Foi uma rica e longa experiência!
Enquanto viveu do futebol, Lanzoninho sempre foi um profissional intenso e dedicado.
Jogador respeitado, Lanzoninho foi também um treinador de muito sucesso, principalmente nas inúmeras oportunidades em que orientou o Coritiba.
Mesmo com os alicerces de sua carreira erguidos no futebol paranaense, Lanzoninho brilhou no cenário paulista, sendo um dos poucos que ao longo da história defendeu os três times do chamado “Trio de Ferro” paulistano.
João Lanzone Neto, mais conhecido nos meios esportivos como Lanzoninho, nasceu na cidade de Curitiba (PR), em 22 de agosto de 1930.
Lanzoninho começou sua trajetória na segunda metade dos anos 40, pelo Água Verde (PR). No findar de 1948 chegou aos Aspirantes do Coritiba Foot Ball Club.
A calvície, evidenciada desde a tenra juventude, sempre foi também um sinal de maturidade com o couro nos pés.
Irmão dos jogadores Neno e Lanzoni, o rápido ponteiro direito Lanzoninho, que também atuava pela meia cancha, fez sua primeira partida pelo Coritiba na disputa da Taça Cidade de Curitiba, em fevereiro de 1949.
Sua despedida do Alto da Glória aconteceu em 21 de janeiro de 1951, no empate em 2×2 com o Ferroviário, partida válida pela última rodada do campeonato paranaense de 1950.
Em março de 1951 seu passe foi negociado com a Associação Atlética Ponte Preta. Permaneceu na cidade de Campinas até 1953, quando acertou suas bases pela primeira vez com o São Paulo Futebol Clube.
E foi no time do Morumbi que Lanzoninho viveu seu período mais produtivo e também itinerante.
Na temporada de 1954 foi cedido por empréstimo ao Esporte Clube Noroeste de Bauru, onde jogou ao lado do grande ponteiro Colombo (ex-Corinthians).
Passou também pela Associação Atlética Portuguesa Santista, antes de retornar ao tricolor na temporada de 1955. Jogou pelo São Paulo até 1957, ano em que foi fazer história no futebol pernambucano pelo Santa Cruz.
Depois da conquista do título pernambucano de 1957, Lanzoninho passou rapidamente pelo Coritiba e em seguida desembarcou mais uma vez no Morumbi.
Os números totais de Lanzoninho com a camisa do São Paulo somam 144 participações com 52 gols marcados.
Sua próxima parada foi o Clube Atlético Juventus em 1959. No time da Rua Javari, Lanzoninho participou da famosa partida contra o Santos, em 2 de agosto de 1959, quando Pelé marcou o gol mais bonito de sua carreira.
Apesar da beleza do lance, as imagens da jogada se perderam no tempo. Com base em depoimentos dos jogadores que participaram da partida, o lance foi reproduzido em computação gráfica e faz parte do documentário “Pelé Eterno”.
Abaixo, os registros do histórico confronto que originou o reconhecido documentário:
2 de agosto de 1959 – Campeonato Paulista – Santos 4×0 Juventus – Estádio Conde Rodolfo Crespi (Rua Javari) – Árbitro: Sebastião Mairinques – Gols: Pelé aos 23′, 53′ e 87′ e Dorval aos 72′.
Santos: Manga; Pavão e Mourão; Formiga, Ramiro e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula. Juventus: Mão de Onça; Julinho e Homero; Lima, Clóvis e Pando; Lanzoninho, Zeola, Buzzone, Cassio e Rodrigues.
Depois do Juventus, o já experiente Lanzoninho foi contratado pelo Sport Club Corinthians Paulista em 1960.
Questionado pela revista do Esporte se pretendia encerrar a carreira como jogador no time do Parque São Jorge, Lanzoninho foi breve ao responder:
– Que nada, estou em ótima forma. Se um dia o Corinthians não me quiser mais vou continuar em outro clube por mais alguns anos.
Pelo Corinthians foram 54 partidas disputadas e 17 gols marcados. Depois, Lanzoninho defendeu ainda o Independiente (Argentina), Palmeiras (SP), Sport Recife (PE), Sport Boys (Peru), Britânia (PR), Tupy (SC) e o Milionários (Colômbia).
A jornada como treinador foi iniciada no Coritiba. Depois de trabalhar nas categorias amadoras do clube, o bom careca assumiu o time principal e escreveu uma rica história de conquistas.
Além do Coritiba, Lanzoninho trabalhou no Vitória (BA), Ferroviário (CE), Goiânia (GO), Santa Cruz (PE), Atlético Paranaense (PR) e o XV de Jaú (SP).
Mas foi na direção do Coritiba que Lanzoninho obteve seu melhor desempenho como treinador. Várias vezes campeão paranaense, Lanzoninho foi o nono treinador que mais vezes comandou o “Coxa Branca”.
Nos últimos anos de vida se afastou do futebol e fixou residência em Matinhos (PR), cidade praiana localizada no Paraná.
João Lanzone Neto faleceu vitimado por um acidente vascular cerebral no dia 13 de setembro de 2014, em Matinhos.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Armando Filho, Hélio Teixeira, Lenivaldo Aragão, Milton Ivan e Sérgio Sade), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Corinthians, revista do Esporte, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Mundo Esportivo, campeoesdofutebol.com.br, coritiba.com.br, gazetadopovo.com.br, historiadordofutebol.com.br, scratchcorinthiano.blogspot.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti).
