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Alecrim Futebol Clube (RN), Campeão paulista de 1976, campeão pernambucano de 1974, Severino Vasconcelos Barbosa
Antes de chegar ao Palmeiras como o possível substituto de Ademir da Guia, Vasconcelos era apenas um sonhador, um rapaz com muita disposição para enfrentar o tórrido asfalto das estradas do Nordeste.
Vasconcelos começou sua trajetória no Ibis Sport Club da cidade de Paulista (PE). Depois, defendeu por algum tempo o Riachuelo Atlético Clube de Natal (RN).
Severino Vasconcelos Barbosa, o ex-meio campista Vasconcelos, nasceu em Recife (PE), no dia 24 de setembro de 1951.
Quando chegou ao Riachuelo, Vasconcelos topou um contrato considerado irrisório para os padrões da época. Acontece que, embora o dinheiro fosse pouco, já era alguma coisa para quem não recebia nada no Ibis.
Pouco tempo depois, o Riachuelo lutava para sobreviver e assim tentou vender o passe de Vasconcelos ao América de Natal. O jogador, por sua vez, não aceitou uma transferência sem ganhar nada e decidiu ir embora.
Ainda na rodoviária, Vasconcelos foi abordado por um representante do Alecrim Futebol Clube (RN), que naquele momento ofereceu um contrato de dez meses com direito ao “passe livre” no findar do prazo.
“Vasco”, como também era chamado pelos companheiros, pensou um pouco e concordou em assinar um documento com o Alecrim.
Quando percebeu que foi enganado já era tarde. Vasconcelos ainda tentou protestar junto ao seu João Machado, presidente da Federação Alagoana, mas o caso foi abafado e não deu em nada.
Vasconcelos continuou no Alecrim até surgir o interesse do Clube Náutico Capibaribe em 1972. Mas os dirigentes ficaram discutindo valores por um tempão e o negócio morreu de velho.
Em 1973 os cartolas do Náutico precisavam reforçar o time e investiram novamente nas tratativas envolvendo o nome de Vasconcelos.
Com tudo acertado entre os homens do Náutico e do Alecrim, uma dificuldade inesperada apareceu pelo caminho: Vasconcelos queria permanecer por mais algum tempo em Natal.
Então, os dirigentes do clube alagoano precisaram dividir o valor da transação com o próprio jogador, que embarcou para Recife com 30.000 cruzeiros no bolso, além de um título de “Sócio Benemérito” do Alecrim.
No Náutico treinado por Orlando Fantoni, o futebol de Vasconcelos decolou ao lado de outra grande promessa, o carioca Jorge Pinto Mendonça.
Campeão pernambucano de 1974, Vasconcelos permaneceu no Náutico até o findar de 1975, ocasião em que o Palmeiras apareceu em sua vida.
Os diretores do alviverde desembolsaram 800.000 cruzeiros pelos direitos de Vasconcelos e outros 700.000 cruzeiros por Jorge Mendonça. Ainda como parte da negociação, Fedato, Mário e Toninho Vanusa trocaram o Parque Antártica pelo estádio dos Aflitos.
Correndo por fora, o Botafogo de Futebol e Regatas, do amigo Francisco das Chagas Marinho, também mostrava um forte interesse, sem no entanto estabelecer valores.
Além disso, o Guarani de Campinas anunciou que estaria disposto em colocar quase um milhão de cruzeiros na mesa para contar com Vasconcelos no Brinco de Ouro.
Em 26 de janeiro de 1976, Vasconcelos e Jorge Mendonça foram apresentados nas dependências da Academia.
Logo, o reservado Vasconcelos cansou da rotina de apenas treinar e colocou sua timidez de lado: O técnico Dudu é um cara incrível… Mas eu quero jogar!
Tenha paciência Vasconcelos, pois o Ademir da Guia vai parar em breve, afirmavam os diretores palestrinos ao jovem valor pernambucano. Mas, o Ademir era um jogador que pouco se machucava. Quanto mais parar de vez!
Enquanto Jorge Mendonça ganhava um espaço cada vez maior ao lado do próprio Ademir, Vasconcelos entrava em um joguinho aqui e outro ali.
Em entrevista ao repórter Carlos Maranhão da revista Placar, Vasconcelos demonstrava sua preocupação em substituir um ídolo do quilate de Ademir da Guia:
– Nas vitórias tudo vai bem. Na primeira derrota sei que vão dizer que o Ademir não estava em campo… Indiretamente é um ônus que terei que carregar!
Apesar de integrar o elenco campeão paulista de 1976, Vasconcelos perdia dinheiro e prestígio sentado no banco de reservas.
Mas Vasconcelos não esperou Ademir virar estátua. Transferido para o Sport Club Internacional no segundo semestre de 1977, Vasconcelos deixou o Parque Antártica com o sentimento de que poderia ter oferecido muito mais.
No alviverde foram 64 participações com 28 vitórias, 28 empates e 8 derrotas. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
No time do “Beira Rio” Vasconcelos também não se encontrou. Deixou os gramados brasileiros em 1979, quando acertou suas bases com o Colo Colo do Chile.
A mudança para o Chile fez muito bem. Sua adaptação foi relativamente rápida e seu futebol foi de grande utilidade para o quadro do “Cacique Mapuche”.
Campeão chileno nas temporadas de 1979, 1981 e 1983, além do título da Copa do Chile nas edições de 1981 e 1982, Vasconcelos foi sondado para se naturalizar e disputar o mundial de 1982, na Espanha.
O brasileiro agradeceu mas não aceitou. Falou mais alto o respeito aos jogadores chilenos que disputaram os compromissos das eliminatórias.
Vasconcelos jogou pelo Colo Colo até 1985. Passou pelo Barcelona do Equador, período marcado em sua vida depois do grave acidente sofrido em um tobogã aquático.
O meio campista ainda retornou ao Chile para defender o La Serena, o Universidad e finalmente o Palestino até 1991, ano em que encerrou a carreira no futebol.
Empresário de jogadores, Vasconcelos reside atualmente no Chile.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Maurício Cardoso, José Maria de Aquino, Lenivaldo Aragão e Carlos Maranhão), revista Estádio, revista Deporte Total, colocolo.cl, campeoesdofutebol.com.br, jogadoresdopalmeiras.blogspot.com.br, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, site do Milton Neves.