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Frade significa irmão. Um membro de ordem religiosa que vive para pregar bondade e piedade aos homens. Mas, no caso de Henrique Frade, histórico atacante do Flamengo, essa tal piedade passava bem longe dos zagueiros!

Henrique Frade nasceu na cidade mineira de Formiga, em 3 de agosto de 1934.

Sua chegada ao Clube de Regatas do Flamengo aconteceu em meados de 1954, inicialmente para jogar pelos quadros amadores. Naquele período, o Flamengo vivia um momento especial pela conquista do campeonato carioca de 1953.

Mas em 1957, os dirigentes do Rubro-Negro foram seduzidos por cifras compensadoras, nas negociações que envolveram os atacantes Evaristo para o futebol espanhol e Índio para o Corinthians.

A saída de grandes atacantes, quase que ao mesmo tempo, ofereceu o espaço necessário para Henrique Frade mostrar seu futebol.

Crédito: revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número 127
– Janeiro de 1959.

Como seu aproveitamento no time titular aconteceu somente na temporada de 1957, Henrique Frade nunca se considerou um verdadeiro integrante do esquadrão que faturou o tricampeonato carioca de 1953, 1954 e 1955.

Além da principal característica de “rompedor”, Henrique Frade era um atacante dotado de grande velocidade e visão de gol. Seu primeiro título como titular do Flamengo foi o Torneio Rio-São Paulo de 1961.

As primeiras aparições na Seleção Brasileira aconteceram em 1957, época em que seu nome foi cogitado para o período de preparação para a Copa do Mundo de 1958.

Henrique Frade não foi ao mundial da Suécia mas disputou o Sul-Americano de 1959. O escrete ficou com o vice campeonato invicto, após o empate por 1×1 na última rodada contra os argentinos que ficaram com o caneco.

Crédito: revista do Esporte número 128.

Henrique Frade participou também do amistoso contra a Inglaterra em 13 de maio de 1959, no Maracanã. O Brasil venceu por 2×0 com gols de Julinho Botelho e do próprio Henrique Frade.

Escalado no lugar de Garrincha, Julinho Botelho foi vaiado pelos torcedores antes mesmo de entrar em campo. Mas o ponteiro direito do Palmeiras jogou uma grande partida e deixou o gramado aplaudido de pé.

13 de maio de 1959 – Amistoso internacional – Brasil 2×0 Inglaterra – Estádio do Maracanã – Árbitro: Juan Regis Brozzi (Argentina) – Gols: Julinho Botelho aos 7′ e Henrique Frade aos 32′ do primeiro tempo.

Brasil: Gylmar; Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Dino Sani e Didi; Julinho Botelho, Henrique Frade, Pelé e Canhoteiro. Técnico: Vicente Feola. Inglaterra: Edward Hopkinson; Don Howe, Jimmy Armfield, Ronnie Clayton e Billy Wright; Ron Flowers e Norman Deeley; Peter Broadbent, Bobby Charlton, John Haynes Albert Holden. Técnico: Walter Winterbottom.

Henrique Frade com o agasalho da Seleção Brasileira. Crédito: revista do Esporte.

Partindo da esquerda; Henrique, Bellini e Dida. Crédito: revista do Esporte número 163 – Abril de 1962.

Com a camisa amarelinha, Henrique Frade disputou apenas 4 partidas e marcou 2 gols. Os registros foram publicados no livro “Seleção Brasileira 90 anos”, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

Em 1963 Henrique Frade foi emprestado ao Club Nacional de Football do UruguaiConforme registros do Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf, Henrique Frade disputou um total de 402 jogos pelo time da Gávea.

Foram 240 vitórias, 67 empates, 95 derrotas e 211 gols marcados, o que o torna um dos maiores artilheiros da história do Flamengo.

De volta ao Brasil em 1964, seu passe foi negociado com a Associação Portuguesa de Desportos. O time paulista desembolsou 30 milhões de cruzeiros pelos direitos de Dida e Henrique Frade.

Por um contrato de dois anos, os ex-jogadores do Flamengo assinaram contrato por 100.000 cruzeiros de salário mensal, além dos valores de “Luvas”, que não foram divulgados pela revista do Esporte.

Crédito: revista do Esporte número 197 – 15 de dezembro de 1962.

Foi sem dúvida um bom negócio para a Portuguesa de Desportos, que trabalhou mais rápido do que os cartolas do Corinthians e do Palmeiras, que também concorriam no mesmo páreo.

Na época, a Lusa tinha em seu plantel um lateral-esquerdo chamado Henrique Pereira. Assim, o sobrenome “Frade” foi usado pela imprensa para uma devida diferenciação.

Seu melhor momento no cenário paulista aconteceu no campeonato paulista de 1964, quando a Portuguesa disputou o título até a última rodada, quando foi derrotada pelo Santos na Vila Belmiro por 3×2.

Henrique Frade permaneceu na Portuguesa de Desportos até 1965, quando foi defender o Clube Atlético Mineiro por empréstimo.

Crédito: revista do Esporte.

Henrique e Dida no gramado do Maracanã. Crédito: revista do Esporte número 217 – 4 de maio de 1963.

De volta ao elenco da Portuguesa em março de 1966, Henrique Frade encerrou a carreira em 1967 pelo Formiga Esporte Clube (MG), onde também desenvolveu seus primeiros trabalhos como treinador em 1968.

Depois de dirigir o Esporte Clube Democrata (MG), Henrique Frade comandou o América Futebol Clube (MG), conquistando o campeonato mineiro de 1971.

Foi uma brilhante campanha invicta do “Coelho”, com 14 vitórias, 6 empates e 34 gols marcados. Jair Bala foi o artilheiro do campeonato com 14 gols marcados.

Morando no Rio de Janeiro desde o ano de 1997, Henrique Frade sofria para se locomover em razão der uma fratura mal calcificada em uma das pernas.

Conforme divulgado pelo site do Milton Neves, Henrique Frade faleceu no dia 15 maio de 2004, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

“Milhões da Portuguesa tiram Henrique e Dida do Flamengo”. Crédito: revista do Esporte número 259 – Fevereiro de 1964.

Dida e Henrique, juntos também na Portuguesa de Desportos. Crédito: site do Milton Neves.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Aristélio Andrade e Arthur Ferreira), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Denis Menezes e Jurandir Costa), revista Esporte Ilustrado, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, cacellain.com.br, campeoesdofutebol.com.br, globoesporte.globo.com, museudosesportes.blogspot.com.br, sitedalusa.com, site do Milton Neves, Almanaque do Flamengo – Clóvis Martins e Roberto Assaf, Livro: Seleção Brasileira 90 anos” – Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.