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Getúlio Santos da Silva, técnico argentino Adolpho Milman, Torneio Início do campeonato carioca de 1954, Torneio Rio-São Paulo 1959
Se dependesse apenas do histórico familiar, o esforçado Getúlio seria mais um respeitado funcionário público, mas seu futuro foi irremediavelmente tragado pelos encantos do mundo da bola!
Sempre ostentando um bem cuidado bigode fininho, Getúlio não foi muito feliz no cenário carioca, em parte justificado pela quantidade de boas opções no sistema defensivo do Fluminense na primeira metade da década de 1950.
Getúlio Santos da Silva nasceu no dia 7 de julho de 1931, no Rio de Janeiro (RJ). Sua vida esportiva foi iniciada no ano de 1949, nas equipes de base do Madureira Esporte Clube (RJ).
Na temporada seguinte, Getúlio foi transferido para os quadros amadores do Fluminense Football Club (RJ), onde posteriormente foi aproveitado no quadro de Aspirantes jogando como lateral (direito e esquerdo) e também como zagueiro.
Nesse período de sua árdua caminhada, Getúlio faturou inúmeros títulos, especialmente na categoria de Aspirantes, um diferencial que o credenciava na busca de um lugar na equipe principal.


Assim, durante muito tempo, Getúlio esperou por uma oportunidade entre os titulares, sendo que o máximo alcançado foi ser escalado em algumas partidas, como na conquista do Torneio Início do campeonato carioca de 1954.
(*) Torneio Início é um modelo de competição de “tiro curto” realizada em um único dia e mesmo local. Normalmente, os recursos oriundos de bilheteria são destinados para instituições beneficentes.
O tempo de jogo é abreviado e no caso de empate o número de escanteios pode definir o vencedor. Costuma ser uma espécie de apresentação dos times antes do começo de um campeonato.
15 de agosto de 1954 – Torneio Início do Campeonato Carioca – Estádio do Maracanã (RJ) – Flamengo 0x1 Fluminense – Árbitro: Alberto da Gama Malcher – Gol: Valdo aos 27’ do primeiro tempo. Obs: A partida foi disputada em dois tempos de 30 minutos.
Flamengo: Garcia; Tomires e Pavão; Servílio, Jadir e Jordan; Joel, Rubens, Índio, Evaristo e Zagallo. Fluminense: Adalberto; Getúlio e Pinheiro; Jair, Edmílson e Bigode; Milton, Didi, Valdo, Robson e Esquerdinha.


Cansado de batalhar por um lugar ao sol, Getúlio decidiu deixar o Fluminense em 1955, depois de uma indisposição com o técnico argentino Adolpho Milman, mais conhecido como Russo.
Em seguida passou muito bem pelo Jabaquara Atlético Clube (SP), até ser contratado pelo Santos Futebol Clube em 1957, uma transação que devolveu ao jogador uma atmosfera de grande esperança!
Como não precisou trocar de cidade, o desafio de defender o Santos foi muito bem recebido pela esposa de Getúlio, Dona Ivone, que apreciava o mesmo clima marítimo existente no Rio de Janeiro.
Pelo Santos, Getúlio cresceu muito de produção, o que representou sua convocação para o selecionado paulista em várias oportunidades. Ao todo foram 296 partidas disputadas com 2 gols marcados pelo “Peixe” (Fonte: acervosantosfc.com).
Conquistou o campeonato paulista nas edições de 1958, 1960 e 1961, Torneio Rio-São Paulo 1959, Taça Brasil de 1961 e Copa Libertadores da América de 1962, além de vários torneios internacionais.


Conforme reportagem assinada pelo jornalista Otton Corrêa na Revista do Esporte número 127, edição de 12 de agosto de 1961, Getúlio passou por momentos desafiadores na temporada de 1961.
– “Eu estava sofrendo bastante com os efeitos das Varizes e meu rendimento estava caindo… Fiquei mais de duas horas na mesa de cirurgia, mas acredito que o resultado será compensador”.
Operado de Varizes pelos médicos Milton Azevedo e Ítalo Consentino, o zagueiro recuperou-se bem e recebeu novas oportunidades entre os titulares, mesmo após rumores de que seria dispensado da Vila Belmiro.
Com seu contrato vencendo no mês de outubro de 1961, Getúlio foi procurado por representantes da Ponte Preta e do Jabaquara. Entretanto o zagueiro carioca decidiu cumprir o restante de seu contrato com o Santos.
Contando com 30 anos de idade e praticamente vivendo o crepúsculo de sua carreira, o experiente Getúlio não esperava mais pelo interesse de outro clube em seu futebol.


Todavia, no segundo semestre de 1962, Fioti e Getúlio foram emprestados ao Esporte Clube Noroeste da cidade de Bauru (SP), que na oportunidade precisava reforçar o elenco para disputar o campeonato paulista. (Fonte: Revista do Esporte número 178 – 4 de agosto de 1962).
Abaixo, uma das participações de Fioti e Getúlio defendendo o Noroeste de Bauru, quando o time da casa foi superado pelo Tricolor do Morumbi pela contagem de 2×1:
12 de agosto de 1962 – Campeonato Paulista de 1962 – Primeiro Turno –
Estádio Ubaldo de Medeiros, em Bauru (SP) – Noroeste 1×2 São Paulo – Árbitro: Romualdo Arppi Filho – Gols: Baiano (2) para o São Paulo; Zé Carlos para o Noroeste.
Noroeste: Navarro; Miguel, Getúlio e Bassu: Fioti e Gaspar; Hélio, Batista, Zé Carlos, Leal e Bececê. São Paulo: Suly; De Sordi, Bellini e Riberto; Roberto Dias e Jurandir; Faustino, Prado, Baiano, Benê e Canhoteiro.
Getúlio Santos da Silva faleceu no dia 15 de setembro de 2008, no Rio de Janeiro (RJ). O ex-zagueiro que sofreu por dois anos com o Mal de Alzheimer, acabou vitimado por falência múltipla dos órgãos em decorrência de uma Hepatite.


Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão, Carlos Queiroz e José Maria de Aquino), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Anselmo Domingos, Jurandir Costa, Nélson Santos e Otton Corrêa), revista Manchete Esportiva (por Carlos Lima, José Carlos Stabel e Ronaldo Bôscoli), Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal Mundo Esportivo (por Antônio Guzman), acervosantosfc.com (por Gabriel Santana), campeoesdofutebol.com.br, fluminense.com.br, site do Milton Neves, albumefigurinhas.no.comunidades.net.