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Foram apenas 7 segundos.

Esse foi o tempo para Gildo deixar seu nome gravado para sempre na história do Palmeiras e do Estádio do Maracanã!

Gildo Cunha do Nascimento, o ponta direita “Gildo Bala”, nasceu no dia 13 de novembro de 1939, em Ribeirão (PE).

Depois de perambular por equipes do futebol amador de Pernambuco e região, Gildo foi encaminhado no findar de 1956 para o Santa Cruz Futebol Clube.

Dotado de um arranque espetacular e muita facilidade para chegar ao fundo, Gildo passou pelo quadro de Aspirantes e logo em seguida foi aproveitado no elenco principal.

Crédito: revista do Esporte número 118 – Junho de 1961.

Crédito: revista do Esporte número 118 – Junho de 1961.

Em 1960, grandes clubes do futebol brasileiro travaram uma disputa para contar com o futebol do ponta direita pernambucano: Palmeiras, Santos e Fluminense.

Com Palmeiras e Santos em uma espécie de “briga regional” pelos direitos do jogador, o time carioca se aproveitou e saiu na frente, ao acertar os detalhes da transferência diretamente com os cartolas do time pernambucano.

Entretanto, antes de embarcar para o Rio de Janeiro, Gildo finalmente tomou conhecimento que seu salário nas Laranjeiras seria 34.000 cruzeiros.

Isso representava menos do que já recebia no Santa Cruz. Como achou o valor baixo demais para trocar de cidade, Gildo decidiu permanecer no Arruda.

Então, o Palmeiras retomou forte na negociação e ofereceu 3 milhões pelo passe e mais 60.000 cruzeiros de salário. Dessa forma, o atacante esqueceu os encantos da “Cidade Maravilhosa” e em 1961 rumou para a cidade de São Paulo.

Julinho Botelho e Gildo. Crédito: revista do Esporte número 161.

Os primeiros meses na capital paulista ficaram marcados pela grande expectativa em torno da grande fama do atacante, que não conseguia render o esperado e por isso até pensou em deixar o Parque Antártica.

Depois o ponteiro pernambucano se firmou e conseguiu seu primeiro título paulista em 1963. Ao lado de Julinho Botelho, Servílio, Ademar Pantera, Tupãzinho, Rinaldo, Vavá e o jovem Ademir da Guia, Gildo formou grandes linhas ofensivas.

Em 7 de março de 1965, Gildo ficou conhecido como o “Gildo Bala”. O ponteiro escreveu seu nome na galeria dos imortais do futebol ao marcar o gol mais rápido da história do Maracanã.

Diante de um público surpreso, Gildo balançou o barbante do Vasco da Gama logo aos 7 segundos do primeiro tempo.

Djalma Santos recebeu no círculo central e prontamente lançou em profundidade. Gildo entrou de surpresa em diagonal e emendou sem trabalho contra a meta cruzmaltina.

O famoso gol de Gildo contra o Vasco da Gama. Crédito: revista A Gazeta Esportiva Ilustrada. Material publicado no blog pautandomundo.wordpress.com.

Gildo e o goleiro do Vasco Lévis Bispo de Sá, personagens de um gol relâmpago que entrou para os livros de história do Maracanã. Crédito: Jornal A Gazeta Esportiva.

Na época, os jornais publicaram tempos diferentes para o feito. A súmula oficial do jogo não registra com quantos segundos o gol foi marcado, restando apenas confiar na interpretação dos profissionais que trabalharam naquela partida.

O jogo, válido pelo Torneio Rio-São Paulo, terminou com vitória do Palmeiras pela elástica contagem de 4×1.

7 de março de 1965 – Torneio Rio-São Paulo – Vasco da Gama 1×4 Palmeiras – Estádio do Maracanã – Árbitro: Armando Marques – Gols: Gildo aos 7 segundos, Tupãzinho aos 42‘ e 52‘, Célio aos 70’ e Ademar Pantera aos 90‘.

Vasco da Gama: Lévis; Joel, Brito e Ari; Maranhão e Barbosinha; Luizinho, Lorico (Saulzinho), Célio, Oldair e Zezinho. Técnico: Zezé Moreira. Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias (Tarciso) e Geraldo Scotto; Dudu e Valdemar Carabina (Santo); Gildo, Servílio (Ademar Pantera), Tupãzinho, Ademir da Guia e RinaldoTécnico: Filpo Nuñez.

Crédito: revista do Esporte número 165 – 5 de maio de 1962.

Linha de ataque do Palmeiras. Partindo da esquerda, em pé: Ademar, Servílio e Tupãzinho. Agachados, na mesma ordem: Julinho Botelho e Gildo. Crédito: revista do Esporte número 308.

Gildo foi o primeiro “Bala” do Parque Antártica, antes mesmo da chegada do também ponteiro direito “Edu Bala”, que jogou pela Portuguesa de Desportos e depois pelo Palmeiras.

O ponteiro direito também participou das festividades de inauguração do Estádio do Mineirão em 7 de setembro de 1965, quando o alviverde representou o Brasil contra o Uruguai e venceu por 3×0.

Em 1966 Gildo faturou novamente o título paulista e em seguida teve uma breve passagem pelo Clube de Regatas do Flamengo.

Foram somente 12 partidas pelo time da Gávea com 2 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf.

Altair e Gildo. Crédito: revista do Esporte número 373 – 1966.

Gildo ainda retornou ao Palmeiras e algum tempo depois quase foi negociado em definitivo com o Santos em 1967. Realizou exames médicos na Vila Belmiro, mas o negócio não vingou.

O atacante disputou ainda algumas partidas pelo Palmeiras em 1968. Em seguida, foi transferido para o Clube Atlético Paranaense, que na época também contou com Bellini e Djalma Santos.

Conforme registros publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Gildo disputou 249 partidas com 133 vitórias, 55 empates, 61 derrotas e 40 gols marcados.

Permaneceu no Atlético Paranaense até o findar de 1970. Continuou jogando no time de estrelas do Milionários ao lado de grandes craques do passado. Fora dos gramados trabalhou no comércio e atualmente mora em Recife.

Figurinha de Gildo no Atlético Paranaense. Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.

O Atlético Paranaense em 1968. Em pé: Nilo, Zé Carlos, Célio, Bellini, Charrão e Nair. Agachados: Gildo, Zé Roberto, Madureira, Paulista e Nílson. Crédito: site do Milton Neves.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Adílson Povil), revista Futebol e Outros Esportes, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Diário da Noite, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, palmeiras.com.br, pautandomundo.wordpress.com, site do Milton Neves, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Flamengo – Clóvis Martins e Roberto Assaf, Livro: Flamengo – O Vermelho e o Negro – Ruy Castro – Ediouro, albumefigurinhas.no.comunidades.net.