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Se no Palmeiras Artime foi bem, no caso do Fluminense não podemos dizer o mesmo!

Artime desembarcou com bastante prestígio no Rio de Janeiro. No entanto, pelo time das Laranjeiras, o atacante permaneceu por apenas 6 meses e marcou somente 1 gol.

O argentino Luís Artime nasceu em Mendoza no dia 2 de dezembro de 1938. A família era de Junín, para onde voltaram quando o pequeno Artime contava com 9 anos de idade.

Além das aulas no infantil do Independiente Rivadávia, o pequeno Artime jogava futebol em qualquer lugar o dia todo.

O pai, preocupado com o futuro, entendia o futebol como uma séria ameaça na formação do menino. Tão logo terminou o ensino fundamental, Artime foi matriculado em um curso técnico de mecânica.

Sanfilippo do San Lorenzo e Artime do Atlanta. Crédito: reprodução revista El Gráfico número 2205.

Artime no empate em 0x0 contra a Alemanha pela Copa do Mundo de 1966. Crédito: revista El Gráfico.

Alguns anos depois arrumou emprego como ferroviário. E ferroviário teria continuado se o futebol não entrasse de vez em sua vida!

Nessa fase da juventude, Artime jogava pelo Club Atlético Independiente de Junín, onde logo despertou o interesse do Club Atlético Atlanta de Buenos Aires em meados de 1957.

Sem ter como evitar, o pai testemunhou o progresso do filho com a camisa amarela e azul do Atlanta. Em 1958 o Atlanta do técnico Victorio Spinetto incomodou pela primeira vez os grandes times do futebol argentino.

Em 1960 Artime foi o grande destaque no empate em 4×4 com o Boca Juniors na Bombonera, ocasião em que marcou 3 gols nos donos da casa.

Na temporada de 1961, Artime deixou de ser apenas uma promessa. Vice artilheiro do campeonato argentino com 25 gols, o atacante teve seu passe pretendido pelo River Plate, para onde foi transferido em 1962, por 15 milhões de pesos.

Artime no Independiente. Crédito: revista El Gráfico.

Crédito: revista Sport número 42 – Suplemento Mensal de El Gráfico – Fevereiro de 1968.

Artime foi o artilheiro do campeonato em 1962 e 1963, certames em que o River Plate ficou com o vice-campeonato, a mesma posição da temporada de 1965. Eram os primeiros anos do incômodo jejum entre 1957 e 1975.

Mesmo sem conquistar títulos, os torcedores reconheciam a qualidade do time, uma realidade comprovada em 1961, quando o River Plate superou o Real Madrid no Santiago Bernabéu.

Na mesma excursão, o River derrotou também o Juventus e o Napoli na Itália. Enquanto isso, Artime mantinha sua estrela contra o Boca Juniors, o que já era suficiente para garantir uma boa dose de respeito!

No entanto, a falta de títulos teve seu preço. Em 1965, pelo montante milionário de 8 milhões de pesos, Artime foi vendido ao Club Atlético Independiente de Avellaneda.

Convocado para disputar o mundial de 1966 na Inglaterra, Artime marcou 3 dos 4 gols argentinos na competição. Foi um dos destaques da equipe que ficou na quinta colocação da Copa do Mundo.

Cárdenas e Artime. Crédito: revista Sport número 44 – Suplemento Mensal de El Gráfico – Abril de 1968.

Crédito: revista do Esporte número 489 – 20 de julho de 1968.

E não foi só isso. Em 1967 Artime foi o artilheiro da Copa América vencida pelo Uruguai, mesmo ano em que foi campeão argentino pelo Independiente.

Pretendido pela Sociedade Esportiva Palmeiras, Artime foi contratado pelo clube paulista em julho de 1968. Todavia, sua continuidade na seleção Argentina foi prejudicada em razão da AFA não convocar jogadores que atuavam em outros países.

Conforme publicado pela revista do Esporte em 20 de julho de 1968, a primeira participação aconteceu em 14 de julho no Parque Antártica, com uma vitória contra seu ex-clube pelo placar de 4×0, quando inclusive marcou seu primeiro gol com a camisa esmeraldina.

Na mesma oportunidade, o Palmeiras também apresentou aos torcedores os jogadores Copeu, Luís Pereira, Nélson e Serginho.

