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Aloísio Francisco de Almeida, bairro de Piedade, Torneio Octogonal de Verão do Uruguai 1961, torneio Rio-São Paulo de 1961
Zagueiro campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1961 pelo Flamengo, Aloísio Francisco de Almeida nasceu no dia 15 de março de 1938, no bairro de Piedade, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
Família humilde e numerosa, o pai trabalhava como Sapateiro para bancar o sustento da casa, enquanto o pequenino Aloísio tentava em vão conciliar os estudos com o encantamento pelo mundo colorido do futebol.
Torcedor do Fluminense na infância, o apelido “Bolero” surgiu nas peladas do Conjunto Habitacional IAPI do bairro da Penha (Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro), também endereço do jovem Aloísio, um apreciador declarado do ritmo musical Bolero.
Aos dezesseis anos de idade, Bolero foi encaminhado pelo amigo Luís Cidrini ao Infanto Juvenil do Olaria Atlético Clube (RJ), oportunidade em que foi aprovado pelo treinador Joaninha para jogar inicialmente como lateral-direito.
Exatamente um ano mais tarde, em 1955, o mesmo treinador Joaninha o levou aos quadros amadores do Clube de Regatas do Flamengo, onde Bolero assinou o chamado “Contrato de Gaveta”, para receber 800 Cruzeiros mensais.
Na temporada seguinte, o entusiasmado Bolero foi promovido ao time de Aspirantes do Flamengo, inclusive com um aumento salarial na casa de 2.500 Cruzeiros mensais, o que representava uma vida nova de possibilidades!
Conforme publicado na Revista do Esporte número 21, de 1 de agosto de 1959, sua primeira partida no time principal aconteceu contra o Olaria pelo returno do certame carioca de 1958. Bolero foi escalado como zagueiro no lugar de Milton Copolillo:
26 de outubro de 1958 – Campeonato Carioca – Segundo Turno – Olaria 1×4 Flamengo – Estádio da Rua Bariri – Árbitro: Wilson Lopes de Souza – Gols: Chiquinho para o Olaria; Babá, Dida, Luís Carlos e Moacir para o Flamengo – Expulsão: Aluísio II.
Olaria: Félix, Pinheiro e Jorge; Rico, Olavo e Aluísio II; Chiquinho, Wilson, Luís, Bob e Xavier. Flamengo: Fernando, Bolero e Milton Copolillo, Santana, Dequinha e Jordan; Luís Carlos, Moacir, Henrique, Dida e Babá.
Com o retorno de Pavão (Marcos Cortez) ao time titular, Bolero voltou para o banco de reservas, uma condição que foi mantida no final da temporada de 1958 e depois em 1959, quando eventualmente era aproveitado.
Ainda de acordo com o artigo da Revista do Esporte número 21, Bolero revelou aos leitores que tentaria firmar-se como titular na zaga do Flamengo, pois caso contrário tentaria viver como Marceneiro, profissão que aprendeu na Fábrica de Móveis Sueiro ao lado do cunhado.
Outra possibilidade apresentada pelo jogador foi divulgada na Revista do Esporte número 68, edição de 25 de junho de 1960, onde afirmou o seu intuito de aceitar um convite de seu tio Júlio para trabalhar em um armazém em Santos (SP).
Todavia, Bolero ressurgiu na conquista do Torneio Rio-São Paulo de 1961. Com o comando do treinador Fleitas Solich, o Flamengo superou todos os prognósticos negativos no início da competição, principalmente depois da goleada sofrida diante do Santos em casa pela contagem de 7×1.
Com o término do vínculo contratual no dia 30 de junho de 1962, no mesmo dia do início do campeonato carioca, tanto Bolero como os dirigentes do Flamengo manifestaram o pronto interesse para uma renovação de compromisso.
De acordo com reportagem publicada na Revista do Esporte número 200, edição de 5 de janeiro de 1963, Bolero apresentou sua proposta inicial de 400 mil Cruzeiros de Luvas e salário de 50 mil Cruzeiros mensais por um ano de contrato.
Por outro lado, o Flamengo ofereceu 200 mil Cruzeiros de Luvas e salário de 40 mil cruzeiros mensais por um ano de contrato. Tamanha diferença gerou um impasse financeiro desgastante de dois meses de “queda de braço”.
Finalmente, no início do mês de setembro de 1962, o acordo finalmente foi estabelecido sem muitas alterações, com 200 mil Cruzeiros de Luvas e salário de 60 mil Cruzeiros mensais durante um ano.
O entendimento só foi possível diante de uma promessa dos dirigentes, que como contrapartida prometeram aumentar o salário de Bolero caso ele recuperasse sua condição de titular.
Mas, um pouco antes, no mês de março de 1962, o Flamengo foi buscar junto ao Grêmio Atlético Farroupilha de Pelotas (RS) o zagueiro Luís Carlos Fernandes Freitas, que custou aos cofres do Rubro-Negro o montante de 6 milhões de Cruzeiros.
E o gaúcho Luís Carlos não demorou muito para ocupar seu espaço na Gávea, principalmente na preferência do técnico Flávio Costa, uma nova realidade que dificultou o objetivo de Bolero para ser o titular.
Dessa forma, Bolero batalhava muito nos treinamentos sonhando com novas oportunidades, uma rotina angustiante e somente amenizada pelo clima de camaradagem sempre presente no regime de concentração.
(*) Na época, com o propósito de concentrar o elenco, o Flamengo utilizava uma casa localizada na Estrada da Gávea número 151, um confortável imóvel que oferecia departamento médico, refeitório, salão de jogos e 52 quartos individuais.
Vida que segue, o cenário carioca passou pelo domínio do Botafogo, antes do Flamengo voltar ao protagonismo regional em 1963, com Bolero praticamente esquecido no banco de suplentes.
Bolero permaneceu nas fileiras do Flamengo até o findar do primeiro semestre de 1964, com 143 jogos disputados. Conquistou também o Torneio Octogonal de Verão do Uruguai e o Troféu Magalhães Pinto, ambos em 1961.
Em seguida, continuou sua carreira no Jabaquara Atlético Clube (SP). Algumas fontes apontam também uma passagem pelo Esporte Clube Renascença (MG). Não foram encontrados registros sobre Bolero depois que deixou o futebol.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arlindo Marinho e Getúlio Oliva), revista do Esporte (por Denis Menezes, Jurandir Costa e Waldemir Paiva), Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, flamengo.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti e Gustavo Grohmann).