O Atlético Mineiro foi o primeiro campeão nacional na nova configuração de disputa adotada em 1971, pela então CBD (Confederação Brasileira de Desportos).
O capitão do time mineiro naquela oportunidade era o paulistano Oldair Barchi, nascido no dia 1 de julho de 1939.
Oldair começou sua trajetória jogando no futebol de várzea da região do bairro do Bom Retiro, pela Associação Atlética Bom Retiro.
Aos 16 anos de idade foi encaminhado para testes na Sociedade Esportiva Palmeiras, onde mais tarde assinou seu primeiro contrato profissional em 1957.
Fez parte do forte elenco esmeraldino que conquistou o campeonato paulista de 1959. Apesar do título, Oldair era praticamente um figurante, que raramente recebia oportunidades para entrar jogando!
Meia-armador de origem, no time do Parque Antártica seu futebol foi aproveitado em algumas partidas nas posições de médio-volante e até como lateral-esquerdo.
Sem muitos horizontes no Palmeiras, Oldair pensou em procurar espaço em alguma equipe do interior paulista. Mas tudo mudou em 1961, quando o técnico Zezé Moreira o convidou para uma temporada no Fluminense.
O clube carioca entrou em entendimentos com o Palmeiras e desembolsou 600 mil cruzeiros pelo futebol de Oldair.
No Fluminense, Oldair revezou com Edmílson e Iris, até conquistar seu lugar de forma definitiva como médio-volante. Ganhou reconhecimento e foi campeão carioca de 1964.
Oldair continuou no time das Laranjeiras até 1965, quando um desacordo contratual colocou um ponto final em sua permanência no tricolor carioca.
Conforme publicado pela revista do Esporte número 321, de 1 de maio de 1965, os dirigentes do Fluminense não aceitaram o valor estabelecido pelo jogador para renovar contrato e assim colocaram seu passe no mercado por 60 milhões de cruzeiros.
Em março de 1965, um novo convite do mesmo Zezé Moreira o levou ao Club de Regatas Vasco da Gama, que pagou o montante de 40 milhões pelos direitos do jogador.
O primeiro desafio no time da “Colina” aconteceu na partida decisiva da primeira edição da Taça Guanabara, contra o Botafogo. Escalado na lateral-esquerda, a missão de Oldair era marcar o sempre temido Garrincha!
E ao entrar em campo, Oldair fez mais do que marcar Garrincha. Foi o autor do primeiro gol da memorável vitória vascaína por 2×0.
O gol aconteceu pouco depois dos 40 minutos do primeiro tempo. Oldair recebeu do ponta-esquerda Zezinho e chutou forte. A bola quicou na frente do goleiro Manga, que pouco pode fazer.
Com esse resultado o Vasco da Gama levantou o “caneco” da primeira Taça Guanabara em 1965. Abaixo, os registros da partida:
5 de setembro de 1965 – Campeonato Carioca primeiro Turno (Taça Guanabara) – Vasco da Gama 2×0 Botafogo – Estádio do Maracanã – Árbitro: Frederico Lopes – Gols: Oldair aos 44’ do primeiro tempo e Paulistinha (contra), aos 3’ do segundo tempo.
Vasco da Gama: Gainete; Joel, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Lorico; Luisinho, Célio, Mário e Zezinho. Técnico: Zezé Moreira. Botafogo: Manga; Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Aírton e Gerson; Garrincha, Jairzinho, Sicupira e Roberto. Técnico: Daniel Pinto.
Nos tempos do Vasco, Oldair foi convocado para o escrete canarinho no período de preparação para o mundial de 1966. Todavia, seu nome não foi relacionado no grupo que embarcou para os gramados da “Terra da Rainha”.
Oldair jogou pelo Vasco entre 1965 e 1967, até ser transferido para o Clube Atlético Mineiro em 1968, na negociação que levou o meio-campista Buglê ao cenário carioca.
No Atlético Mineiro, Oldair continuou jogando como médio-volante para em seguida ser aproveitado na lateral-esquerda, logo depois da saída do uruguaio Cincunegui.
Campeão mineiro de 1970, tudo corria bem até os primeiros desentendimentos com o técnico Yustrich. Primeiro, Oldair amargou o banco de reservas e depois foi afastado elenco de forma definitiva.
E Oldair suportou tudo acreditando que de alguma forma essa injustiça seria reparada. Continuou treinando e sempre pronto para servir o clube quando fosse necessário!
Mas chegou o dia da volta por cima. Homem de confiança de Telê Santana, o capitão Oldair era um autêntico polivalente no campeonato nacional de 1971.
A fase final do “Brasileirão” de 1971 foi disputada em um triangular com Atlético Mineiro, Botafogo e São Paulo.
No primeiro jogo do triangular, os mineiros venceram o São Paulo por 1×0 no Mineirão, gol marcado por Oldair em cobrança de falta aos 30 minutos do segundo tempo.
Com esse gol importante de Oldair e o posterior triunfo do São Paulo sobre o Botafogo, o Atlético Mineiro foi encarar o Botafogo no Maracanã com uma vantagem confortável, já que o empate favorecia o “Galo” na briga pelo título.
O Atlético ficou com o título e foi o primeiro clube com uma estrela dourada na camisa. Depois de 282 jogos disputados e 61 gols marcados pelo Atlético Mineiro, Oldair foi defender o CEUB de Brasília em 1973.
No ano seguinte voltou para Minas Gerais para jogar pelo ESAB Esporte Clube de Contagem (MG). O capitão do título brasileiro de 1971 encerrou a carreira nos gramados em 1977.
Oldair Barchi faleceu na cidade de Belo Horizonte em 31 de outubro de 2014.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Albino Castro Filho, Arthur Ferreira, Bruno Bittencourt, Célio Apolinário, João Areosa, José Pinto, Lemyr Martins e Teixeira Heizer), revista do Esporte, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, revista Mineirão – Enciclopédia do Futebol Mineiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal Estado de Minas, Jornal O Globo, agenciaoglobo.com.br, atletico.com.br, campeoesdofutebol.com.br, esab.com.br, fluminense.com.br, gazetaesportiva.net, palmeiras.com.br, site do Milton Neves (por Milton Neves e Rogério Micheletti), vasco.com.br.