não ficou no América. Passou pelo Olaria, onde lançou o técnico Duque e o lateral Murilo, que mais tarde fez muito sucesso jogando pelo Flamengo.
Do Olaria foi para o Vasco e posteriormente trabalhou no futebol português, no comando do Belenenses. Na volta ao Brasil orientou o Galícia (BA) na campanha do título de 1968.
Poucas rodadas antes do término do campeonato baiano, Jorge Vieira deixou seu lugar para Enaldo Rodrigues. Para cumprir o empenho da palavra com os portugueses, Jorge Vieira firmou compromisso com o Vitória de Guimarães.
Depois da passagem pelo Vitória de Guimarães, Jorge Vieira permaneceu por algum tempo na Europa em busca de especialização. No retorno ao Brasil dirigiu o Sport Recife para em seguida treinar o Bahia.
– “Nunca dependi diretamente do futebol. O padrão financeiro de minha família me oferecia total independência. Para mim é fácil ir embora quando quero”.

Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 23 de junho de 1978.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 4 de maio de 1979.
Campeão no Bahia e no Vitória, Jorge Vieira deixou o cenário nordestino e acertou suas bases com o América (MG). Passou também pela Ponte Preta (SP) e pelo Coritiba (PR).
Mas foi no Botafogo de Ribeirão Preto que Jorge Vieira ocupou o noticiário paulista como um grande estrategista. Arrojado, o treinador carioca conquistou o título da Taça Cidade de São Paulo de 1977, o equivalente ao primeiro turno do campeonato paulista.
Permaneceu em Ribeirão Preto por um bom tempo e para isso negou um convite do Internacional de Porto Alegre. Ainda em 1977 assumiu o Palmeiras pela primeira vez, equipe que treinou novamente em 1981.
Em entrevista na revista Placar de 23 de junho de 1978, Jorge Vieira afirmou que o Palmeiras foi um dos poucos clubes onde foi preciso assinar um compromisso:
– “Só assinei um papel aqui no Palmeiras por ser norma do clube. Nunca gostei de assinar contratos. Não quero permanecer no cargo amparado em documentos”.

Jorge Vieira e sua costumeira “medalhinha”. Crédito: revista Placar – 15 de fevereiro de 1980.

Um grande trabalho no Corinthians. Crédito: revista Placar.
Campeão paulista pelo Corinthians em 1979 e 1983, Jorge Vieira sofreu com cálculos renais e com algumas particularidades da tal “Democracia”, o que o fez sair do Parque São Jorge em 1984.
O treinador ainda voltou Corinthians entre os anos de 1986 e 1987, sem o mesmo brilho de jornadas anteriores!
Em 1985 aceitou trabalhar no selecionado do Iraque. Como sempre fazia, Jorge Vieira beijou sua “medalhinha” e realizou um grande feito ao classificar o país de Saddam Hussein para o mundial de 1986, no México.
Jorge Vieira também orientou o Atlético Mineiro (MG), América (RJ), Bangu (RJ), Araçatuba (SP), Portuguesa de Desportos (SP); além de passagens pelo futebol mexicano e pelo selecionado de El Salvador na década de 1990.
Em 2007 exerceu sua última função como diretor técnico do América. Jorge Vieira faleceu vitimado por um infarto em 24 de julho de 2012, no Hospital Prontocor, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Problemas de saúde o incomodaram no Corinthians. Foto de Nico Esteves. Crédito: revista Placar – 16 de março de 1984.

Crédito: revista Placar – 15 de junho de 1984.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Amilton Vieira, Aristélio Andrade, Dagomir Marquezi, João Areosa, José Maria de Aquino, José Pinto, Marco Aurélio Borba, Manoel Motta, Maurício Cardoso, Nico Esteves, Paulino Senra, Roberto José da Silva, Ronaldo Kotscho e Sérgio Martins), revista do Esporte, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal O Globo, campeoesdofutebol.com.br, corinthians.com.br, coritiba.com.br, esportes.estadao.com.br, gazetadopovo.com.br, palmeiras.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti).