O ponteiro-esquerdo Jésum, que fez sucesso jogando pelo Bahia e pelo Grêmio, começou sua trajetória na segunda metade da década de 1960, em equipes amadoras de Nova Lima (MG).
Em 1969, incentivado por amigos, Jésum tentou a sorte nas fileiras do América Futebol Clube (MG), onde encantou o técnico Orlando Fantoni, mas lamentavelmente permaneceu por apenas 25 dias jogando no “Coelho”.
Alertado pelo experiente Jair Bala sobre o momento de instabilidade financeira do América, Jésum decidiu voltar para Nova Lima. Aprovado no Villa Nova Atlético Clube, seu talento foi utilizado inicialmente pela ponta-direita.
Os torcedores mais antigos do Villa Nova logo estabeleceram comparações entre Jésum e o talentoso Benedito Custódio Ferreira, mais conhecido como Escurinho, campeão mineiro de 1951 e que depois brilhou no Fluminense.
Jésum Gabriel, também conhecido pelos companheiros como “Pé de Pato”, nasceu em 25 de dezembro de 1953, na cidade de Nova Lima (MG).
Paralelamente ao futebol, Jésum sempre manteve o sonho de se tornar um renomado cirurgião plástico. Fã do “Rei” Roberto Carlos, nunca abriu mão de uma boa churrascada.
Depois de grandes apresentações no Villa Nova, participando inclusive do time que conquistou a série B do campeonato brasileiro em 1971, Jésum foi negociado, primeiramente por empréstimo, com o São Paulo Futebol Clube em 1972.
No Morumbi, Jésum não conseguiu se firmar como esperava. Morava longe do clube e diariamente dependia de duas conduções. Mesmo com o passe comprado em definitivo pelo São Paulo, sua condição praticamente “cativa” de suplente o desanimou.
Entre os anos de 1972 e 1975, Jésum disputou um total de 42 compromissos pelo São Paulo com 18 vitórias, 16 empates, 8 derrotas e 2 gols marcados.
Emprestado ao Cruzeiro Esporte Clube em 1975, Jésum também não foi muito feliz em sua primeira passagem pela “Toca da Raposa”.
Então, os dirigentes do São Paulo acertaram repassar Jésum, também por empréstimo, ao Esporte Clube Bahia em 1976.
No tricolor da “Boa Terra”, Jésum finalmente conseguiu mostrar o seu futebol. Que o diga o lateral direito do Vitória, Cláudio Deodato, que sofreu um bocado nos duelos com Jésum.
Sua habilidade era tanta que foi apelidado pelos torcedores como “Uri Jésum”, uma referência ao famoso paranormal dos programas de televisão Uri Geller, que realizava demonstrações de seus supostos poderes entortando metais.
Em depoimento publicado na revista Placar de 6 de outubro de 1978: Jésum reclamou da violência dos marcadores adversários:
– Vejam minhas pernas como estão, cheias de marcas. Estou com a mão quebrada e todo dolorido de apanhar. Os laterais já não procuram a bola e vem direto nas minhas canelas.
O Bahia então acertou os 20 mil cruzeiros referentes ao empréstimo e parcelou 6 prestações de 30 mil cruzeiros pelo passe de Jésum junto ao São Paulo.
Ganhador da “Bola de Prata” da revista Placar em 1978, Jésum foi campeão estadual pelo Bahia nas edições de 1976, 1977 e 1978.
Abaixo, os dados da partida final do estadual de 1978, o último título de Jésum pelo Bahia diante do valente Leônico:
17 de dezembro de 1978 – Campeonato baiano – Bahia 2×1 Leônico – Estádio da Fonte Nova – Renda: Cr$ 789.670,00 – Público pagante: 27.456 – Árbitro: Saul Mendes – Gols: Baiaco e Merica para o Bahia e Luisinho para o Leônico.
Bahia: Luis Antônio; Toninho, Zé Augusto, Sapatão e Batista; Baiaco e Fito (Valdo); Douglas (Merica), Washington Luis, Beijoca e Jésum. Leônico: Iberê; Bira (Wilson Portugal), Fernando Silva, Newton e Tinteiro; Nelson Cazumba e Paulo Roberto; Luis Ferreira, Luisinho, Evilásio (Jaldemir) e Chiquinho.
Pretendido pelo Flamengo e pelo Botafogo, seus direitos federativos foram considerados fora da realidade pelos clubes cariocas. Em 1979, os cartolas do Bahia acertaram a transferência de Jésum junto ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
Campeão gaúcho de 1980, com a saída de Éder Aleixo para o Atlético Mineiro, tudo parecia propício para seu sucesso no “Olímpico”. Todavia, problemas de ordem familiar prejudicaram sua permanência no Grêmio.
Vendido ao Cruzeiro em 1981, Jésum ainda defendeu o Figueirense (SC) e o Vitória (BA). Algumas fontes registram ainda uma passagem de Jésum pelo Alagoinhas Atlético Clube.
Conforme publicado no site do Milton Neves, Jésum atualmente mora em Uberlândia (MG), onde tem uma escolinha de futebol.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Antônio Andrade Emanuel Mattos, Genevaldo Mattos, Divino Fonseca e Fernando Escariz), revista Manchete Esportiva, cacellain.com.br, campeoesdofutebol.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti), albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Francisco disse:
Se o que Jésum jogou no Bahia fosse em clubes do eixo Rio/SP, ele não somente iria para seleção, como seria comparado a Garrincha.
Habilidade e técnica extraordinária!
Uaracy Muniz Barreto disse:
Perfeito! Eles o colocariam em um pedestal. Rasgariam elogios até exagerados como fazem com os fraquíssimos jogadores que aparecem por lá. Jésum jogou muito! Gostaria que o Bahia o convocasse para homenageá-lo e mostrá-lo aos torcedores tricolores que não tiveram a felicidade de vê-lo jogar.