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Escrever sobre o “Atleta do Século” é um exercício quase interminável de análises, comparações e estatísticas.

O jogador mais entrevistado, falado e fotografado do mundo, possui uma biografia vasta de registros, números, fatos, histórias e até lendas, que sempre fazem parte do imaginário popular.

Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido e admirado pelo mundo como “Pelé”, nasceu na cidade Três Corações (MG), em 23 de outubro de 1940.

Filho de dona Celeste e de João Ramos do Nascimento, seu nome foi uma homenagem ao inventor Thomas Edison. Seu pai, conhecido como Dondinho, era um afamado jogador de futebol do sul de Minas Gerais.

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Crédito: revista Placar - 3 de outubro de 1990.

Crédito: revista Placar – 3 de outubro de 1990.

Em setembro de 1945, a família Arantes do Nascimento mudou-se para Bauru (SP), quando Dondinho foi contratado para ser meia-atacante do Lusitana, mais tarde denominado de Bauru Atlético Clube (BAC).

O primeiro trabalho do menino Pelé foi como engraxate pelas ruas de Bauru. No entanto, ele nunca deixou de sonhar em ser um jogador de futebol.

Sua infância está diretamente ligada ao futebol desde quando seu pai fundou o Sete de Setembro Futebol Clube.

Posteriormente, o garoto conhecido inicialmente pelos apelidos de Dico ou Gasolina, perambulou pelo América de Bauru, jogou futebol de salão e depois pelo infanto-juvenil de um time chamado Canto do Rio.

Em seguida, foi encaminhado ao Bauru Atlético Clube, onde foi descoberto pelo ex-jogador Waldemar de Brito, que se encantou com o futebol do garoto.

Pelé e Didi. Crédito: revista El Gráfico.

Pelé e Didi. Crédito: revista El Gráfico.

Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número - 101 - 1ª quinzena de dezembro de 1957.

Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número – 101 – 1ª quinzena de dezembro de 1957.

Meses antes de ser contratado pelo Santos Futebol Clube em 1956, Pelé realizou três partidas amistosas pelo Esporte Clube Noroeste de Bauru, fato pouco divulgado.

Contando então com quinze anos, Pelé foi levado por Waldemar de Brito até Santos para fazer um teste na Vila Belmiro.

Depois de atuar algum tempo pelo juvenil, Pelé fez sua estréia entre os profissionais no dia 7 de setembro de 1956, na partida contra o Corinthians Futebol Clube de Santo André.

Naquele dia, Pelé substituiu o centroavante Del Vecchio. Ele entrou em campo para marcar o sexto (36 minutos do primeiro tempo) dos 7 gols santistas na vitória por 7×1.

A jogada, armada por Raimundinho e Tite, culminou no chute que venceu o goleiro Zaluar, que se tornou famoso como o goleiro que sofreu o gol “0001”.

Éder Jofre e Pelé: Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número 182 - Abril de 1961.

Éder Jofre e Pelé: Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número 182 – Abril de 1961.

Pouco tempo depois da primeira temporada pelo Santos, Pelé foi convocado pelo técnico da Seleção Brasileira, Sylvio Pirillo, para o compromisso contra a Argentina, válido pela Copa Roca.

A partida, realizada em 7 de julho de 1957 no estádio do Maracanã, foi vencida pelos argentinos pelo placar de 2×1. Nesse dia, Pelé saiu do banco de reservas e fez seu primeiro tento pelo escrete.

Na seqüência, o mundial de 1958, quando Pelé entrou na equipe contra os soviéticos.

Sua participação na conquista da copa foi escrita com momentos mágicos, como o gol marcado contra o País de Gales e a atuação soberba contra os franceses, na vitória por 5×2.

Pelé e Coutinho eram inicialmente confundidos. Uma pulseira de esparadrapo no pulso, talvez fosse uma solução para que os dois pudessem ser devidamente diferenciados pela imprensa e pelo público. Crédito: revista do Esporte número 279.

Pelé e Coutinho eram inicialmente confundidos. Uma pulseira de esparadrapo no pulso, talvez fosse uma solução para que os dois pudessem ser devidamente diferenciados pela imprensa e pelo público. Crédito: revista do Esporte número 279.

Além da Copa de 1958, Pelé disputou mais três mundias: Chile 1962, Inglaterra 1966 e México 1970. Foram 12 gols marcados em 14 partidas na disputa pela Copa Jules Rimet.

