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Fluminense A.C de Niterói, Paulista Futebol Clube de Jundiaí (SP), Sebastião dos Santos, Tião Macalé
Devotos de São Sebastião, o casal Hilário dos Santos e dona Zélia dos Santos sempre apregoaram uma enorme gratidão ao santo, tanto que prometeram batizar o próximo filho como Sebastião.
Foi assim que na bela manhã de domingo de 23 de agosto de 1936, o mundo recebeu o menino Sebastião dos Santos, nascido e criado no bairro de Santa Rosa, Zona Sul do município de Niterói (RJ).
Funcionário de uma pequena fábrica de vidros localizada em São Gonçalo (RJ), seu Hilário não ganhava o suficiente para manter esposa e cinco filhos. Vida difícil, o pequeno Sebastião cresceu no mundo imaginário do futebol jogando com bolas de meia.
Conforme reportagem da Revista do Esporte número 15, edição de 20 de junho de 1959, o rapazola Sebastião (conhecido mais tarde como “Tião Macalé”) começou sua caminhada esportiva aos quatorze anos de idade no Santa Cruz, um time amador da região.
Depois da mudança da família para o bairro de Fonseca, Zona Norte de Niterói, Tião Macalé foi aprovado no juvenil do São Januário F.C, onde jogava como centroavante por insistência do treinador Zé Pequeno, embora sua preferência fosse jogar como meia-esquerda.
Em seguida, Tião Macalé foi bem encaminhado ao juvenil do Fluminense A.C de Niterói, equipe que projetou seu nome para defender o selecionado niteroiense no disputado campeonato do estado do Rio.
Ainda de acordo com o artigo publicado na Revista do Esporte número 15, Tião Macalé foi surpreendido quando o amigo Chiquinho o apresentou para um tal de Roberto, na época integrante do Departamento Amador da Associação Atlética Portuguesa (RJ).
Assim, no findar de 1955, o promissor Tião Macalé entrou pelos portões da simpática Portuguesa. Disputou com destaque o campeonato juvenil na edição de 1956, quando marcou dez gols na competição.
No ano seguinte foi promovido ao time de Aspirantes pelo treinador Denoni Pereira. Chamado inicialmente pelos companheiros como Tião I, em razão da existência de outro Tião no plantel da Portuguesa, Macalé assinou seu primeiro “contrato de gaveta” para receber 3 mil Cruzeiros mensais.
Na temporada de 1957, o técnico Cláudio Magalhães utilizou Tião Macalé no elenco principal em algumas oportunidades. Mas, sua grande chance de firmar-se como titular apareceu no ano seguinte, sob o comando do técnico Lourival Lorenzi.
Com o bom rendimento da Portuguesa durante o certame carioca, o Santos manifestou forte interesse por dois jogadores: Lua e Tião Macalé. Todavia, os dirigentes da Portuguesa estipularam o valor dos direitos em 1,5 milhão de Cruzeiros, o que esfriou o interesse do time da Vila Belmiro.
Na sequência, o Flamengo também entrou na parada pelo passe de Tião Macalé oferecendo de pronto 800 mil Cruzeiros, uma proposta que pouco evoluiu e logo foi lançada no esquecimento.
Abaixo, uma das participações de Tião Macalé na disputa do campeonato carioca de 1958, quando o time de Lourival Lorenzi sucumbiu diante do poderoso Vasco da Gama, o campeão carioca daquela temporada:
7 de setembro de 1958 – Campeonato carioca – Primeiro turno – Vasco da Gama 3×1 Portuguesa – Estádio do Maracanã (RJ) – Árbitro: José Gomes Sobrinho – Gols: Pinga (2) e Écio para o Vasco da Gama; Sandoval para a Portuguesa.
Vasco da Gama: Barbosa; Paulinho, Bellini e Coronel; Écio e Orlando; Sabará, Rubens, Delém, Wilson Moreira e Pinga. Técnico: Gradim. Portuguesa (RJ): Antoninho; Juvaldo e Flodoaldo; Miraldo, Russo e Tião II; Sandoval, Lua, Sabará, Tião I e Barbosinha. Técnico: Lourival Lorenzi.
Continuando na pesquisa do artigo publicado na Revista do Esporte número 15, o nome de Tião Macalé só voltou com força ao mercado da bola depois do empate por 2×2 contra o Botafogo, jogo amistoso disputado nas Laranjeiras no início de 1959.
E mesmo diante de uma rápida investida do Fluminense, os “cartolas” do Botafogo trabalharam rápido para contar com o lépido Tião Macalé, certamente ancorados nas observações favoráveis de João Saldanha e pela iminente saída de Didi para o Real Madrid.
Com um contrato fixado em dois anos e um salário mensal de 24 mil Cruzeiros, Tião Macalé chegou ao “Glorioso” carregando uma carreta de responsabilidade nas costas. Afinal, substituir Didi não era uma tarefa para qualquer um!
Contudo, com o passar do tempo, ficou evidente que Macalé não era Didi. Conforme reportagem da Revista do Esporte número 104, de 4 de março de 1961, Tião Macalé se apequenou, talvez assustado pelas vaias e protestos quase contínuos da exigente torcida do Botafogo.
Para piorar, João Saldanha deixou o Botafogo e Tião Macalé, mesmo contando com o apoio do técnico Paulo Amaral, acabou rebaixado para o quadro de Aspirantes ainda em 1959.
Sem perspectivas concretas no Botafogo, Tião Macalé foi negociado com o Guarani Futebol Clube de Campinas em fevereiro de 1962, uma transferência importante na recuperação da autoconfiança. (Fonte: Revista do Esporte número 214 – 13 de abril de 1963).
Jogando pelo Guarani, Tião Macalé reencontrou seu bom futebol, inclusive com seu nome lembrado para servir o escrete canarinho na disputa do Campeonato Sul-Americano de 1963.
Continuou no quadro campineiro até 1966, quando por empréstimo foi jogar pela Associação Ferroviária de Esportes de Araraquara (SP), onde conquistou o importante título do campeonato paulista da Segunda Divisão.
Voltou ao mesmo Guarani em 1967, lá permanecendo até o início de 1969, quando novamente foi emprestado para defender o Paulista Futebol Clube de Jundiaí (SP).
Depois, em 1970, o Guarani negociou seu passe em definitivo com o União Bandeirante (PR), seu último clube. (*) Algumas fontes apontam uma rápida passagem em 1970 pela Caldense (MG). Tião Macalé faleceu em Niterói (RJ), no dia 27 de novembro de 1981.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão e Sandro Moreyra), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Denis Menezes e Jurandir Costa), revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, aaportuguesario.com.br, botafogo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, jogosdoguarani.com (por por José Ricardo Lenzi Mariolani), mundobotafogo.blogspot.com (por José Ricardo Caldas e Almeida), site do Milton Neves.