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Adílson Ferreira da Cunha, bairro de Engenho de Dentro, campeonato paulista de 1962, excursão do Canto do Rio em 1961, Ferreirinha
– “Se eu quisesse estaria jogando na Europa. Mas, para não ficar longe de meus pais, não pensei duas vezes para recusar propostas do Standard de Liège da Bélgica e da Fiorentina da Itália”.
O certo é que pouco depois da prolongada excursão do valente Canto do Rio aos gramados da Europa em 1961, o talentoso Ferreirinha foi anunciado como o novo reforço do plantel corinthiano!
Filho único de Odilon Ferreira da Cunha e Ieda da Silva Cunha, Adílson Ferreira da Cunha (o popular Ferreirinha), nasceu no dia 16 de março de 1940 no bairro de Engenho de Dentro, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Meia-armador de origem, Ferreirinha começou em 1957 nos quadros amadores do Fluminense (RJ). Em 1959 foi defender o Canto do Rio Foot-Ball Club de Niterói (RJ), clube onde firmou o seu primeiro contrato para receber 12 mil Cruzeiros mensais.
Em grande fase, Ferreirinha conquistou o reconhecimento da imprensa esportiva na disputa do campeonato carioca de 1960, o que representou um forte interesse dos representantes do América (RJ) e do Flamengo.
(*) Nesse período, nas súmulas das partidas do Canto do Rio, Ferreirinha era relacionado como “Ferreira”, não sendo possível especificar o momento em que foi adotado o apelido de Ferreirinha.
Abaixo, uma das participações de Ferreirinha na disputa do primeiro turno do campeonato carioca de 1960, com uma boa vitória sobre o São Cristovão:
27 de julho de 1960 – Campeonato carioca – Primeiro Turno – Canto do Rio 3×1 São Cristóvão – Estádio Caio Martins em Niterói (RJ) – Árbitro: Wilson Lopes de Sousa – Gols: Célio, Fernando e Zequinha para o Canto do Rio; Russo para o São Cristovão.
Canto do Rio: Franz, Luciano, Osvaldo e Floriano; Mário e Nézio; Ferreira, Célio, Zequinha, Fernando e Bira. Técnico: Afonsinho. São Cristovão: Pichau; Jaime, Renato e Moacir; Ângelo e Medeiros; Wilson, Celso, Geraldo, Russo e Olivar. Técnico: Newton Anet.
Diante do impasse nas negociações com o América (RJ) e com o Flamengo, o Corinthians aproveitou e entrou na jogada, como já tinha feito anteriormente com Adílson, Beirute, Espanhol e Manoelzinho, todos indicados pelo técnico Martim Francisco e todos oriundos do Flamengo.
Conforme publicado na Revista do Esporte número 137, edição do dia 21 de outubro de 1961, o Corinthians “bateu o martelo” para contar com mais três bons valores do cenário carioca.
Com contratos acertados até março de 1962, o Corinthians investiu 600 mil cruzeiros ao Canto do Rio pelo empréstimo do goleiro Ari Jório, do zagueiro Luciano e do meia-armador Ferreirinha, ambos com salários fixados em 30 mil cruzeiros por mês.
Recém-casado e residindo na Avenida Celso Garcia, Ferreirinha superou bem o período de adaptação e apresentou um bom rendimento na temporada de 1962. Foi bem no Torneio Rio-São Paulo e no campeonato paulista de 1962, bem como na conquista da primeira Taça São Paulo.
Contudo, o ano de 1963 não foi bom. Vivendo um momento de instabilidade emocional em razão do estado de saúde de sua mãe, Ferreirinha entrou em declínio técnico, o que provavelmente gerou um desentendimento com o treinador Fleitas Solich.
Os pormenores desse mal-estar com Fleitas Solich foram divulgados em uma entrevista especial publicada nas páginas da Revista do Esporte número 237, edição de 21 de setembro de 1963.
Chamado de mentiroso por Fleitas Solich ao pedir dispensa dos treinos para visitar sua mãe, Ferreirinha abandonou o clube e foi para junto dos familiares no Rio de Janeiro. Dias depois, uma carta com esclarecimentos do jogador foi enviada ao presidente do Corinthians.
Disposto em não voltar para São Paulo, Ferreirinha manteve o preparo físico treinando no Botafogo e no Flamengo, o que despertou o interesse de alguns dirigentes cariocas. Todavia, o Corinthians pediu alto e qualquer possibilidade de negócio foi afastada.
Sabendo que Rato (José Castelli) substituiu Fleitas Solich no comando do alvinegro, os entendimentos para o retorno de Ferreirinha ficaram mais fáceis, inclusive com a renovação de seu contrato nas bases de 1 milhão de Cruzeiros de luvas e salário mensal de 60 mil Cruzeiros.
Enquanto defendeu o Corinthians, Ferreirinha jogou em outras posições, mais efetivamente como ponteiro-esquerdo, quando colaborava em esquemas de jogo preparados para ajudar no setor de meia-cancha.
Mas, conforme divulgado na Revista do Esporte número 276, edição de 20 de junho de 1964, o passar do tempo foi ponto determinante para evidenciar o descontentamento de Ferreirinha com o futebol paulista, fato que pode ter precipitado sua saída do Corinthians.
(*) Assim como já descrevemos em outras postagens publicadas em “Tardes de Pacaembu”, os efeitos da diferença do futebol praticado na época entre Rio e São Paulo fez mais uma vítima carioca.
Ainda que, depois de terminar o seu vínculo contratual com o Corinthians, Ferreirinha curiosamente tenha continuado no cenário paulista, embora afirmasse ser do seu interesse o pronto retorno ao Rio de Janeiro.
Ferreirinha permaneceu no elenco do Corinthians até o findar de 1964, quando foi emprestado e depois negociado em definitivo com o Botafogo Futebol Clube da cidade de Ribeirão Preto (SP), equipe que defendeu até 1966.
Posteriormente passou pelo Clube Atlético Juventus (SP) entre 1967 e 1971, para depois jogar pela Associação Atlética Ponte Preta da cidade de Campinas (SP) entre 1971 e 1972, sua última equipe como jogador profissional.
(*) Não foram encontrados registros devidamente confirmados sobre Ferreirinha fora do mundo da bola. Atualmente, o ex-jogador conta com 83 anos de idade e provavelmente reside no Rio de Janeiro (RJ).
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada (por Gavino Virdes e T. Miyasaka), revista do Esporte (por Denis Menezes), revista Futebol e Outros Esportes, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, Livro: A História do Campeonato Paulista – André Fontenelle e Valmir Storti – Publifolha, albumefigurinhas.no.comunidades.net.