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Associação Atlética São Bento de São Caetano do Sul (SP), Clóvis Nori, Comercial Futebol Clube da capital, Praça Clóvis Beviláqua
Ou se começa no Juventus ou se termina no Juventus! Durante muitos anos, essa máxima se fez presente na carreira de inúmeros jogadores que passaram pelo simpático time da Rua Javari.
Se para nomes consagrados como Julinho Botelho, Rodolfo Carbone e Pinga, o capítulo inicial foi escrito no Juventus, para muitos a camisa grená foi a etapa derradeira, um momento especial na agremiação reconhecida como o segundo time de todo mundo!
Ídolo do Juventus, aquele jogador sempre lembrado e merecedor de um busto de bronze nas dependências do clube, apenas um: O incansável Clóvis Nori!
Filho de Duvílio Nori e Julieta Nori, Clóvis Nori nasceu no bairro do Bom Retiro, região central da cidade de São Paulo (SP), em 17 de novembro de 1929.
Próspero comerciante de tecidos de casimira, seu Duvílio imaginava um trabalho estável para o filho Clóvis, algo como um motorneiro de bonde ou algo parecido.
Contudo, apesar do interesse do rapazola pelos estudos, o gosto pelo futebol foi ganhando uma força incontrolável.
Primeiro a bola de meia contra o muro de sua casa e mais tarde, um lugar como meio-campista em times de várzea da tão movimentada região do Bom Retiro, como o Constituinte e os Amigos da Onça.
Conforme publicado pelo Jornal Mundo Esportivo na edição do dia 4 de junho de 1954, os amigos Clóvis Nori e o goleiro Milton Cavani foram encaminhados pelo olheiro Pedro Ganzelli aos quadros amadores da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Trocaram de roupa e ficaram no banco de reservas, mas não foram lembrados para entrar em campo! Clóvis Nori nunca mais apareceu no Parque Antártica, enquanto que Cavani acabou por defender o alviverde algum tempo depois.
Dessa forma, o promissor Clóvis Nori continuou sua caminhada nas fileiras do Comercial Futebol Clube (SP), na época sediado na Praça Clóvis Beviláqua, no centro da cidade de São Paulo.
Efetivado na posição de centro-médio, Clóvis Nori logo chegou aos Aspirantes e pouco depois ao time principal do Comercial. Dono de boas qualidades técnicas, seu nome era respeitado por dirigentes e torcedores!
Depois de boas temporadas vestindo a camisa do Comercial, seus direitos foram negociados em 1953 com o Sport Club Corinthians Paulista.
Inicialmente como o suplente imediato do zagueiro Goiano, Clóvis Nori fez parte do elenco que conquistou o histórico campeonato paulista do Quarto Centenário em 1954.
Emprestado ao também extinto Associação Atlética São Bento da cidade de São Caetano do Sul (SP), Clóvis Nori ainda retornou ao mesmo Corinthians, antes de ser negociado em definitivo com o Clube Atlético Juventus.
Em sua passagem pelo time do Parque São Jorge, Clóvis esteve em campo em 33 compromissos; com 16 vitórias, 10 empates e 7 derrotas. Os números foram publicados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.
Zagueiro leal e sobretudo disciplinado, Clóvis Nori não chegou ao clube do bairro da Mooca apenas para assinar mais um contrato! Fez história no Juventus e até hoje é lembrado pelo apelido de “Professor”.
Em 1961, Clóvis Nori recebeu o prêmio “Carlos Joel Nelli” como o jogador mais disciplinado do cenário paulista, uma homenagem oferecida pelo programa “Os Melhores do Futebol”.
Clóvis Nori também participou da famosa partida contra o Santos na Rua Javari, em 2 de agosto de 1959, quando Pelé marcou o gol mais bonito de sua carreira.
Apesar de toda a beleza do lance, as imagens da jogada se perderam no tempo! Durante muitos anos, o gol de Pelé ficou apenas no imaginário e na memória de poucos!
Com base em depoimentos dos jogadores que participaram da partida, o gol foi reproduzido em computação gráfica e faz parte do documentário “Pelé Eterno”.
Abaixo, os registros do histórico confronto disputado no Estádio Conde Rodolfo Crespi, a aconchegante e romântica Rua Javari:
2 de agosto de 1959 – Santos 4×0 Juventus – Campeonato paulista – Primeiro turno – Estádio Conde Rodolfo Crespi – Rua Javari – São Paulo (SP) – Árbitro: Sebastião Mairiques – Gols: Pelé aos 23′, 53′ e 87′ e Dorval aos 72′.
Santos: Manga; Pavão e Mourão; Formiga, Ramiro e Zito; Dorval, Jair Rosa Pinto, Coutinho, Pelé e Pepe. Juventus: Mão de Onça; Julinho e Homero; Lima, Clóvis Nori e Pando; Lanzoninho, Zeola, Buzzone, Cássio e Rodrigues.
Sempre na condição de capitão continuou jogando pelo Juventus até 1968. Após encerrar a carreira como jogador, Clóvis Nori trabalhou como treinador nos times amadores e também no elenco profissional do Juventus e do Nacional (AM).
O reconhecimento ao “Professor” é tão grande que seu busto em bronze está nas dependências do Estádio Conde Rodolfo Crespi, bem ao lado do busto de Pelé. Clóvis Nori faleceu na cidade de São Paulo (SP), em 16 de julho de 2001.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Alexandre Battibugli), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Corinthians, revista do Esporte, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Diário Popular, Jornal Mundo Esportivo, acervo.estadao.com.br, campeoesdofutebol.com.br, corinthians.com.br, gazetaesportiva.net, juventus1924.blogspot.com (por Érica da Silva), juventus.com.br, site do Milton Neves (por Gustavo Grohmann, Milton Neves e Sérgio Quintella), Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, albumefigurinhas.no.comunidades.net.