Contundido na copa de 1962, retirado de campo pelas entradas violentas dos defensores da seleção Portuguesa em 1966, Pelé foi soberbo durante o mundial do México em 1970.

Lembrado pelo que fez e também pelos gols que não conseguiu fazer, sua atuação nos gramados mexicanos é uma obra plástica da história das copas.

Campeão paulista de 1958, Pelé começou sua trajetória de recordes e marcas impressionantes. O apelido “O Rei” foi instituído pela imprensa francesa em 1961, após algumas partidas do Santos pela Europa.

Pelé e Bellini. Crédito: revista do Esporte número 381.

Pelé e Bellini. Crédito: revista do Esporte número 381.

No dia 2 de agosto de 1959, na Rua Javari, Pelé marcou aquele que garante ter sido o mais bonito de todos os 1281 tentos de sua carreira.

Foi contra o Juventus, na vitória santista por 4×0. Pelé aplicou três “chapéus” nos defensores do “Moleque Travesso”, incluindo o goleiro Mão de Onça, antes de empurrar para o fundo das malhas.

Além desse gol, Pelé marcou o que pode ser considerado como o primeiro “Gol de Placa” da história. O adversário foi o Fluminense no estádio do Maracanã, no dia 5 de março de 1961, quando driblou mais de meio time do tricolor das Laranjeiras.

Jogando pelo Santos, Pelé obteve suas maiores conquistas eternizando o número dez e seu tradicional soco no ar. Ao lado do centroavante Coutinho, formou uma dupla que tirava o sono de qualquer sistema defensivo.

Crédito: acervo.estadao.com.br.

Crédito: acervo.estadao.com.br.

Crédito: revista do Esporte número 171 – Junho de 1962.

Crédito: revista do Esporte número 171 – Junho de 1962.

Artilheiro no campeonato paulista em 11 oportunidades, sendo 9 consecutivas, também foi o artilheiro da Taça Libertadores em 1965 com 6 gols, da Taça Brasil por 3 vezes (1961, 1963 e 1964) e do Torneio Rio-São Paulo em 1963.

Os principais títulos de Pele pelo Santos:

– Paulistão 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973, Taça Brasil 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965, Libertadores 1962 e 1963, Interclubes 1962 e 1963, Torneio Rio-São Paulo 1959, 1963, 1964 e 1966, Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Recopa Sul-Americana e Recopa dos Campeões Mundiais, todos em 1968, além de inúmeros torneios nacionais e internacionais.

Apesar de ter feito mais de 1200 gols, nunca conseguiu o feito de ser o artilheiro em uma disputa de Copa do Mundo.

Pelé e Eusébio. Crédito: revista de Portugal.

Pelé e Eusébio. Crédito: revista de Portugal.

Oficialmente, o gol “1000” foi marcado em cobrança de pênalti, no dia 19 de novembro de 1969. O adversário foi o Vasco da Gama no estádio do Maracanã, com vitória santista por 2×1, partida válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

O guarda metas vascaíno em 19 de novembro de 1969 era o argentino Edgardo Norberto Andrada, que não queria entrar para os livros de história como o goleiro que sofreu o milésimo gol.

Atualmente, em algumas pesquisas para projetos como Pelé Eterno e Historiografia do Futebol brasileiro, foram encontradas algumas partidas perdidas de Pelé.

Essas pesquisas sugerem que o gol “1000” teria acontecido em 12 de novembro de 1969, na partida em que o Santos bateu o Santa Cruz do Recife por 4×0.

Partindo da esquerda; Jairzinho, Pelé, Tostão, Gerson e Edu. Crédito: revista Fatos e Fotos número 448 – Setembro de 1969.

Partindo da esquerda; Jairzinho, Pelé, Tostão, Gerson e Edu. Crédito: revista Fatos e Fotos número 448 – Setembro de 1969.

Copa de 1970. Pelé chuta antes do meio campo e o desesperado goleiro Victor, da Tchecoslováquia, observa aliviado depois da saída da bola. Crédito: revista Placar.

Copa de 1970. Pelé chuta antes do meio campo e o desesperado goleiro Victor, da Tchecoslováquia, observa aliviado depois da saída da bola. Crédito: revista Placar.

Pelé também carrega em seu histórico a supremacia em partidas contra o Corinthians. Falando em termos de campeonato paulista, o “Rei” manteve uma escrita de 11 anos sem derrota para o rival.

