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Atlético Júnior de Barranquilla, campeão paulista de 1959, José Romeiro Cardoso, o Sputnik Brasileiro
O escritor Antônio Carlos Meninéia publicou uma biografia de Romeiro em 2004, com o sugestivo título de “Romeiro – O Sputnik Brasileiro”.
A obra descreve, inclusive, quando os soviéticos surpreenderam o mundo lançando ao espaço o primeiro satélite artificial, que foi batizado com o nome de Sputnik.
Concebido para estudar o lançamento de cargas úteis para o espaço, o Sputnik serviu também para avaliar propriedades da superfície terrestre na preparação da primeira missão espacial tripulada.
Mais tarde, em 1960, um surpreendente “Sputnik Esmeraldino” estufou o barbante defendido pelo goleiro Laércio e decretou o triunfo do Palmeiras na decisão do Super-Campeonato Paulista de 1959 no Pacaembu.
José Romeiro Cardoso (ao contrário do que costumeiramente é publicado, não existe o “Neto” no registro de seu nome) nasceu em Taboas (RJ), no dia 3 de julho de 1933.
Iniciou sua carreira profissional jogando pelo América do Rio de Janeiro em 1952. Ao lado de Canário, Leônidas, Alarcon e Ferreira, Romeiro formou uma das linhas ofensivas mais famosas do futebol carioca na década de 1950.
Foi nesse período que o América montou um time que infernizou muita gente, principalmente o Flamengo: Pompéia, Rubens e Édson; Ivan, Osvaldinho e Hélio; Canário, Romeiro, Leônidas, Alarcon e Ferreira.
O América vendeu muito caro aos rapazes da Gávea os campeonatos de 1954 e principalmente o de 1955. O treinador Fleitas Solich aprendeu duramente que não bastava apenas marcar o habilidoso Alarcon e esquecer Canário e Romeiro livres.
Vice-campeão carioca nas temporadas de 1954 e 1955, seu ótimo desempenho com o uniforme alvirrubro o levou ao escrete no ano de 1956, durante disputa da Taça Oswaldo Cruz.
Atuando pela meia-direita, no comando de ataque ou ainda pela ponta-esquerda, Romeiro fazia sucesso com sua agilidade e também pela qualidade de seus arremates nas bolas paradas.
Antes do término da temporada de 1958 seu passe foi negociado com a Sociedade Esportiva Palmeiras.
Sua primeira participação em gramados paulistas aconteceu em 21 de dezembro no amistoso contra o Botafogo Futebol Clube de Ribeirão Preto, com vitória do Palmeiras por 3×0.
Em 1959 o Palmeiras não comemorava um título estadual desde o distante ano de 1950. Na primeira metade da década o título ficou bem perto, o que não aconteceu nos anos seguintes.
Em 1951, 1953, 1954, o quadro esmeraldino ficou na segunda colocação deixando o título escapar para os rivais Corinthians e São Paulo.
O jejum já incomodava dirigentes e torcedores. Ao lado de Julinho Botelho, Américo, Chinesinho, Nardo e Géo, Romeiro disputou um excelente campeonato.
Ao término do certame, Palmeiras e Santos ficaram empatados na classificação. O regulamento determinou então a realização de duas partidas.
A taça ficaria com o primeiro time que chegasse aos quatro pontos (na época, a vitória representava apenas dois pontos).
Com empates em 1×1 e 2×2 foi preciso uma partida “extra” para decidir quem levaria o caneco. Nesse confronto final o primeiro tempo novamente terminou equilibrado, com Pelé marcando logo aos 13 minutos e Julinho Botelho empatando aos 41.
Na segunda etapa, logo aos 2 minutos, o Palmeiras chegou ao gol de desempate. Em cobrança de falta Romeiro disparou seu “Sputnik” deixando o goleiro Laércio praticamente imobilizado.
Romeiro também foi importante na conquista da Taça Brasil de 1960. O ex-goleiro Valdir Joaquim de Moraes definiu Romeiro como um dos maiores batedores de falta da história.
Pelo Palmeiras Romeiro atuou em 114 jogos obtendo 70 vitórias, 22 empates, 22 derrotas e 62 gols marcados. Os números fazem parte do Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Romeiro deixou o Parque Antártica em 1962 ao ser negociado com o futebol colombiano. Atuando pelo Milionários foi bicampeão nacional em 1963 e 1964. Em seguida teve rápida passagem pelo Deportivo de Cali.
Ao regressar ao futebol brasileiro Romeiro jogou pelo Santa Cruz e novamente retornou ao futebol colombiano para defender o Atlético Junior de Barranquilla.
Depois de pendurar suas chuteiras, Romeiro trabalhou como treinador no simpático Nacional Atlético Clube.
Freqüentador assíduo do Palestra Itália, tornou-se sócio do Palmeiras e também trabalhou nas categorias amadoras do clube sendo campeão paulista juvenil em 1971. Romeiro faleceu na cidade de São Paulo (SP), no dia 4 de janeiro de 2008.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista do Esporte, revista Esporte Ilustrado, revista Manchete Esportiva, revista Campeonissimo do Palmeiras, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, jornal A Gazeta Esportiva, site do Milton Neves, museudosesportes.blogspot.com, globoesporte.globo.com junioraldia.blogspot.com.br, espn.com.br – Foto Agência Gazeta Press, cacellain.com.br, campeoesdofutebol.com.br, verdenarede.blogspot.com.br, palmeiras.com.br, palestrinos.com.br, Almanaque do Palmeiras – Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti.