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Ele foi o imperador das bolas altas. Uma barreira quase intransponível no jogo aéreo!

Em qualquer pôster das equipes por onde passou, não era difícil identificar sua marcante presença ao lado dos companheiros.

O beque central Nelson Pescuma era dono de algumas particularidades que o diferenciavam de todos os outros zagueiros de sua época: Uma notável estatura de 1;94 e chuteiras tamanho 44.

Nascido na cidade de São Paulo em 26 de setembro de 1945, iniciou sua carreira nas categorias amadoras do São Paulo Futebol Clube.

O São Paulo em 1962. Em pé: Deleu, Sérgio Lopes, Flávio, Virgílio, Barreira e Pescuma. Agachados: Nondas, Zé Roberto, Sabino, Cido e Reis. Crédito: site do Milton Neves.

União Bandeirante. Em pé: Pescuma, Macalé, Orlando, Orlando Maia, Geraldo Roncato e Serafim. Agachados: J.N.I., Paquito, Carlinhos, Ademar, Osvaldinho e o Massagista. Crédito: marcelodieguez.com.br.

O zagueiro jogou algumas partidas na equipe principal e permaneceu no tricolor até o final do ano de 1962, quando seu passe foi negociado com Esporte Clube XV de Novembro da cidade de Piracicaba (SP).

Em Piracicaba, o gigante Pescuma ganhou experiência ao lado de companheiros que também jogaram pelo tricolor do Morumbi, como Benê e Sabino.

Em 1966 surgiu uma oportunidade um tanto desafiadora para Pescuma. Era a chance de mostrar seu futebol no União Bandeirante Futebol Clube, o time dos irmãos Meneghel.

Os irmãos Meneghel eram os donos de uma usina de açúcar. Bastante conhecidos no cenário paranaense, os principais acontecimentos da cidade e do clube giravam em torno do comendador Meneghel.

Crédito: revista Placar.

Jogando pelo União Bandeirante, Pescuma  foi vice campeão estadual nas edições de 1966 e 1969. O zagueiro jogou pelo time dos Meneghel até o ano de 1970, quando foi contratado pelo Coritiba Foot Ball Club.

E foi “Coxa” que seu nome ficou conhecido no cenário nacional. Ao lado de Jairo, Hermes, Hidalgo, Célio, Cláudio Marques e Nilo, Pescuma integrou uma das maiores formações defensivas que já passaram pelo “Alto da Glória”.

Em 1971, Pescuma ganhou seu primeiro título estadual e o devido reconhecimento dos torcedores e da imprensa.

O zagueiro conquistou também o prêmio “Bola de Prata” da revista Placar ao lado de Tião Abatiá, que também foi seu companheiro nos tempos do União Bandeirante.

Pescuma, com sua cabeça machucada, limpa o perigo da área do Coritiba. Crédito: revista Placar.

Pescuma e Tião Abatiá. Crédito: revista Placar.

Naquela edição da “Bola de Prata”, Pescuma deixou para trás nomes que até então eram os favoritos para levar o troféu. Falamos de Brito, Marinho, Perfumo, Ramos Delgado e Luís Pereira.

Jogando pelo Coritiba, seu futebol cresceu bastante graças ao trabalho do lendário técnico Elba de Pádua Lima, o Tim. Com Tim, Pescuma aprimorou os fundamentos e melhorou seu rendimento em campo.

Pescuma faturou ainda mais dois campeonatos paranaenses, em 1972 e 1973, ano em que também participou da inesquecível conquista do Torneio do Povo.

Depois de 119 partidas disputadas pelo alviverde paranaense, o zagueiro retornou ao futebol paulista quando assinou compromisso com a Associação Portuguesa de Desportos em 1973.

Crédito: canelada.com.br.

Sob o comando do carismático Otto Glória, Pescuma formou com Zecão, Isidoro, Calegari e Cardoso o sistema defensivo que ajudou a Lusa na conquista de seu último título paulista, em uma final disputada no estádio do Morumbi contra o Santos de Pelé.

Naquela decisão, o centroavante Cabinho foi o personagem da primeira confusão do jogo, quando seu gol foi anulado pelo árbitro Armando Castanheira Marques.

O jogo e a prorrogação terminaram empatados sem abertura de contagem, com o título sendo decidido nos pênaltis.

Então, novamente Armando Marques prejudicou o time Rubro-Verde ao errar na contagem das cobranças e, de forma antecipada, considerar o Santos como campeão.

Pescuma, o árbitro Armando Marques e Pelé na final do campeonato paulista de 1973.

Pescuma, o árbitro Armando Marques e Pelé na final do campeonato paulista de 1973.

Matematicamente, o time de Pescuma ainda tinha chances de empatar e prosseguir nas cobranças alternadas.

Esperto, o técnico Otto Glória retirou seu time de campo e nos vestiários negou uma solicitação desesperada de Armando Marques para continuar os pênaltis que faltavam.

Dias depois, os mandatários da Federação Paulista de Futebol decidiram dividir o título de forma inédita.

Em 1974 Pescuma teve uma breve passagem pelo Corinthians, em uma defesa que contava com o goleiro Armando, Galli, Wágner e Wladimir. No time do Parque São Jorge, o becão disputou apenas o campeonato brasileiro daquele ano, totalizando 17 jogos.

Pescuma ao sair preso do Arrudão na partida contra o Náutico. Ele não fez por menos ao desafiar um delegado. Crédito: revista Placar.

Pescuma permaneceu jogando pelo Corinthians até 1975. Em seguida foi para o Rio de Janeiro defender o Fluminense.

Continuou no futebol carioca até o ano de 1977, quando decidiu encerrar sua carreira. *Algumas fontes registram ainda uma passagem pelo Apucarana (PR) em 1977.

Representante comercial de telhas de cerâmica e amianto, Pescuma morava na cidade de Curitiba (PR), onde constantemente era lembrado pela diretoria e pelos torcedores do Coritiba.

Em 11 de outubro de 2006, Pescuma faleceu em decorrência de um câncer no fígado. Deixou quatro filhos e seis netos.

Na Lusa e no Corinthians, uma boa passagem pelo futebol paulista. Crédito: revista Placar.

Uma das formações do Corinthians em 1974. Em pé: Pescuma, Galli, Armando, Wágner, Tião e Wladimir. Agachados: Vaguinho, Washingtom, Roberto Miranda, Adãozinho e Marco Antônio.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão e Maurício Azêdo), revista Manchete Esportiva, revista Grandes Clubes Brasileiros, gazetadopovo.com.br, gazetaesportiva.net, coritiba.com.br, coxanautas.com.br, marcelodieguez.com.br, campeoesdofutebol.com.br, site do Milton Neves, associacaoportuguesadesportos.blogspot.com.br, canelada.com.br, jeovahalmeida.blogspot.com, jogadorestricolores.blogspot.com.br.