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Quando não estava nos gramados, Pagão ajustava seu aparelho na Rádio Record para ouvir seu nome nos programas do locutor Geraldo José de Almeida:

“Mata no peito e baixa na terra. Lá vai Pagão para o campo de ataque”.

Paulo César de Araújo, o famoso atacante Pagão, nasceu na cidade de Santos (SP), em 27 de outubro de 1934.

Pagão começou no futebol amador da cidade de Santos. Defendeu inicialmente a Associação Atlética Americana e posteriormente o Clube Atlético Lanus.

Levado pelo velho Papa, um famoso descobridor de talentos, Pagão chegou muito jovem nas divisões amadoras do Jabaquara Atlético Clube.

Uma leveza admirável. Crédito: gazetadoestado.com.br.

Crédito: gazetaesportiva.net.

Aproveitado no quadro de Aspirantes, Pagão fez sua primeira apresentação em 1952, contra o Nacional Atlético Clube da capital paulista.

Essa primeira partida foi um verdadeiro tormento pessoal para Pagão. O jogo terminou com o fácil triunfo da equipe da capital pelo elástico placar de 6×2.

Envergonhado, Pagão pensou em largar o futebol. Para isso, teria que esquecer dos 800 cruzeiros mensais que recebia para tentar outra coisa na vida.

Mas o destino prontamente tratou de segurar Pagão no mundo do futebol e ele foi parar na Portuguesa Santista.

Naquele começo dos anos 50, Pagão conquistou fama nos duelos regionais entre Santos e Portuguesa Santista. Em 1955 o time da Vila Belmiro decidiu investir nos direitos federativos de Pagão.

Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número 105 – Fevereiro de 1958.

Em sua primeira temporada no Santos, Pagão fez parte do elenco que quebrou o longo jejum de títulos paulistas.

Dono de rara categoria, seu futebol conquistou rapidamente os torcedores, companheiros e membros da Comissão Técnica.

Pagão não era um centroavante com características estáticas. Rápido e com grande mobilidade, seu estilo revelava um jogador incansável na procura por espaços.

Seu lugar entre os titulares foi consolidado na campanha do bicampeonato paulista em 1956, quando foi artilheiro do time na temporada com 34 gols marcados.

Pagão fez parte da linha ofensiva que ficou conhecida como ataque “PPP” (Pagão, Pelé e Pepe). Além da presença no selecionado paulista, Pagão recebeu sua primeira convocação para o escrete canarinho em 1957.

Pagão e Henrique, antes do confronto entre paulistas e cariocas no Maracanã em 1959. Crédito: revista Manchete Esportiva.

No campeonato paulista de 1957, Pagão estabeleceu outra grande façanha ao marcar 33 gols em 49 partidas disputadas. Em sua marcante passagem pelo Santos foram 345 partidas disputadas, 159 gols marcados e vários títulos:

– Campeonato paulista 1955, 1956, 1958, 1960, 1961 e 1962, Torneio Rio-São Paulo 1959 e 1963, Taça Brasil 1961 e 1962, Taça Libertadores da América 1962 e Mundial Interclubes 1962, além de vários torneios nacionais e internacionais.

Apelidado pelos torcedores como “Canela de Vidro”, em razão das constantes contusões, Pagão foi negociado com o São Paulo Futebol Clube em 1963.

Sua chegada ao tricolor aconteceu em um período de jejum de títulos pelos lados do Morumbi.

E foi jogando pelo São Paulo que Pagão viveu um momento marcante de sua carreira. No dia 15 de agosto de 1963, o São Paulo aplicou uma goleada de 4×1 sobre o Santos no Pacaembu.

Crédito: revista do Esporte número 187 – 6 de outubro de 1962.

O confronto ficou conhecido como o jogo do “Cai-Cai”, pelas expulsões e “contusões” dos jogadores do Santos, o que impediu o prosseguimento da partida.

Na segunda etapa, após o quarto gol marcado por Pagão, o árbitro Armando Marques precisou encerrar o prélio, já que o time da Vila Belmiro não contava mais com o número mínimo de jogadores. Abaixo, os registros do histórico confronto:

15 de agosto de 1963 – Campeonato Paulista – São Paulo 4×1 Santos – Estádio do Pacaembu – Árbitro: Armando Marques – Gols: Faustino aos 5’, Pelé aos 20’, Benê aos 37’ e Sabino aos 40 do primeiro tempo; Pagão aos 7’ do segundo tempo – Expulsões: Pelé e Coutinho.

Observações: Por motivo de contusão, o lateral-direito Aparecido não voltou para a segunda etapa. No decorrer da partida, Pepe e Dorval também deixaram o gramado alegando contusão.

São Paulo: SulyDeleu, Bellini e Ilzo; Roberto Dias e Jurandir; Faustino, Martinez, Pagão, Benê e Sabino. Técnico: Brandão. Santos: Gylmar; Aparecido, Mauro e GeraldinoZito e Dalmo; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

Crédito: placar.abril.com.br.

Coutinho, Pagão e Pelé. Crédito: revista Placar – Série Grandes Perfis.

Pelo São Paulo foram 59 partidas com 29 vitórias, 16 empates e 14 derrotas. Em duas temporadas no Morumbi, Pagão marcou 14 gols e não conquistou nenhum título. Em seguida acertou seu retorno ao Santos em 1965.

Aposentado, Pagão continuou morando em Santos e trabalhou na Companhia Docas.

Admirado pelo cantor e compositor Chico Buarque, Pagão sempre era convocado para jogar no time do Politheama. Também atacante, Chico sempre usou a camisa 9 e assinava a súmula como Pagão.

Na composição “O futebol”, o compositor faz uma referência ao ídolo Pagão, onde imaginava tabelinhas espetaculares entre Didi, Garrincha, Pagão, Pelé e Canhoteiro.

Paulo César de Araújo faleceu em Santos, por complicações hepáticas no dia 4 de abril de 1991.

Benê e Pagão no gramado do Estádio do Morumbi ainda em construção. Crédito: revista do Esporte número 242 – 26 de outubro de 1963.

Crédito: revista do Esporte número 274 – 6 de junho de 1964.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Dagormir Marquezi, Maurício Cardoso, Michel Laurence, José Maria de Aquino e Telmo Zanini), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal A Tribuna, Jornal Mundo Esportivo, cacellain.com.br, campeoesdofutebol.com.br, gazetadoestado.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, museudosesportes.blogspot.com.br, placar.abril.com.br, santosfc.com.br, site do Milton Neves (por Breno Menezes e Gustavo Grohmann), spfcpedia.blogspot.com.br, topicos.estadao.com.br.