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Conheci “Ademar Pantera” na Praça de Esportes do União dos Operários, local onde era disputado o Torneio “Desafio ao Galo”, uma competição de enorme sucesso entre grandes times do futebol amador nas décadas de 1970 e 1980.

Audiência garantida, a atração era apresentada ao vivo nas manhãs de domingo pela TV Record canal 7, no brilhante trabalho desenvolvido pelos incomparáveis Joseval Peixoto, Raul Tabajara e Samuel Ferro.

Filho de Ademar Miranda e de dona Ermantina de Almeida Miranda, Ademar Miranda Júnior nasceu na cidade de São Paulo (SP), em dia 31 de outubro de 1941.

Ademar iniciou sua marcante caminhada esportiva no findar da década de 1950, nos quadros amadores da Associação Prudentina de Esportes Atléticos (SP).

O apelido “Pantera” nasceu de sua incessante busca pelo gol e enorme facilidade para finalizar jogadas de ataque. Destemido e obstinado, o promissor Ademar parecia mesmo destinado ao caminho do sucesso!

Linha de ataque do Palmeiras no inacabado Morumbi. Partindo da esquerda, em pé: Ademar, Servílio e Tupãzinho. Agachados, na mesma ordem: Julinho Botelho e Gildo. Crédito: revista do Esporte número 308.

“Fui muito perseguido pelo técnico Pelegrino Begliomini na Prudentina”. Crédito: revista do Esporte número 324 – 22 de maio de 1965.

E foi no gramado do acanhado e simpático Estádio Félix Ribeiro Marcondes, que o jovem Ademar Pantera conquistou fama, inicialmente em pequenos artigos esportivos publicados nos jornais da região!

No início da carreira, Ademar Pantera até que apresentava um físico adequado com sua condição de atacante, embora já demonstrasse uma predisposição para ganhar peso.

Vivendo uma grande fase, Ademar Pantera fez parte do elenco que disputou o primeiro Campeonato Sul Americano de Novos, ou também chamado de “Sul Americano de Acesso”, uma competição realizada na cidade de Lima em 1962.

Sob o comando do exigente treinador Sylvio Pirillo, o selecionado faturou o título com uma equipe formada por bons valores do interior paulista.

O bom momento logo representou o forte interesse dos dirigentes da Sociedade Esportiva Palmeiras, que por 25 milhões de cruzeiros firmou compromisso com o atacante em abril de 1964.

Santo e Ademar Pantera, jovens valores do elenco alviverde! Crédito: revista do Esporte número 329 – 1965.

O poderoso quinteto ofensivo do Palmeiras no palco do Maracanã. Partindo da esquerda, em pé: Ademar Pantera, Tupãzinho e Ademir da Guia. Agachados: Gildo e Rinaldo. Crédito: revista do Esporte número 348 – 6 de novembro de 1965.

Em seu primeiro ano no Palmeiras, Ademar Pantera foi campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1965, Foi o artilheiro da competição ao lado de Flávio Minuano do Corinthians, com 14 gols marcados.

Na mesma temporada de 1965, Ademar Pantera participou das festividades de inauguração do Estádio do Mineirão, quando o Palmeiras representou o Brasil e venceu o Uruguai pela contagem de 3×0.

Em 1966 foi campeão paulista em uma linha ofensiva que contava com Gallardo, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo. O triunfo esmeraldino quebrou novamente a série de conquistas do poderoso Santos de Pelé.

Bem cotado para disputar o mundial de 1966, Ademar Pantera era só felicidade! Contudo, o sonho terminou com uma fratura na perna direita em decorrência de uma disputa de bola com o zagueiro Baldochi do Botafogo de Ribeirão Preto.

O contínuo processo de recuperação exigiu muita dedicação do centroavante do Palmeiras, além de representar um triste ponto final em sua continuidade no planejamento da Seleção Brasileira.

Linha de ataque do selecionado paulista. Partindo da esquerda em linha; Dorval, Prado, Ademar Pantera, Nair e Rinaldo. Crédito: revista do Esporte número 361.

