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Batizadas como “Arenas”, uma nova geração de estádios brasileiros oferece acomodações confortáveis e funcionais para torcedores, profissionais de imprensa e todos os que trabalham na realização do grande espetáculo da bola.

Os antigos e compridos bancos de reservas, antes quase sempre localizados atrás das balizas, não existem mais.

Confeccionados em madeira e sustentados por enormes suportes de ferro, os bancos de reservas dos anos dourados do futebol eram desconfortáveis e desprotegidos das condições climáticas.

E Raul Marcel, assim como o personagem interpretado por Tom Hanks no filme “Forrest Gump”, passou boa parte de sua trajetória sentado em toscos bancos de reservas, enquanto montava sua história e corria atrás de seus sonhos.

Nascido em 6 de fevereiro de 1948, o campineiro Raul Marcel Barreto chegou na Sociedade Esportiva Palmeiras para jogar Futebol de Salão em 1963.

Suingue e o goleiro Raul Marcel. Crédito: revista do Esporte número 376 – 21 de maio de 1966.

América e Santos em São José do Rio Preto. Partindo da esquerda; Raul Marcel, Douglas e John Paul. Crédito: america-sp.com.br.

Depois de passar por várias categorias, Raul Marcel encontrou o sucesso nos gramados em 1966.

Campeão brasileiro pela seleção paulista juvenil e vice-campeão Sul-Americano pela Seleção Brasileira, Raul Marcel também foi campeão do Torneio Pré-Olímpico de 1968, mesmo ano em que disputou os jogos da Olimpíada no México.

Tudo parecia muito promissor para o ano de 1969, quando o primeiro contrato profissional finalmente saiu da gaveta do presidente Delfino Facchina.

Em seguida, o empréstimo para outra agremiação foi um estágio percebido e necessário.

Para quem sonhava em ser o titular da meta do “Alviverde Imponente”, disputar o campeonato paulista pelo América de São José do Rio Preto era uma grande oportunidade para semear o futuro.

Calouros na Universidade. Partindo da esquerda; Fedato, Dé, Raul Marcel e Leão. Foto de Lemyr Martins. Crédito: revista Placar – 2 de abril de 1971.

Formação do Palmeiras em 1973 no gramado do Morumbi. Em pé: Eurico, João Carlos, Raul Marcel, Luís Pereira, Alfredo e Zeca. Agachados: Edu, Leivinha, César, Ademir da Guia e Pio. Crédito: gazetaesportiva.net.

Ainda em 1969, Raul Marcel também jogou pelo Esporte Clube Noroeste de Bauru e no ano seguinte voltou ao Palmeiras.

Mais experiente, o jovem goleiro estava agora preparado para buscar seu lugar ao sol, mesmo que para isso tivesse que disputar o lugar com Emerson Leão.

Depois do vice campeonato paulista de 1971 e da conquista de praticamente “tudo” no ano mágico de 1972, Raul Marcel finalmente foi lembrado.

Considerada até hoje como a “Temporada Perfeita”, o ano de 1972 foi realmente marcante para o Palmeiras: Campeão paulista invicto, campeão brasileiro, campeão do Torneio de Mar Del Plata, campeão do Torneio Governador Laudo Natel e finalmente, a posse da Taça dos Invictos.

Essa bendita oportunidade apareceu em razão das seguidas convocações de Emerson Leão para o selecionado canarinho, que se preparava para os compromissos da Taça Independência em 1972.

Crédito: revista Placar – 6 de julho de 1973.

Foto de Lemyr Martins. Crédito: revista Placar.

Com Leão de volta, restava o costumeiro e inerte lugar no banco de reservas. Ao lado dos companheiros e do técnico Brandão, Raul Marcel vivia com o agasalho fechado, chuteiras desamarradas e luvas dobradas debaixo das pernas.

Mesmo assim era preciso treinar muito. Afinal, oportunidades não costumam avisar quando vão aparecer.

Conforme publicado no Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Raul Marcel disputou 55 jogos pelo alviverde entre os anos de 1970 e 1974. Foram 22 vitórias, 27 empates, 6 derrotas e 42 gols sofridos.

O ano de 1974 ofereceu novas esperanças no distante território pernambucano. Raul Marcel estava confiante no Santa Cruz, que buscava o hexacampeonato.

Todavia, o clima de confiança foi vencido por dois gols de Lima nas duas partidas decisivas contra o Náutico Capibaribe; respectivamente por 1×0 tanto no Arruda como nos Aflitos.

Foto de Armando Filho. Crédito: revista Placar – 18 de outubro de 1974.

Acusado de “gaveteiro” e responsabilizado diretamente pelo fracasso diante do Náutico, Raul Marcel aceitou o convite do Windsor Star do Canadá em 1976.

No mesmo ano retornou ao Brasil para defender a Portuguesa Santista até 1978, quando deixou definitivamente os gramados. Em 1980 iniciou sua carreira de treinador na Associação dos Treinadores de Futebol de São Paulo.

Também deixou sua contribuição em diversas Associações Esportivas Amadoras até 1982. Entre 1983 e 1987 trabalhou na Secretaria dos Desportos, Recreação e Turismo da Prefeitura do Município de Osasco (SP).

Longe das atividades esportivas e com 127 quilos, uma diferença de quase 50 quilos do tempo em que jogou futebol, Raul Marcel foi sócio-proprietário de uma empresa de moldes plásticos.

Raul Marcel Barreto faleceu em 30 de novembro de 2011, na cidade de Montes Claros (MG), após sofrer um Aneurisma Cerebral. Alguns registros apontam seu falecimento em 30 de março de 2011. 

Jogando pelo Santa Cruz, Raul Marcel não consegue evitar o gol decisivo do Náutico. Crédito: revista Placar.

Fotos de Sílvio Porto. Crédito: revista Placar – 1 de abril de 1988.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Armando Filho, Carlos Maranhão, Édson Rossi, Lemyr Martins, Michel Laurence, Narciso James e Sílvio Porto), revista do Esporte, revista Manchete, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal da Tarde, america-sp.com.br, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, palmeiras.com.br, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.