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Antonio Ferreira, artilheiro do campeonato paulista de 1970, pentacampeão paulista 1967 - 1968 - 1969 - 1970 - 1971, Toninho Guerreiro
Rosto alongado, costeletas mal aparadas e queixo esticado. Uma imagem muito familiar aos incontáveis fãs de Antônio Ferreira, o “Toninho Guerreiro”.
Toninho Guerreiro não era alto e tampouco musculoso. Também não fazia o tipo centroavante “trombador”, pelo contrário! Técnico e oportunista, o atacante foi um dos maiores finalizadores do futebol brasileiro.
Filho de Arthur Ferreira e de dona Rosa Carrara Ferreira, Antônio Ferreira nasceu na cidade de Bauru (SP), em 10 de agosto de 1942, embora a revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número 170 aponte o dia 18 de agosto.
Na infância, o pequeno Toninho padecia com o rigor da mãe, que não perdoava nenhuma das bolas que caiam em seu quintal. Com um machado nas mãos, dona Rosa reduzia qualquer esfera em pobres retalhos de borracha!
Aos finais de semana, Toninho esquecia das broncas da mãe. Afinal, o pai Arthur estava em casa para garantir que machado nenhum fosse o carrasco das poucas alegrias da garotada.
Seguindo os conselhos de seu Arthur, Toninho precisou contrariar os planos de dona Rosa, que sonhava em ver o filho como funcionário da Companhia Paulista Ferroviária de Bauru.
E Toninho cresceu jogando no Paulista, uma equipe do futebol amador da cidade de Bauru, até ser descoberto em 1959 pelo Dr. Newton Ribeiro, que na ocasião procurava organizar um quadro juvenil no Esporte Clube Noroeste (SP).
Todavia, Toninho jogou por pouco tempo no juvenil e logo foi aproveitado no elenco principal do Noroeste. No mês de janeiro de 1960, o rapazola assinou o seu primeiro compromisso profissional para receber 6 mil cruzeiros mensais.
Sua ligação com o Santos começou muito cedo, quando foi levado pelo pai ao Departamento Amador do time da Vila Belmiro. Sem conseguir permanecer, o jovem Toninho voltou para Bauru e fez muito sucesso jogando pelo Noroeste!
Mais tarde, no findar da temporada de 1962, Toninho foi contratado pelo Santos. O Noroeste pediu 100 mil cruzeiros pelo passe da jovem promessa e os diretores santistas decidiram bancar o valor.
A primeira partida com a camisa do Santos aconteceu no dia 16 de fevereiro de 1963, um empate em 2×2 contra o Vasco da Gama no Maracanã, compromisso válido pelo Torneio Rio-São Paulo:
16 de fevereiro de 1963 – Torneio Rio-São Paulo – Vasco da Gama 2×2 Santos – Estádio do Maracanã – Árbitro: Stefan Walter Glanz – Gols: Ronaldo e Sabará para o Vasco da Gama; Pelé (2) para o Santos.
Vasco da Gama: Ita; Joel, Brito, Dario e Maranhão; Barbosinha (Fontana) e Sabará; Villadoniga, Saulzinho, Lorico (Fagundes) e Ronaldo. Técnico: Jorge Vieira. Santos: Gylmar; Dalmo, Mauro e Zé Carlos (Tite); Calvet e Lima; Dorval, Mengálvio, Pagão (Toninho Guerreiro), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Os primeiros tempos na Vila Belmiro foram difíceis! Como suplente entrava em alguns jogos faltando pouco para terminar. Depois foi conquistando espaço para iniciar a sua trajetória como o formidável “Toninho Guerreiro”.
Com enorme facilidade para finalizar ao gol, Toninho Guerreiro esteve em campo em 368 partidas e marcou 279 gols. É o quarto maior artilheiro da história do clube. Os registros foram publicados pelo site “acervosantosfc.com”.
Pelo Santos, Toninho Guerreiro conquistou o campeonato paulista nas edições de 1964, 1965, 1967, 1968 e 1969. Foi artilheiro do campeonato paulista de 1966, com com 27 gols marcados, o que impediu a décima temporada consecutiva de Pelé como o maior goleador do “Paulistão”.
