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“Eu gostaria muito de poder falar com esse garoto”. A dor estampada no rosto do atacante Ado do Bangu sensibilizou o goleiro Rafael do Coritiba, que ainda precisou esperar o zagueiro Gomes converter o pênalti que representou o título brasileiro de 1985.

O feito histórico do quadro paranaense, bem como duas páginas especialmente dedicadas ao guarda-metas Rafael, foi retratado em reportagem assinada por Roberto José da Silva na revista Placar número 794, de 9 de agosto de 1985.

Na postagem de hoje, “Tardes de Pacaembu” apresenta um pouco da marcante carreira de Rafael Cammarota, um goleiro de personalidade forte e com uma quase incontrolável vontade de vencer e atingir a perfeição!

Descendente de italianos, o paulistano Rafael Cammarota nasceu no dia 7 de janeiro de 1953. Criado no bairro de São Judas, na Zona Sul da cidade de São Paulo, os primeiros passos foram escritos nas categorias de base do Sport Club Corinthians Paulista.

Paralelamente ao desenvolvimento como goleiro do Corinthians, o rapazola logo ganhou fama de “fominha de bola”, um prazer que alimentava quando saia do trabalho na padaria do pai.

Uma boa passagem pelo Grêmio Maringá (PR). Foto de Silas Monteiro. Crédito: revista Placar – 19 de setembro de 1980.

A volta ao Corinthians: “Não sou o salvador da pátria”. Foto de JB Scalco. Crédito: revista Placar – 10 de julho de 1981.

Jogava como meia-esquerda em equipes amadoras, o que muito desagradava o disciplinador seu Francisco, que desejava um dia ver o filho com um diploma de advogado ou engenheiro.

No Parque São Jorge, o dedicado Rafael Cammarota trabalhou muito por uma oportunidade no elenco principal. Enfrentou concorrentes de peso; como Ado, Armando Colonezzi e o campineiro Sídnei Polli.

A tão esperada chance aconteceu em duas partidas pelo campeonato nacional de 1973. Todavia, a falta de paciência do técnico Yustrich foi determinante para o promissor Rafael ser colocado de lado! Abaixo, uma de suas participações pelo Corinthians:

12 de janeiro de 1974 – Campeonato nacional de 1973 – 1ª Rodada da 2ª Fase da competição – Corinthians 2×2 Bahia – Estádio do Pacaembu – Gols: Roberto e Vaguinho para o Corinthians; Douglas (2) para o Bahia. 

Corinthians: Rafael, Zé Maria, Vágner, Zé Roberto e Wladimir; Tião e Rivelino; Paulo Borges (Lance), Roberto, Vaguinho e Adãozinho. Bahia: Buttice, Ubaldo, Sapatão, Roberto Rebouças e Altivo; Baiaco e Fito; Natal, Douglas, Picolé e Peri (Marquinhos).

Guerreiros da retaguarda alvinegra! Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 28 de agosto de 1981.

Estupenda defesa de Rafael nos tempos do Athletico Paranaense. Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 23 de março de 1984.

Inicialmente por empréstimo, Rafael foi transferido em 1975 para a Associação Atlética Ponte Preta (SP). Poucos meses depois foi contratado em definitivo pelo montante de 100 mil cruzeiros.

Com a camisa da “Macaca” campineira, Rafael foi o suplente imediato do ótimo Carlos Roberto Gallo na memorável campanha do vice-campeonato paulista de 1977.

Permaneceu em Campinas até 1978, quando foi negociado pela Ponte Preta com o Grêmio Maringá (PR) por 1,5 milhão de cruzeiros. Eleito como o melhor goleiro do futebol paranaense, Rafael finalmente conseguiu mostrar o seu valor!

Em julho de 1981, o mesmo Corinthians apareceu novamente no seu caminho. De acordo com o artigo publicado na revista Placar número 582, de 10 de julho de 1981, Rafael custou aos cofres do clube 10 milhões de cruzeiros. Em grande estilo, o goleiro foi apresentado ao lado do atacante Mário Motta.