Eurico Leite disse:
Olá Rogério, como ai? Rapaz gostei de matar a saudade do Lanzoninho, pois já não me lembrava mais dele, obrigado pelo lembrança. Mande mais raridades, OK?
PEDRO LUIZ BOSCATO disse:
Lanzoninho foi um grande atacante, jogou nos três do Trio de Ferro aqui na capital paulista. Um gol famoso, marcante de Lanzoninho, isso no dia dia 13 de abril de 1960, provocando grito de carnaval em plena Quarta Feira de Semana Santa que foi o dia. Num Pacaembu lotado, recorde de público pagante em toda sua História, mais de 65000 suplantando, inclusive, a Rádio Bandeirantes mais de uma vez menionou, o da estréia de Leônidas no São Paulo que foi acima de 63.000 sendo recorde de público em Campeonatos Paulista e não na História do Estádio. O jogo foi entre Corinthians e Palmeiras pelo Torneio Rio São Paulo que já tinha o nome de Roberto Gomes Pedrosa desde seu falecimento que foi no ano de 1954, e esse gol teve um sabor mais do que especial para os corintianos. Em Campeonatos Paulista o Palmeiras não vencia o Corinthians desde 1951 e era aquela gozação dos corintianos nos palmeirenses, mesmo com o Palmeiras vez ou outra ganhando em Rio São Paulo/Roberto Gomes Pedrosa, corintianos aproveitavam para dizer que o principal mesmo era o Campeonato Paulista e nele nem com macumba o Palmeiras ganhava, sempre lembrando da camisa azul no jogo que decidiu o Campeonato do IV Centenário. O tabu foi quebrado em 1958 no jogo pelo primeiro turno do Campeonato Paulista, primeira participação de Julinho Botelho em dérbis, Palmeiras 4×0, verdadeiro show de bola dele, aquela explosão de alegria dos palmeirenses, noite que saíram periquitos de tudo quanto foram gaiolas, viveiros, jardins, matas, enfim, de tudo quanto era canto, era o desabafo depois de seis anos aturando gozações dos corintianos. Veio o segundo turno e nova vitória do Palmeiras, 2×1, novamente aquela explosão de alegria. Entrou o ano de 1959 e jogo pelo Torneio Roberto Ugolini, empate 3×3 com o tento palmeirense sendo quase no final, empate com sabor de vitória e mais desabafos. Rio São Paulo/Roberto Gomes Pedrosa vitória do Palmeiras 2×1, gozações tinham mudado de lado. Primeiro turno do Campeonato Paulista, a Bandinha do Palmeiras com tudo no Pacaembu, jogo bem disputado, Corinthians faz 1×0, golaço de Roberto Belangero aos 37 minutos da etapa final. Aquela explosão de alegria e aquela gozação dos corintianos mandando que a Bandinha tocasse, “Toca Banda! Toca Banda! E aí?” Mas o jogo continuava disputado, Palmeiras não se entregando e no último minuto de jogo falta de Luizinho em Julinho Botelho proximidades da risca lateral esquerda da área, cobrança feita por Romeiro, Walmir, excelente jogador que era, numa infelicidade tremenda, cortando de cabeça, tentando jogar a bola pela linha de fundo manda-a para o fundo das redes empatando a partida. Último minuto de jogo e aí aquela festa dos palmeirenses, empate com sabor de vitória e a Bandinha a todo vapor sapecando a marcha Periquitinho Verde, aquele carnaval. Vem o segundo turno, jogo numa quarta feira a tarde no Pacaembu, Palmeiras 3×0, outra que o Corinthians não conseguia vencer. Um mês depois o Campeonato Paulista chega a seu final, última rodada o Palmeiras goleia no sábado a Ponte Preta no Parque Antártica, 26 de dezembro, 6×1, e no domingo, dia 27, Santos e Corinthians se defrontam na Vila Belmiro. Naquele clima de gozações os corintianos falando que o Palmeiras sairia da fila se o Corinthians o presenteasse com o título vencendo ou empatando com o Santos na Vila famosa, do contrário mais um ano na fila igualando o Corinthians, jamais ficando menos e ainda aumentando depois. Santos vence por 4×1 e com isso vem o Supercampeonato, Palmeiras sai da fila conquistando o título e aquele desabafo dos palmeirenses invertendo-se as gozações. Continua a vida e meses depois chegava o dia da desforra corintiana e nele a importância, o gol marcante de Lanzoninho, inesquecível para os corintianos da época, vibração das maiores em São Paulo, Corinthians 1 x Palmeiras 0, voltava o Corinthians a vencer dérbis, alegria, vibração indescritível, aquela explosão começando no Pacaembu com aquela gozação, desabafo, principalmente na Bandinha do Palmeiras que vinha se apresentando com tudo no desenrolar da partida até a hora do gol e verdadeiro carnaval pela cidade varando a madrugada e amanhecendo a Quinta Feira Santa com o periquito em todos os cardápios, Periquito na Brasa, Periquito no Espeto, Periquito no Forno, Periquito à Milanesa, enfim, Periquito de toda forma. Na verdade a quase totalidade de palmeirenses dava Graças a Deus por ser um fim de semana prolongado, do contrário teriam que aguentar na quinta, sexta e sábado as tremendas gozações. Esse gol de Lanzoninho fazendo o Corinthians vencer em dérbis após seis jogos, com certeza pra quem viveu também a época foi tão ou mais importante até, pela rivalidade, do que os de Paulo Borges e Flávio quando da quebra do tabu em 06 de março de 1968 com o Santos, Corinthians 2×0, também numa quarta feira. Grande Lanzoninho, na verdade um jogador sempre bem lembrado.