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Copa do Mundo de 1966, New York Cosmos, Rildo da Costa Menezes, Rildo lateral esquerdo do Botafogo
Corria o festivo mês de junho de 1958. Em verde e amarelo, balões e bandeiras ofereciam um colorido diferente na vizinhança. Com os ouvidos colados ao velho rádio de madeira, Rildo acompanhava o triunfo canarinho na Suécia.
E nada era capaz de desviar sua atenção, nem mesmo os gritos dos amiguinhos com uma bola batendo na calçada da Rua Bom Conselho, no bairro do Arruda.
Depois do jogo, em meio ao barulho da grande festa que tomou conta das ruas e avenidas, Rildo pegou nas mãos o álbum de figurinhas da Copa do Mundo.
Durante um bom tempo, o rapazola olhou com orgulho os cromos de todos os jogadores, em especial o de seu grande ídolo, o craque Nilton Santos!
Como Nilton Santos, Rildo também jogava pelo corredor esquerdo. Sonhava em ser talvez, uma nova versão da “Enciclopédia do Futebol”, bem mais simplificada é verdade, pois Nilton Santos era insuperável.
Filho de Antônio da Costa Menezes e Maria Judite da Costa Menezes, Rildo da Costa Menezes nasceu na cidade de Recife (PE), em 23 de janeiro de 1942.
Estudante do Colégio Nossa Senhora de Fátima, o futebol de Rildo foi descoberto pelo conhecido senhor Limoeiro, que na época trabalhava nas fileiras do América Futebol Clube de Recife.
Em 1958 o técnico do América, Valdemir Bernardes, o encaminhou aos quadros amadores do Sport Club do Recife (PE). Treinando como médio-esquerdo, Rildo foi promovido em 1959 ao time de Aspirantes.
Foi quando uma notícia inesperada fez seu coração explodir em total alegria! O Botafogo de Futebol e Regatas estaria em Recife para enfrentar o Sport. Uma ótima oportunidade para ver de perto os astros da “Estrela Solitária”.
No dia do tão esperado jogo contra o Botafogo, o esforçado Rildo foi escalado na lateral-esquerda do time de Aspirantes. Encerrado o confronto, Rildo recebeu com surpresa uma notícia difícil de acreditar!
Os dirigentes do clube carioca prometeram uma passagem para Rildo treinar no Botafogo, pois o técnico João Saldanha tinha assistido o jogo preliminar e gostou muito do seu futebol.
O tempo passou e o tal envelope com a passagem não chegava nunca. Então, os companheiros o atormentavam. Diziam que João Saldanha estava arrependido, ou que o carteiro certamente entregou a encomenda em lugar errado!
Até que um dia o carteiro finalmente bateu na porta e Rildo abraçou o envelope. Menor de idade, o jovem lateral partiu com uma autorização especial para o Rio de Janeiro.
Aproveitado no juvenil, Rildo costumava treinar contra o time principal. E como por magia, sua rotina agora era conviver com os craques que tanto admirava nos álbuns de figurinhas.
E toda semana, Rildo tentava inutilmente brecar o endiabrado Garrincha, que com um sorriso malicioso, parecia ignorar o empenho sobre-humano do jovem pernambucano.
Assim foi até 1960, quando finalmente Rildo foi relacionado no elenco principal como suplente de Nilton Santos, que naquele mesmo período iniciava seu ciclo na quarta-zaga.
Efetivado no time, Rildo participou da conquista do bicampeonato carioca de 1961/1962, mesma época em que também foi lembrado no selecionado carioca.
Suas primeiras convocações para servir o escrete canarinho aconteceram na preparação para o mundial de 1962. No entanto, Rildo perdeu o lugar para o experiente Altair do Fluminense e não embarcou para o Chile!
Campeão do Torneio Rio São Paulo nas edições de 1964 e 1966, Rildo continuou lembrado na Seleção Brasileira e disputou o mundial de 1966 na Inglaterra.
Lamentavelmente, em seu único jogo na Copa do Mundo, Rildo participou da derrota para Portugal por 3×1, um resultado que custou nossa desclassificação antecipada da competição.
Enquanto defendeu o time da “Estrela Solitária”, o futebol de Rildo foi pretendido por diversas equipes, como o Corinthians, Santos e River Plate da Argentina.
Conforme divulgado nas páginas da revista do Esporte de 15 de maio de 1965, o Corinthians ofereceu 30 milhões de cruzeiros de luvas e um salário de 250 mil cruzeiros, além de cotas de 200 mil cruzeiros em partidas internacionais.
Já o River Plate ofereceu 150 milhões de cruzeiros com um salário mensal fixado em dólares. Somado a isso, o jogador ainda teria direito aos “bichos” e gordas gratificações!
Mesmo assim, Rildo escolheu permanecer em General Severiano, inclusive aceitando diminuir sua proposta na renovação contratual com o clube carioca.
No início de 1967, quando o Botafogo ainda dificultava qualquer investida sobre os direitos de Rildo, o companheiro de escrete Carlos Alberto Torres ofereceu ajuda para uma maior aproximação com os “cartolas” do Santos Futebol Clube.
A negociação foi cansativa e Rildo teve que abrir mão dos 15% que tinha direito. Tomado por uma grande empolgação, o pernambucano deixou o Rio de Janeiro e o Botafogo recebeu 220 milhões de cruzeiros.
Chegando em Santos, o diretores do clube praiano não questionaram os valores pretendidos pelo ex-jogador do Botafogo.
Demostrando boa vontade, o Santos ofereceu ainda a metade do montante dos 15% que não foram pagos pelo Botafogo, cerca de 16,5 milhões direto na conta bancária.
Como se não bastasse, Rildo também foi premiado com o aluguel de um ótimo apartamento na praia. Morava muito bem e estava muito feliz na Vila Belmiro!
Jogando pelo Santos, Rildo conheceu o mundo e conquistou títulos importantes: Tricampeonato paulista 1967, 1968 e 1969, Torneio Roberto Gomes Pedrosa 1968, Recopa Sul-Americana e a Recopa dos Campeões Mundiais, ambos em 1968.
Vivendo uma grande fase, Rildo brilhou no time de Saldanha nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1970. Tudo corria bem, até a divulgação do resultado dos exames médicos realizados na CBD.
Com a saída de João Saldanha, Rildo foi cortado do time de Zagallo após um surpreendente diagnóstico que apontou problemas em seu coração.
Anos depois, o ainda inconformado Rildo questionou o Doutor Lídio Toledo sobre o suposto problema que o tirou da Copa do Mundo. Sem respostas concretas, Rildo continuou sua caminhada no time praiano.
Na temporada de 1972, Rildo deixou o Santos e firmou compromisso com o ABC Futebol Clube de Natal. No ano seguinte foi jogar pelo CEUB Esporte Clube de Brasília (DF), equipe em que permaneceu até 1976, quando um convite de Pelé o levou ao New York Cosmos dos Estados Unidos.
Defendeu ainda outros clubes da liga Norte-Americana até o começo de 1981, quando encerrou a carreira profissional como jogador. Rildo da Costa Menezes faleceu no dia 16 de maio de 2021, em Los Angeles, no Estados Unidos.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Adílson Povil), revista El Gráfico, revista Esporte Ilustrado, revista Fatos e Fotos (por Gil Pinheiro, Jáder Neves e Ney Bianchi), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista O Cruzeiro, revista Veja, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, Jornal O Globo, botafogo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, santosfc.com.br, site do Milton Neves, Álbum de Figurinhas Brasil Campeão Mundial de Futebol 1958 – Editora Aquarela, albumefigurinhas.no.comunidades.net.