Seu ciclo de despedidas foi iniciado pela Seleção Brasileira em 1971. Na época, a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antecessora da CBF) programou duas partidas.

A primeira aconteceu contra a Áustria no estádio do Morumbi, em 11 de julho de 1971, quando Pelé anotou seu último tento com o uniforme canarinho no empate por 1×1.

A segunda partida foi realizada no estádio do Maracanã, em 18 de julho de 1971, no empate contra o selecionado da Iugoslávia por 2×2.

Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada.

Crédito: reprodução revista A Gazeta Esportiva Ilustrada.

Crédito: revista Manchete - Os Homens que fizeram o século 20.

Crédito: revista Manchete – Os Homens que fizeram o século 20.

Abaixo, os dados da última partida de Pelé pelo escrete na capital paulista:

11 de julho de 1971 – Amistoso internacional – Brasil 1×1 Áustria – Estádio do Morumbi – Árbitro: John Keith “Jack” Taylor (Inglaterra) – Público: 99.902 – Gols: Pelé aos 33 minutos do primeiro tempo e Kurt Jara, aos 6 minutos do segundo tempo.

Brasil: Felix; Zé Maria, Brito, Wilson Piazza e Everaldo (Marco Antônio); Clodoaldo e Gerson; Rivellino, Tostão, Pelé (Paulo Cesar) e Zequinha. Técnico: Zagallo. Áustria: Herbert Rettensteiner; Johann Schmidradner, Gerhard Sturmberger, Johann Eigenstiller, Alois Jagodic; Johann EttmayerNorbert Hof; Josef Hickersberger, Karl KodatJosef Stering e Kurt Jara. Técnico: Leopold Šťastný.

Na época, muitos acreditavam que Pelé voltaria atrás em sua decisão. Com 30 anos de idade e boa forma física, chegaria ao mundial da Alemanha, em 1974, com 33 anos.

Crédito: revista Manchete - 24 de julho de 1971.

Crédito: revista Manchete – 24 de julho de 1971.

A despedida oficial do Santos aconteceu em 2 de outubro de 1974, na Vila Belmiro, com uma vitória por 2×0 contra a Ponte Preta pelo campeonato paulista.

Em 1975 Pelé recebeu uma proposta irrecusável do Cosmos de Nova York e voltou a jogar. Fez sua primeira partida no dia 15 de junho de 1975 pelo campeonato norte-americano contra o Dallas Tornado (2×2), fazendo um dos gols de sua equipe.

Dois anos depois, em primeiro de outubro de 1977, Pelé se despedia em definitivo do futebol jogando meio tempo pelo Cosmos e meio tempo pelo Santos (Cosmos 2×1 Santos), anotando um gol, o primeiro do Cosmos.

No dia 15 de maio de 1981, o jornal francês “L’Equipe” concedeu a Pelé o título de “Atleta do Século”, uma votação realizada junto aos jornais esportivos mais importantes do mundo. Cidadão do mundo, Pelé será lembrado para sempre como uma referência no mundo do futebol.

Edson Arantes do Nascimento faleceu no dia 29 de dezembro de 2022, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, por falência múltipla de órgãos depois de mais de um ano tratando um câncer de colón.

Manchete do Jornal da Tarde em 3 de outubro de 1974. Pelé junto ao seu armário pela última vez como profissional do Santos.

Manchete do Jornal da Tarde em 3 de outubro de 1974. Pelé junto ao seu armário pela última vez como profissional do Santos.

Crédito: revista Life.

Crédito: revista Life.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Michel Laurence, José Maria de Aquino e Fausto Neto) revista do Esporte, revista Esporte Ilustrado, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista Fatos e Fotos, revista Realidade, revista El Gráfico, revista O Cruzeiro, revista Life, revista de Portugal, revista Football Magazine, gazetaesportiva.net, site do Milton Neves, pele.m-qp-m.us, campeoesdofutebol.com.br, jb.com.br, arquivo folha, educacao.uol.com.br, liviaeigor.blogspot.com.br, globoesporte.globo.com, Arquivo Público do Estado de São Paulo – Memória Pública – Jornal Última Hora, Jornal da Tarde, Jornal A Tribuna de Santos, museudosesportes.blogspot.com, Álbum de Ouro do Santos F.C – volume 2, acervo.estadao.com.br.