Ainda hoje, nas rodas de prosa em Araraquara, o nome de Rosan aparece com especial destaque. Suas grandes atuações foram determinantes na consolidação do memorável período da Ferroviária, entre o findar da década de 1950 e os grandes feitos na década de 1960.
Assim como Baiano, Bazzani, Benny, Dudu, Ernesto Lance, Faustino, Nei (Elias Ferreira Sobrinho) e outros craques ao longo do tempo, o nome de Rosan faz parte dos grandes vultos da história da Ferroviária de Araraquara!
Rosan foi um goleiro realmente extraordinário e só não brilhou mais em razão da qualificada concorrência que encontrou. Falamos de nomes de peso; como Gylmar dos Santos Neves, José Poy, Manga (Santos) Valdir Joaquim de Moraes e tantos outros guardiões de enorme valor.
Filho de Floriano Rosan e de dona Julieta Rosan, Florisvaldo Rosan nasceu no município de Nova Aliança (SP), em 1º de dezembro de 1937. Torcedor do Palmeiras e fã de Oberdan Cattani, o menino cresceu ajudando o pai no armazém da família.
O início de sua caminhada aconteceu no futebol amador, onde ganhou destaque como um promissor guarda-metas. Em 1955 foi contratado pelo Rio Preto Esporte Clube (SP), lá permanecendo até o findar de 1956, momento em que despertou o interesse dos dirigentes da Ferroviária de Araraquara (SP).
Dessa forma, em 1957, o jovenzinho de Nova Aliança firmou o seu primeiro compromisso na Fonte Luminosa. Inicialmente como suplente do goleiro Fia (Waldomiro Barboza de Oliveira), Rosan viveu um período de muito aprendizado e expectativa.
Devagar e sempre, Rosan foi conquistando a condição de titular e disputou um bom campeonato paulista em 1958 (11º lugar na tábua final de classificação), inclusive participando da grande vitória frente ao poderoso Santos por 2×1 em Araraquara, pelo returno da competição:
9 de novembro de 1958 – Campeonato paulista – Segundo turno – Ferroviária 2×1 Santos – Estádio da Fonte Luminosa – Araraquara (SP) – Árbitro: Esteban Marino (Uruguai) – Gols: Antoninho e Baiano para a Ferroviária; Hélio para o Santos.
Ferroviária: Rosan; Porunga, Elcias e Cardarelli; Dirceu e Rodrigues; Nivaldo, Gomes, Bazzani, Antoninho e Valter. Técnico José Guillermo Agnelli. Santos: Manga; Ramiro e Dalmo; Getúlio, Fioti e Zito; Hélio, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Conforme reportagem da Revista Manchete Esportiva número 164, o bom desempenho da Ferroviária em 1958 proporcionou a valorização de alguns jogadores do elenco, como foi o caso de Rosan, pretendido por vários clubes do eixo Rio-São Paulo.
Contudo, os dirigentes do clube de Araraquara estipularam o valor de 3 milhões de Cruzeiros pelos diretos do goleiro, um montante considerável que esfriou os ânimos de muitos interessados!
Dirigido pelo técnico argentino José Guillermo Agnelli, o quadro da Ferroviária continuou firme em seu processo evolutivo, com resultados surpreendentes no certame paulista de 1959, quando terminou em 3º lugar na classificação final.
Ao término da competição, os editores da Revista do Esporte escolheram os melhores do campeonato paulista de 1959, com o goleiro Rosan, como o único interiorano entre os “cobras” dos grandes clubes.
O ano de 1960 chegou carregado de novidades para o goleiro Rosan. Em sua última temporada na Ferroviária, o quadro de Araraquara conquistou um honroso 6º lugar no campeonato paulista, com vitórias marcantes diante dos grandes da capital.
No findar da temporada, enquanto os dirigentes de Ferroviária e Palmeiras discutiam os pormenores da transferência de Rosan para o Parque Antártica, o goleiro afeano também era notícia com seu casamento, realizado no dia 19 de dezembro.
O matrimônio entre Rosan e Maria Helena Luppi aconteceu na Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Nova Aliança (SP). Os detalhes do acontecimento foram publicados nas páginas da Revista do Esporte número 116, edição de 27 de maio de 1961.
Além dos valores envolvidos na transação para trazer Rosan para o Palmeiras, o alviverde disponibilizou para o time de Araraquara três jogadores como parte do negócio; o lateral-direito Ismael Mafra e os atacantes Jurandir e Parada. (Fonte: Revista do Esporte número 272 – 23 de maio de 1964).
De casa nova, Rosan sabia que teria um enorme desafio pela frente. Afinal, Valdir Joaquim de Moraes era o titular absoluto da meta do Palmeiras. Abaixo, uma das participações de Rosan contra o Sport Boys do Peru, quando o alviverde venceu pelo placar de 5×1:
22 de fevereiro de 1961 – Amistoso internacional – Estádio Nacional de Lima (Peru) – Sport Boys (Peru) 1×5 Palmeiras – Árbitro: Alberto Tejada (Peru) – Gols: Cáceres para o Sport Boys; Geraldo José (2) e Humberto Tozzi (3) para o Palmeiras.
Sport Boys: Cárpena; Calenzani, Bolívar, Boluarte e González; Andrade e Herrera (Barrera); Briceño, Cáceres, Galeano e Facuse. Técnico: Marcos Calderón. Palmeiras: Rosan; Jorge, Valdemar Carabina, Aldemar (Clóvis) e Geraldo Scotto; Zequinha (Perinho) e Chinesinho; Julinho, Geraldo José, Humberto Tozzi e Abílio (Nardo). Técnico: Armando Renganeschi.
Pelo Palmeiras, entre 1961 e 1962, Rosan disputou ao todo 37 partidas; com 25 vitórias, 4 empates, 8 derrotas e 47 gols sofridos. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Na sequência da carreira, pela ordem cronológica, Rosan passou rapidamente pelo Santos (SP) em 1962, Prudentina (SP) entre 1962 e 1964, Comercial (SP) de 1964 até 1967, América (RJ) de 1967 até 1969, Apucarana (PR) em 1970 e União Bandeirante (PR) entre 1970 e 1972, seu último clube.
Importante registrar que Rosan fez muito sucesso defendendo o Comercial de Ribeirão Preto (SP) e depois no União Bandeirante (PR), onde foi vice-campeão paranaense na edição de 1971.
De acordo com o site Terceiro Tempo (Seção Que Fim Levou) do jornalista Milton Neves, depois do futebol Rosan foi empresário no segmento de materiais para construção. Era proprietário da Cerâmica Nossa Senhora Aparecida, localizada na cidade de Avanhandava (SP).
Florisvaldo Rosan faleceu no dia 23 de março de 2015, em Nova Aliança (SP). Aos 77 anos de idade, o ex-goleiro sofria de câncer no intestino, moléstia diagnosticada em setembro de 2014.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Ari Borges e Marcelo Duarte), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Jurandir Costa e Milton Salles), revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, acervosantista.com.br, campeoesdofutebol.com.br, ferroviariaemcampo.blogspot.com (por Paulo Luís Micali e Vicente Henrique Baroffaldi), palmeiras.com.br, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, albumefigurinhas.no.comunidades.net.