Sua permanência no Parque Antártica não foi longa, porém marcante. Ao todo foram 48 gols em 57 partidas disputadas, sendo 19 gols no campeonato paulista de 1969, quando Pelé foi o artilheiro ao marcar 26 vezes.

Artime vestindo o agasalho do Palmeiras. Crédito: revista El Gráfico.

Crédito: revista Sport número 55 – Suplemento Mensal de El Gráfico – Março de 1969.

Por 200 mil dólares, o Nacional do Uruguai tirou Artime do cenário paulista em julho de 1969. No futebol uruguaio, o atacante argentino viveu seu período mais produtivo.

O oportunismo de Artime foi determinante em muitas conquistas do Nacional, time com vários titulares na “Celeste”, semifinalista da Copa do Mundo de 1970.

Com 158 gols marcados enquanto jogou pelo Nacional, Artime faturou o título uruguaio nas edições de 1969, 1970 e 1971; além da artilharia nessas edições da competição.

Mas faltava ainda vencer uma Libertadores da América, importante “caneco” em que o rival Peñarol gravou seu nome em 1960, 1961 e 1966.

O desafogo só aconteceu em 1971, quando o Nacional eliminou o Peñarol na primeira fase do torneio e impediu o tetracampeonato do Estudiantes, batido na finalíssima por 2×0, com um dos gols marcados por Artime.

Artime no Nacional do Uruguai. Crédito: revista De Los Deportes – Uruguai.

Com fama de artilheiro, Artime era o sonho dourado dos cartolas do Fluminense. E não era para menos. Em 25 partidas pela seleção da argentina, Artime marcou 24 gols.

Foi também 4 vezes goleador do campeonato argentino, 3 vezes do campeonato uruguaio, 1 vez da Copa América, 1 vez da Libertadores; além da marcante participação no Mundial Interclubes de 1971, quando fez os 3 gols da conquista do Nacional nos confrontos contra o Panathinaikos.

No findar do mês de abril de 1972, os cartolas do clube carioca investiram 920.000 cruzeiros para contar com o artilheiro da Taça Libertadores da América.

Na “Cidade Maravilhosa”, Artime certamente seria um grande sucesso!

Mas conforme artigo publicado pela revista Placar em 23 de março de 1984, um tremendo mal-estar foi causado no clube em razão do alto salário do astro argentino.

Artime, Gerson e Ari Ercílio. Crédito: revista do Fluminense número 155 – 1972.

Crédito: revista Placar número 113.

O mesmo artigo da revista Placar também revelou outro segredo bombástico. O ponteiro esquerdo Lula teria sido o estopim da derrocada de Artime no cenário carioca.

Sem ambiente, o argentino queria ir embora. Após entendimentos entre Fluminense e Nacional do Uruguai, Artime foi trocado pelo zagueiro Bruñel e fez questão de devolver parte das luvas que recebeu.

Pelo Nacional fez seu último jogo como profissional em 10 de fevereiro de 1974. O adversário foi o Olímpia do Paraguai, partida válida pela Taça Libertadores da América. Para variar, Artime marcou o seu!

Pensativo enquanto tomava seu banho, o artilheiro anunciou de forma surpreendente o encerramento de sua carreira naquele exato momento.

Dono de uma metalúrgica, uma agência de automóveis, uma loja de eletrodomésticos e uma empresa de construção civil, Artime finalmente podia afirmar que, para quem foi um humilde ferroviário, o futebol valeu muito!

O sonho que virou pesadelo no Fluminense. Foto de Zeka Araújo. Crédito: revista Placar – 24 de novembro de 1972.

Foto de Fernando Pimentel. Crédito: revista Placar – 15 de dezembro de 1972.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Fernando Pimentel, Michel Laurence, Raul Quadros, Teixeira Heizer e Zeka Araújo), revista De Los Deportes, revista do Esporte, revista do Fluminense, revista El Gráfico, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, Jornal A Gazeta Esportiva (por Flávio Iazzetti), Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, fluminense.com.br, futebolportenho.com.br, globoesporte.globo.com, jornalheiros.blogspot.com.br, palmeiras.com.br, site do Milton Neves, taringa.net.