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Atlético Paranaense, campeão paulista de 1963, Gildo Cunha do Nascimento, o gol mais rápido do Maracanã
Foram apenas 7 segundos.
Esse foi o tempo para Gildo deixar seu nome gravado para sempre na história do Palmeiras e do Estádio do Maracanã!
Gildo Cunha do Nascimento, o ponta direita “Gildo Bala”, nasceu no dia 13 de novembro de 1939, em Ribeirão (PE).
Depois de perambular por equipes do futebol amador de Pernambuco e região, Gildo foi encaminhado no findar de 1956 para o Santa Cruz Futebol Clube.
Dotado de um arranque espetacular e muita facilidade para chegar ao fundo, Gildo passou pelo quadro de Aspirantes e logo em seguida foi aproveitado no elenco principal.
Em 1960, grandes clubes do futebol brasileiro travaram uma disputa para contar com o futebol do ponta direita pernambucano: Palmeiras, Santos e Fluminense.
Com Palmeiras e Santos em uma espécie de “briga regional” pelos direitos do jogador, o time carioca se aproveitou e saiu na frente, ao acertar os detalhes da transferência diretamente com os cartolas do time pernambucano.
Entretanto, antes de embarcar para o Rio de Janeiro, Gildo finalmente tomou conhecimento que seu salário nas Laranjeiras seria 34.000 cruzeiros.
Isso representava menos do que já recebia no Santa Cruz. Como achou o valor baixo demais para trocar de cidade, Gildo decidiu permanecer no Arruda.
Então, o Palmeiras retomou forte na negociação e ofereceu 3 milhões pelo passe e mais 60.000 cruzeiros de salário. Dessa forma, o atacante esqueceu os encantos da “Cidade Maravilhosa” e em 1961 rumou para a cidade de São Paulo.
Os primeiros meses na capital paulista ficaram marcados pela grande expectativa em torno da grande fama do atacante, que não conseguia render o esperado e por isso até pensou em deixar o Parque Antártica.
Depois o ponteiro pernambucano se firmou e conseguiu seu primeiro título paulista em 1963. Ao lado de Julinho Botelho, Servílio, Ademar Pantera, Tupãzinho, Rinaldo, Vavá e o jovem Ademir da Guia, Gildo formou grandes linhas ofensivas.
Em 7 de março de 1965, Gildo ficou conhecido como o “Gildo Bala”. O ponteiro escreveu seu nome na galeria dos imortais do futebol ao marcar o gol mais rápido da história do Maracanã.
Diante de um público surpreso, Gildo balançou o barbante do Vasco da Gama logo aos 7 segundos do primeiro tempo.
Djalma Santos recebeu no círculo central e prontamente lançou em profundidade. Gildo entrou de surpresa em diagonal e emendou sem trabalho contra a meta cruzmaltina.
Na época, os jornais publicaram tempos diferentes para o feito. A súmula oficial do jogo não registra com quantos segundos o gol foi marcado, restando apenas confiar na interpretação dos profissionais que trabalharam naquela partida.
O jogo, válido pelo Torneio Rio-São Paulo, terminou com vitória do Palmeiras pela elástica contagem de 4×1.
7 de março de 1965 – Torneio Rio-São Paulo – Vasco da Gama 1×4 Palmeiras – Estádio do Maracanã – Árbitro: Armando Marques – Gols: Gildo aos 7 segundos, Tupãzinho aos 42‘ e 52‘, Célio aos 70’ e Ademar Pantera aos 90‘.
Vasco da Gama: Lévis; Joel, Brito e Ari; Maranhão e Barbosinha; Luizinho, Lorico (Saulzinho), Célio, Oldair e Zezinho. Técnico: Zezé Moreira. Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias (Tarciso) e Geraldo Scotto; Dudu e Valdemar Carabina (Santo); Gildo, Servílio (Ademar Pantera), Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo. Técnico: Filpo Nuñez.
Gildo foi o primeiro “Bala” do Parque Antártica, antes mesmo da chegada do também ponteiro direito “Edu Bala”, que jogou pela Portuguesa de Desportos e depois pelo Palmeiras.
O ponteiro direito também participou das festividades de inauguração do Estádio do Mineirão em 7 de setembro de 1965, quando o alviverde representou o Brasil contra o Uruguai e venceu por 3×0.
Em 1966 Gildo faturou novamente o título paulista e em seguida teve uma breve passagem pelo Clube de Regatas do Flamengo.
Foram somente 12 partidas pelo time da Gávea com 2 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf.
Gildo ainda retornou ao Palmeiras e algum tempo depois quase foi negociado em definitivo com o Santos em 1967. Realizou exames médicos na Vila Belmiro, mas o negócio não vingou.
O atacante disputou ainda algumas partidas pelo Palmeiras em 1968. Em seguida, foi transferido para o Clube Atlético Paranaense, que na época também contou com Bellini e Djalma Santos.
Conforme registros publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Gildo disputou 249 partidas com 133 vitórias, 55 empates, 61 derrotas e 40 gols marcados.
Permaneceu no Atlético Paranaense até o findar de 1970. Continuou jogando no time de estrelas do Milionários ao lado de grandes craques do passado. Fora dos gramados trabalhou no comércio e atualmente mora em Recife.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Adílson Povil), revista Futebol e Outros Esportes, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Diário da Noite, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, palmeiras.com.br, pautandomundo.wordpress.com, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Flamengo – Clóvis Martins e Roberto Assaf, Livro: Flamengo – O Vermelho e o Negro – Ruy Castro – Ediouro, albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Pedro Luiz Boscato disse:
Gildo Bala, grande Flecha Ligeira, um dos grandes ponteiros que passaram pelo nosso futebol. Ponteiro veloz, sabia jogar, outro jogador que valia a pena ver jogar. Um acidente na descida de um ônibus atrapalhou e muito sua carreira, fraturou o pé direito, era nome cotado para a Seleção. Infelizmente, esse acidente atrapalhou sua carreira. Uma boa pessoa também, sempre gostou, como todo jogador, de conversas lembrando fatos da carreira. Conversei com ele uma vez no Parque Antártica, nas imediações do Restaurante das Piscinas, lembrei da sua estréia no Palmeiras, do jogo frente o Botafogo pela última rodada do Rio São Paulo/Roberto Gomes Pedrosa de 1965. na finta que ele aplicou no Rildo, excelente lateral do Botafogo, e o cruzamento sob medida para Tupanzinho cabecear e abrir a contagem vencendo o goleiro Manga. Ele ficou contente e muito ao ouvir. Boa pessoa, amigos que com ele tiveram convívio sempre falaram e falam até hoje. Foi utilíssimo ao time do Palmeiras, tanto como ponteiro direito, sua verdadeira posição, como também quando atuou como ponteiro canhoto, em 1963 foi Campeão Paulista atuando com a onze. Gildo Bala, excelente jogador, lembrado até hoje e bem não só pelos palmeirenses como também por quem acompanhou futebol em sua época.