O esquadrão alviverde no sempre aconchegante Pacaembu. Em pé: Djalma Santos, Valdir, Minuca, Djalma Dias, Zequinha e Ferrari. Agachados: Gallardo, Ademar Pantera, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo. Crédito: revista Futebol e Outros Esportes.

A demora no completo e tão esperado restabelecimento de Ademar Pantera fez o Palmeiras buscar alternativas em 1967. Foi assim que o alviverde conseguiu o empréstimo do atacante César Lemos do Flamengo.

Em contrapartida, Ademar Pantera foi disponibilizado aos dirigentes do time da Gávea. A transferência para o Flamengo era um sonho antigo e que por certo poderia oferecer muitas alegrias!

Pelo Palmeiras foram ao todo 133 participações com 80 vitórias, 23 empates, 30 derrotas e 85 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.

No cenário carioca, Ademar Pantera chegou pela primeira vez aos preocupantes noventa quilos. O alarme despertou um cuidado todo especial do departamento médico do Rubro-Negro.

Durante o tratamento, o médico do Flamengo tentou de tudo, até uma visita não anunciada na casa do jogador para tentar frear seu apetite voraz.

Rinaldo e Ademar Pantera no Pacaembu. Crédito: revista do Esporte número 414 – 11 de fevereiro de 1967.

O resultado da tal visita foi bem revelador. Uma geladeira forrada de cerveja e os armários muito bem abastecidos de barras de chocolate e incontáveis pacotes de biscoitos.

Com a camisa do Flamengo, Ademar Pantera jogou 44 partidas com 11 vitórias, 10 empates, 23 derrotas e 30 gols marcados. Os registros foram publicados pelo Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf.

De volta para sua última passagem pelo Palmeiras em 1968, o centroavante foi negociado em seguida com o Fluminense Football Club (RJ), onde também não permaneceu por muito tempo! Depois, seus direitos foram oferecidos ao Coritiba Foot Ball Club (PR).

A proposta do time paranaense era tentadora! Um salário de 8.000 cruzeiros e “bichos” em dobro, fora o aluguel de uma boa casa e ajuda nas despesas de mudança do Rio de Janeiro para o Paraná.

Na época, os executivos da empresa americana de combustíveis Esso lançaram o slogan comercial “Ponha um Tigre no seu carro”. Oportunamente, o Coritiba anunciou com entusiasmo: “Ponha uma Pantera no seu time”.

Foi no disputado cenário carioca que Ademar Pantera chegou pela primeira vez aos preocupantes 90 quilos! Crédito: revista do Esporte número 423.

Antes do duelo entre Flamengo e Santos no Maracanã, Ademar Pantera é só felicidade ao lado de Pelé! Crédito: revista do Esporte número 433 – 24 de junho de 1967.

Os primeiros meses foram um verdadeiro sucesso de gols e público nos estádios paranaenses. Todavia, o fantasma da obesidade não demorou para atrapalhar tudo!

Depois de passar pelo Alto da Glória, Ademar Pantera foi sondado pelo Athlético Paranaense (PR). Mas os entendimentos terminaram quando o Fluminense cobrou os 20.000 cruzeiros que o jogador ainda devia nas Laranjeiras.

Contratado pelo Uberaba Sport Club (MG) em 1970, o atacante decidiu encerrar sua caminhada pelos gramados em 1971.

Fora do futebol profissional, Ademar Pantera marcava presença no esquadrão de craques do Milionários. Também trabalhou em escolinhas de futebol mantidas pela Prefeitura de São Paulo. 

Ademar Miranda Junior faleceu na cidade de São Paulo (SP) em 30 de novembro de 2001. O ex-jogador estava internado no Hospital Sírio Libanês e lutava contra uma doença degenerativa nos músculos do corpo.

Garrincha e Ademar Pantera. Apresentações por todo o Brasil no time de estrelas do Milionários. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 12 de janeiro de 1979.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão e Manoel Motta), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista Futebol e Outros Esportes, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, campeoesdofutebol.com.br, gazetadopovo.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, jogadoresdopalmeiras.blogspot.com, palmeiras.com.br, site do Milton Neves,  Almanaque do Flamengo – Clóvis Martins e Roberto Assaf, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.