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A família Robles era um verdadeiro sinônimo de craques.

Na década de 40, o bairro da Mooca era um importante centro industrial da cidade de São Paulo, tradicionalmente marcado pela presença de imigrantes que buscavam trabalho e, aos finais de semana, respiravam o futebol nos inúmeros campos amadores da região.

Nesse cenário, o Clube Atlético Juventus se apresentava como uma das principais “portas de entrada” para os rapazes que buscavam chegar mais longe.

Foi assim que Arnaldo Robles e o irmão mais novo, José Lázaro Robles, iniciaram suas trajetórias no mundo da bola.

Arnaldo Robles ainda perambulou entre Portuguesa e Juventus, enquanto José Lázaro se transformou no famoso Pinga, que brilhou na Portuguesa, no Vasco da Gama e na Seleção Brasileira.

Ziza e o pai Pinga. Crédito: revista Manchete Esportiva número 27 – 18 de abril de 1978.

Pinga, o pai orgulhoso ao lado do filho Ziza. Crédito: Foto de Manuel Motta para a revista Placar – 19 de setembro de 1980.

José Lázaro Robles Júnior, o Ziza, nasceu na cidade de São Paulo (SP), em 26 de abril de 1950. Mantendo a tradição familiar, Ziza iniciou sua carreira nas categorias amadoras do Juventus na segunda metade dos anos sessenta.

Jogando como centroavante, meia esquerda ou ainda ponta esquerda, o jovem Ziza estudava Educação física e seguia os ensinamentos do pai: “Não serei usado pelo futebol”.

Com grande destaque no time Grená, Ziza esteve perto de jogar no Futebol Clube do Porto de Portugal. Sem o acerto financeiro com o diretor Roberto Archiná, o jogador foi negociado com o Guarani de Campinas em 1974.

Jogando pelo Guarani, Ziza foi campeão do primeiro turno do campeonato paulista de 1976. Naquela formação, o Bugre já contava com alguns jogadores que conquistaram o título nacional em 1978; como Zenon, Renato, Neneca e Miranda.

Ziza teve uma boa passagem pelo Guarani. Crédito: revista Placar.

Matéria especial sobre os universitários do Guarani. Partindo da esquerda, em pé: Alfredo, Flamarion, Bezerra e Estevão. Sentados: Gilberto, Nélson e Ziza. Crédito: revista Placar – 24 de janeiro de 1975.

O sucesso no time campineiro levou Ziza ao Clube Atlético Mineiro no segundo semestre de 1977.

Com dificuldades para se adaptar ao esquema praticado pelo técnico Barbatana, Ziza foi aos poucos se ajustando no time e então seu futebol cresceu muito de produção.

Convocado para a Seleção Brasileira, Ziza foi afastado pelo médico Lídio de Toledo no período das eliminatórias para o mundial da Argentina em 1978. Na época, o corte no escrete rendeu boatos negativos sobre a condição física do jogador.

Campeão mineiro de 1978, o ponteiro esquerdo permaneceu nas fileiras do Galo até maio de 1979, quando surgiu o interesse do Botafogo de Futebol e Regatas.

Jogando pelo Atlético Mineiro foram 157 compromissos disputados com 84 vitórias, 49 empates, 24 derrotas e 31 gols marcados.

Crédito: revista Super Galo número 8.

O Atlético em 1978. Em pé: João Leite, Eraldo, Hilton Brunis, Márcio, Romero e Vantuir. Agachados: Serginho, Danival, Marcelo, Paulo Isidoro e Ziza. Crédito: esporte.ig.com.br.

O Atlético em 1978. Em pé: João Leite, Eraldo, Hilton Brunis, Márcio, Romero e Vantuir. Agachados: Serginho, Danival, Marcelo, Paulo Isidoro e Ziza. Crédito: esporte.ig.com.br.

O clube carioca precisou investir aproximadamente 6 milhões de cruzeiros para contar com a dupla mineira. Ao lado do companheiro Marcelo, Ziza chegou ao Botafogo pronto para brilhar no Maracanã.

Conforme matéria publicada pela revista Placar em 26 de fevereiro de 1982, sua recepção no time da “Estrela Solitária” não foi como o esperado.

O técnico Joel Martins foi claro ao dizer que não tinha sido consultado sobre os jogadores contratados; nem pelo presidente Charles Borer, nem pelo diretor Xisto Toniato, muito menos pelo supervisor Eron Beresford.

Além disso, o técnico Joel afirmou que sua preferência era pelo aproveitamento dos jovens das categorias de base do clube. Marcelo e Ziza bem que tentaram, mas não conseguiram reeditar o futebol jogado no Atlético e foram dispensados em 1981.

Em duelo entre Atlético Mineiro e São Paulo, Ziza é marcado de perto pelo lateral Getúlio. Crédito: revista Manchete Esportiva número 27 – 18 de abril de 1978.

Ziza no Botafogo. Crédito: revista Placar – 12 de outubro de 1979.

Aborrecido e decepcionado com o rumo de sua carreira, Ziza pensou em parar com o futebol. Foi quando os conselhos do velho Pinga pesaram em sua decisão:

– Se parar agora ficará marcado para sempre como o Ziza que não deu certo no Botafogo. Ninguém é velho aos 31 anos de idade…

Ziza acabou acertando suas bases financeiras com a Associação Atlética Internacional de Limeira, lá permanecendo até encerrar sua carreira profissional no início de 1984.

Formado em educação física, Ziza foi para o Oriente Médio e trabalhou como treinador em vários países do mundo Árabe, dirigido times e também seleções daquela região do mundo.

Marcelo e Ziza. Pouca sorte no Botafogo. Crédito: revista Placar.

Ziza na Internacional de Limeira. Crédito: gazetaesportiva.net.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Hideki Takizawa, Marcelo Rezende, Sérgio A. Carvalho e Marcelo Duarte), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, revista Futebol, revista Super Galo, site do Milton Neves, gazetaesportiva.net, esporte.uol.com.br, esporte.ig.com.br, campeoesdofutebol.com.br, albumefigurinhas.no.comunidades.net.