Contudo, Rafael não demorou para bater de frente com o badalado movimento da Democracia Corinthiana. Sem força política para contestar os “figurões” do time, o goleiro acabou emprestado ao Club Athletico Paranaense (PR) em 1982.

Com a proteção de São Judas Tadeu! Foto de Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar – 9 de agosto de 1985.

O herói do título brasileiro é saudado pelos torcedores do Coritiba! Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 9 de agosto de 1985.

Nas duas passagens pelo Corinthians, Rafael Cammarota disputou ao todo 31 jogos; com 10 vitórias, 15 empates, 6 derrotas e 30 gols sofridos. Os registros foram publicados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.

Bicampeão do Paraná pelo Athletico Paranaense nas edições de 1982 e 1983, Rafael precisou superar muita coisa, inclusive uma ruptura do Tendão de Aquiles, uma provação superada pela inabalável fé em São Judas Tadeu!

O esforço foi compensado com o forte interesse dos dirigentes do Coritiba Foot Ball Club (PR) em 1985, equipe onde viveu uma época muito especial em sua rica trajetória.

Pelo “Coxa”, Rafael foi campeão brasileiro de 1985 e campeão paranaense de 1986, sem esquecer da importante conquista da Bola de Prata da revista Placar em 1985.

Ainda nesse período, Rafael Cammarota defendeu o escrete olímpico em 1986. Foram 4 jogos com 2 vitórias, 2 empates e 2 gols sofridos. Os números foram divulgados no livro “Seleção Brasileira 1914-2006”, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

Sonho canarinho! Premiado com a Bola de Prata em 1985, Rafael esperava ser lembrado pelo técnico Telê Santana! Foto de Orlando Azevedo. Crédito: revista Placar – 10 de março de 1986.

Um tesouro registrado em vídeo! O filho Rafael Francisco aos três anos de idade. Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 19 de fevereiro de 1988.

Entretanto, o ano de 1986 também representou um grande dissabor nos planos de Rafael na Seleção Brasileira. Seu nome não foi relacionado pelo técnico Telê Santana no grupo que foi disputar a Copa do Mundo do México.

Rafael continuou no Coritiba até o início de 1988, momento em que voltou ao cenário paulista para defender o São José Esporte Clube (SP). Cabelos longos e bigode mexicano, o goleiro nunca escondeu a sua paixão por automóveis!

Na continuidade de sua carreira, Rafael defendeu ainda o Sport Recife (PE) e passou novamente pelo Athletico Paranaense e Coritiba. Também jogou pela Ferroviária (SP), Santo André (SP) e pelo Fortaleza (CE).

Como treinador e preparador de goleiros, Rafael trabalhou em várias equipes, principalmente no futebol catarinense, paranaense e paulista!

De acordo com o site Terceiro Tempo (Seção Que Fim Levou) do jornalista Milton Neves, Rafael Cammarota reside atualmente na cidade de São Paulo. Em 2016 tentou entrar na carreira política como vereador em Curitiba, mas não obteve os votos suficientes.

O carinho com seu Chevrolet 1951. Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 19 de fevereiro de 1988.

Não ao Sport Recife para continuar no cenário paulista pelo São José! Foto de Sílvio Porto. Crédito: revista Placar – 19 de fevereiro de 1988.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Isnard Cordeiro, JB Scalco, João Gabriel de Lima, Manoel Motta, Orlando Azevedo, Paulo Leminski, Roberto José da Silva, Rodolpho Machado, Sérgio Martins, Sérgio Sade, Silas Monteiro e Sílvio Porto), revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, corinthians.com.br, coritiba.com.br, gazetadopovo.com.br, gazetaesportiva.com, pontepreta.com.br, site do Milton Neves (por Breno Menezes e Rogério Micheletti) Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, Livro: Seleção Brasileira 1914-2006 – Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, albumefigurinhas.no.comunidades.net.