Ainda pelo Santos, Toninho Guerreiro faturou a Taça Brasil 1963, 1964 e 1965, Torneio Rio-São Paulo 1964 e 1966, Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968, Libertadores da América e Mundial Interclubes em 1963, Recopa Sul-Americana e Recopa dos Campeões Mundiais, ambos em 1968.
Também conhecido por seus companheiros pelo apelido de “Meméia”, Toninho Guerreiro permaneceu no elenco do Santos até o mês de agosto de 1969, quando Corinthians e São Paulo manifestaram forte interesse por seu futebol.
A diretoria do Santos não queria negociar os direitos do atacante, mas acabou cedendo posteriormente, sem imaginar que pagaria caro, muito mais do que o dinheiro que recebeu do São Paulo!
Na edição de 13 de novembro de 1970, a revista Placar revelou aos leitores o parecer de Augusto da Silva Saraiva, na época Vice-Presidente de Patrimônio do Santos: “Vendi o Toninho por 800 mil cruzeiros… Foi um ótimo negócio”.
E Toninho Guerreiro provou que poderia sobreviver sem Pelé por perto! Artilheiro do campeonato paulista de 1970 (13 gols) e 1972 (17 gols), o centroavante foi determinante para acabar com o jejum sem títulos que já durava desde 1957.
Pelo São Paulo, Toninho Guerreiro foi bicampeão paulista em 1970 e 1971. Foi o único jogador pentacampeão consecutivo do “Paulistão”: 1967, 1968, 1969 pelo Santos e 1970 e 1971 pelo São Paulo.
Na Seleção Brasileira, os caminhos de Toninho Guerreiro ficaram marcados por acontecimentos mal explicados. Com o diagnóstico de sinusite, sua dispensa do escrete causou muita polêmica.
Segundo o médico responsável pelo documento, a sinusite seria prejudicial no rendimento do jogador em razão da elevada altitude do México.
O assunto ganhou repercussão com a suspeita de que tudo não passou de um jogo de “cartas marcadas”, com o propósito de favorecer a convocação de Dario do Atlético Mineiro e de Roberto Miranda do Botafogo do Rio de Janeiro.
E o temido João Saldanha, substituído depois por Mário Jorge Lobo Zagallo no comando do escrete canarinho, mais uma vez colocou a boca no mundo:
– “Sobrou pra mim. O médico fugiu da sala e eu fiquei com o laudo nas mãos para dar aquela notícia sórdida ao Toninho. Me senti como uma marionete”. (João Saldanha – revista Placar – Abril de 2000).
Toninho Guerreiro permaneceu no São Paulo até o findar de 1973. Foram 170 jogos; com 80 vitórias, 51 empates, 39 derrotas e 85 gols. Os registros foram publicados pelo Almanaque do São Paulo, do autor Alexandre da Costa.
Depois de rápidas passagens pelo Flamengo (RJ), Operário (MS) e novamente pelo Noroeste (SP), Toninho Guerreiro encerrou a carreira em 1975. Ainda ligado ao futebol jogou pelos veteranos do Milionários e em exibições de Showball.
Acima do peso e aposentado, Toninho vivia sujo de graxa trabalhando em uma oficina no bairro da Lapa, Zona Oeste da cidade de São Paulo. Antônio Ferreira faleceu na cidade de São Paulo (SP), em 26 de janeiro de 1990.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão, Dagomir Marquezi, José Maria de Aquino, Lemyr Martins, Mário Serapicos, Michel Laurence, Narciso James, Nélson Coelho e Nélson Urt), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada (por José D. Mazzetto e Nadyr N. Serra), revista do Esporte, revista El Gráfico, revista Manchete, revista Veja, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal A Tribuna de Santos, Jornal da Tarde, Jornal dos Sports, acervosantosfc.com (por Gabriel Santana), campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, santosfc.com.br (por André Mendes e Gabriel Pierin), saopaulofc.net, site do Milton Neves, Almanaque do São Paulo – Alexandre da Costa, Livro: A História do Campeonato Paulista – André Fontenelle e Valmir Storti – Publifolha.
João F. More disse:
Eu tive a honra de conhecer Toninho jogando pelo Paulista, time de várzea de Bauru. Melhor, eu tive a honra de vender muitas bananas para a mãe do Toninho, eles moravam defronte ao quartel da PM em Baurú e o pai dele era ferroviário tanto quanto o meu. Que orgulho… Saudades…