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“Nó” era o curioso apelido de um garoto franzino, que jogava como ponta-direita nas equipes amadoras do Pedro Leopoldo Futebol Clube (MG). E como jogava bola aquele baixinho!

Filho de Tito Lopes Mendes e Maria Batista Mendes, Dirceu Lopes Mendes nasceu no município de Pedro Leopoldo (MG), em 3 de setembro de 1946.

Menino pobre, Dirceu Lopes trabalhou como sapateiro costurando bolas de futebol e como auxiliar de pedreiro, ocupação que lhe rendeu marcas nos ombros por carregar pesadas latas de cimento.

Encaminhado ao Cruzeiro Esporte Clube (MG) em 1962, o rapazola de Pedro Leopoldo enfrentou sua própria ansiedade para apresentar tudo o que sabia!

Em novembro de 1963, Dirceu Lopes recebeu sua primeira oportunidade no quadro juvenil, em uma partida diante do Pará de Minas.

Para os companheiros, Dirceu Lopes era apenas o “Zé do Milho”. Crédito: revista Placar.

Dirceu Lopes e Tostão. Crédito: reprodução revista do Esporte número 431 – 10 de junho de 1967.

Dirceu Lopes estava no banco de reservas quando Tostão sofreu um sério corte no supercílio. Então, o técnico Martim Francisco percebeu que Tostão não voltaria mais ao jogo.

Em tom quase paternal, Martim Francisco chamou Dirceu Lopes e procurou elevar a confiança do humilde rapaz: “É sua vez… Vai lá e mostra o que sabe fazer”.

Em 1964 Dirceu Lopes conquistou seu primeiro título mineiro na categoria juvenil. Começou assim o caminho de um dos maiores craques da história do Cruzeiro!

Além do apelido de “Nó”, os companheiros também o chamavam de “Zé do Milho”. Assim, Dirceu Lopes não fazia mais conta de como era chamado!

Com apenas 1;62 de altura e dono de uma habilidade rara, Dirceu Lopes fez sua primeira partida no time principal no mesmo ano de 1964, em um clássico contra o Atlético Mineiro.

Dirceu Lopes e Wilson Piazza. Crédito: revista do Esporte número 562 – 9 de janeiro de 1970.

Crédito: revista Placar – 6 de agosto de 1971.

Sua principal característica era avançar em velocidade pelo meio com dribles desconcertantes. Era um companheiro ideal para jogar ao lado de Tostão!

Com o domínio no cenário mineiro e o reconhecimento pela conquista da Taça Brasil de 1966, Dirceu Lopes carimbou definitivamente seu passaporte para o escrete canarinho.

Em um período servido de craques por todos os lados, o ótimo Dirceu Lopes tirou o sossego de alguns treinadores da Seleção Brasileira. Primeiro atormentou o sono de Aymoré Moreira. Depois foi João Saldanha, que sofreu para aproveitar o baixinho no time.

Quando Mário Jorge Lobo Zagallo assumiu o comando da seleção, o nome de Dirceu Lopes parecia certo para disputar o mundial do México em 1970.

Pelo menos era o que aparecia nos álbuns de figurinhas da Copa do Mundo e no conceito de grande parte da imprensa. Contudo, Zagallo não mostrou muito interesse em encontrar um lugar para utilizar Dirceu Lopes. 

Crédito: revista Placar – Série Grandes Perfis.

Foto de Célio Apolinário. Crédito: revista Placar.

A dispensa do escrete provocou reflexos terríveis na produtividade do jogador. Apoiado pelo diretor do Cruzeiro Carmine Furletti, Dirceu Lopes demorou para engrenar novamente.

Todavia, o fantasma daquela dispensa nunca o abandonou completamente. Dirceu Lopes só voltou ao quadro canarinho na Copa Roca de 1971 e depois no elenco que conquistou a Taça Independência, em 1972.

Mas o craque do Cruzeiro foi aos poucos perdendo espaço para o cansaço. Depois de boas temporadas em 1974 e 1975, o baixinho já pensava em parar!

Ainda em 1975, Dirceu Lopes rompeu o Tendão de Aquiles. Ficou encostado por vários meses e quando voltou aos gramados recebeu o “Passe Livre” da diretoria.

Com o passe em mãos, Dirceu Lopes firmou compromisso com o Fluminense Football Club (RJ).

Crédito: revista Placar – 23 de novembro de 1973.

Foto de Célio Apolinário. Crédito: revista Placar – 23 de novembro de 1973.

Algum tempo depois, o baixinho retornou para Minas Gerais e foi jogar pelo Uberlândia Esporte Clube (MG), equipe onde encerrou a carreira como jogador profissional em dezembro de 1979.

Ao longo de sua trajetória no Cruzeiro e na Seleção Brasileira, Dirceu Lopes conquistou vários títulos:

– Campeão mineiro juvenil em 1964; pentacampeão mineiro entre 1965 e 1969; campeão da Taça Brasil de 1966; campeão da Copa Rio Branco de 1967 pela Seleção Brasileira, tetracampeão mineiro entre 1972 e 1975, além do vice-campeonato brasileiro em 1974 e 1975.

Dirceu Lopes também faturou a concorrida “Bola de Prata” da revista Placar em 1971 e 1973. Conquistou também várias edições do Troféu Guará, um prêmio oferecido aos melhores do ano pela Rádio Itatiaia de Minas Gerais.

Durante muito tempo, Dirceu Lopes ainda jogou peladas em Pedro Leopoldo. No campo de terra batida, a gritaria da garotada o levava imediatamente ao próprio passado: Vai Nó, toca aqui…

Dirceu Lopes no Fluminense. Foto de Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar – 17 de junho de 1977.

O último capítulo no Uberlândia. Foto de Auremar de Castro. Crédito: revista Placar – 1 de dezembro de 1978.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arthur Ferreira, Auremar de Castro, Carlos Maranhão, Célio Apolinário, Emanoel Mattos, Fausto Neto, Lemyr Martins, Luiz Gonzaga, Marcelo Rezende, Michel Laurence, Raul Quadros, Roberto Drummond, Rodolpho Machado e Sérgio Augusto Carvalho), revista do Esporte, revista do Fluminense, revista Fatos e Fotos, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, revista Mineirão – Enciclopédia do Futebol Mineiro, Jornal Estado de Minas, campeoesdofutebol.com.br, cruzeiro.com.br, fluminense.com.br, gazeta esportiva.net, site do Milton Neves, Almanaque do Cruzeiro – Henrique Ribeiro.