Furtivo e rápido, Eronides ganhou na juventude o curioso apelido de “Piau”, uma referência ao peixe pintadinho e muito esperto, que rouba iscas sem morder o anzol.
O rapazola não gostou nem um pouco! Como apelido negado é sacramentado, os amigos nunca mais o chamaram pelo nome. Dessa forma, o “Piau” sempre acompanhou Eronides em sua vida esportiva e pessoal.
Eronides de Souza nasceu no município de Guaimbê (SP), em 6 de setembro de 1948. (*) Algumas fontes apontam seu nascimento em Getulina (SP).
Sua trajetória foi iniciada jogando como meia-esquerda no cenário do futebol amador. Depois de uma grande atuação na cidade de Lins, olheiros de plantão não perderam tempo e o encaminharam para treinar no Clube Atlético Linense (SP).
Naqueles tempos, Piau já era um verdadeiro tormento para os zagueiros. Dessa forma, os dirigentes do Linense prontamente prepararam o popular “Contrato de Gaveta”, uma garantia de que Piau não fosse parar em nenhuma outra equipe da região.
Também aproveitado pela ponta-esquerda, o jovem da cidade de Guaimbê ganhou fama rapidamente. Como o Linense estipulou 50.000 cruzeiros para liberar Piau em definitivo, suas rápidas aventuras pelo Guarani, Juventus e Palmeiras não deram em nada!
Finalmente em 1966, o Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba (SP) ofereceu 35.000 cruzeiros em dinheiro vivo e “bateu o martelo”.
Com o rápido sucesso nas fileiras do XV de Piracicaba, o Cruzeiro Esporte Clube (MG) estava disposto em investir até 300.000 cruzeiros para contar com os dribles insinuantes de Piau.
Paralelamente, o tricolor do Morumbi também tinha interesse pelos direitos do promissor ponteiro-esquerdo do XV. Contudo, o austero saudoso comendador Humberto D’Abronzo continuava firme em seu propósito de manter o jogador em Piracicaba.
Sempre precavido, o comendador Humberto D’Abronzo fixou o passe de Piau em 400.000 cruzeiros, uma quantia para ninguém colocar defeito!
E segurar Piau valeu a pena! No duelo que decidiu o título do Acesso de 1967, Piau marcou um dos gols na épica vitória por 4×3 sobre o Bragantino, resultado que valeu o “caneco” da competição ao alvinegro piracicabano.
Nos anos seguintes, Piau continuou como um dos principais destaques do XV de Piracicaba, equipe onde permaneceu até 23 de julho de 1970.
Naquele período, o XV de Piracicaba vivia uma considerável crise administrativa e financeira. Como reflexo imediato, vários jogadores do elenco foram colocados em disponibilidade, entre eles Piau.
Emprestado para a Associação Portuguesa de Desportos pelo prazo de 90 dias, o técnico João Avelino logo tratou de convencer os diretores rubro-verdes para contratar o ponteiro em definitivo.
Em grande fase, Piau participou da inauguração do Canindé em 9 de janeiro de 1972, na época batizado como Estádio Independência.
A saída traumática de Piau da Portuguesa de Desportos aconteceu depois de uma derrota para o Santa Cruz por 1×0 no Parque Antárctica, jogo válido pelo campeonato nacional de 1972.
Abaixo, o trecho publicado pela revista Placar que trata da dispensa de vários jogadores da Portuguesa de Desportos:
– Foi seu último jogo pela Portuguesa… Conhecida como “A Noite do Galo Bravo”, o presidente Oswaldo Teixeira Duarte afastou vários jogadores do elenco: Héctor Silva, Lorico, Marinho, Ratinho, Samarone e também Piau.
Envergonhado, Piau quase não saia de casa! Aproveitando dessa inesperada “liquidação” de talentos, o São Paulo não pensou muito para levar Piau para o Morumbi.
No tricolor, Piau dividiu a posição com o experiente Paraná, que logo depois deixou o clube após um sério desentendimento com o técnico Telê Santana.
Todavia, uma forte inflamação nos músculos resultou em um incômodo ganho de peso. Treinando diariamente e seguindo orientações do departamento médico, Piau voltou muito bem e não saiu mais do time.
Jogando como “falso ponta” no papel de quarto homem de meia-cancha, Piau era peça importante no esquema do técnico José Poy. Depois da boa campanha no vice-campeonato da Libertadores da América em 1974, o título paulista de 1975 premiou o bom momento.
Pelo São Paulo foram 154 jogos disputados com 73 vitórias, 55 empates, 26 derrotas e 9 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do São Paulo, do autor Alexandre da Costa.
Emprestado ao Corinthians em 1975, Piau não permaneceu por muito tempo no Parque São Jorge. Foram 22 jogos com 9 vitórias 8 empates, 5 derrotas e apenas 1 gol marcado. Os registros foram divulgados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.
Piau ainda voltou ao São Paulo em 1976. Em razão de um problema crônico na cabeça do fêmur, o jogador deixou os gramados em 1977, quando defendia o Botafogo Futebol Clube da Paraíba.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por JB Scalco, José Maria Aquino, Lemyr Martins, Manoel Motta e Sérgio Sade), Jornal A Gazeta Esportiva, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, site do Milton Neves (por Gustavo Grohmann e Milton Neves), xvpiracicaba.com.br, Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, Almanaque do São Paulo – Alexandre da Costa, albumefigurinhas.no.comunidades.net.