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Estava tudo pronto para encarar o surpreendente Peru do técnico brasileiro Didi, compromisso válido pelas Quartas de Final da Copa do Mundo de 1970.

Conforme matéria publicada pela revista Placar em 13 de agosto de 1971, boa parte do time canarinho já conhecia o selecionado peruano desde os amistosos realizados em 1968.

Bem treinado, o Peru também contava com talentos inquestionáveis; como o ótimo meio-campista Ramón Mifflin e o sempre perigoso Teófilo Cubillas.

Mas Pelé estava preocupado com a astúcia do velho companheiro Didi: “O Didi sabe que o Cubillas será muito marcado! Por isso deve preparar alguma para tirar proveito da velocidade do Gallardo”.

E foi assim mesmo! O Brasil vencia por 2×0 quando um lançamento encontrou Gallardo livre pela esquerda. Rápido, o ponta peruano balançou o corpo na frente de Carlos Alberto Torres e chutou sem ângulo para marcar.

O selecionado peruano em uma das melhores equipes de sua história! Em pé: Eloy Campos, Roberto Chale, Héctor Chumpitaz, Rubiños, Risco e Orlando La Torre. Agachados: Del Castillo, Hugo Sotil, León, Teófilo Cubillas e Gallardo. Crédito: revista Deporte Gráfico número 21 – 2 de junho de 1971.

Cromo de Gallardo no Cagliari da Itália. Crédito: Álbum de figurinhas Panini.

Com a vitória por 4×2 sobre o Peru, os canarinhos de Zagallo avançaram para pegar o Uruguai; enquanto Gallardo e seus companheiros deixaram o Estádio Jalisco com o sentimento de dever cumprido!

O marcante Félix Alberto Gallardo Mendoza nasceu em Chincha, no Peru, no dia 28 de novembro de 1940. Em 1949 a família “Mendoza” mudou para Lima e o pequeno Gallardo foi matriculado no Colégio Puericultorio Pérez Aranibar.

Dividindo sua rotina entre os estudos e o prazer de jogar futebol, o habilidoso Gallardo foi descoberto por olheiros do modesto Club Mariscal em um torneio inter-colegial.

Depois de algum tempo jogando nas categorias amadoras do Club Mariscal, o jovem Gallardo firmou seu primeiro compromisso em 1958.

Com duas grandes temporadas pelo Mariscal, o ponteiro-esquerdo Gallardo logo foi transformado em um sonho de consumo da família Bentín, os fundadores do Club Sporting Cristal.

Bem recebido no Palmeiras, Gallardo era conhecido pelo apelido de “Gazela”. Crédito: revista A Gazeta Esportiva Ilustrada número 314 – Novembro de 1966.

Equipe do Palmeiras no Pacaembu em 1967. Em pé: Djalma Santos, Valdir, Djalma Dias, Minuca, Zequinha e Ferrari. Agachados: Gallardo, Jair Bala, Ademir da Guia, César Lemos e Rinaldo. Crédito: revista Fatos e Fotos.

No verão de 1960, depois de uma negociação difícil e prolongada, o promissor e talentoso atacante do Mariscal foi finalmente apresentado aos torcedores do Sporting Cristal.

Também conhecido pelo apelido de “Jet”, Gallardo não demorou para entrosar. Em 1961 faturou o título da liga peruana com uma vitória por 2×0 sobre o Alianza, quando foi o autor de um dos gols da expressiva conquista.

Dono de um arranque espetacular, fintas curtas e arremates certeiros, Galhardo fez sua primeira participação no selecionado peruano durante a disputa da Copa América em 1963.

Logo em seguida cruzou o Atlântico para jogar pelo Milan da Itália. Mas Gallardo sofreu com o clima e com o ambiente carregado de cobranças. Depois de apenas 15 partidas foi cedido por empréstimo ao Cagliari.

Mas essa transferência não facilitou em nada sua adaptação! Mesmo assim, pelo Cagliari, Gallardo disputou um total de 40 partidas e marcou 6 gols. Então, uma boa proposta foi formalizada pela Sociedade Esportiva Palmeiras.

Muito talento na linha ofensiva do Palmeiras! Partindo da esquerda; Gallardo, Ademar Pantera e Servílio. Crédito: revista do Esporte número 416 – 1967.

Gringos no Parque Antártica! Gallardo aparece ao lado do goleiro uruguaio Maidana. Crédito: revista do Esporte número 466.

Bem recebido no Parque Antártica, Gallardo ficou conhecido pelos companheiros como “Gazela”. Em pouco tempo encontrou lugar no time em razão de uma contusão no joelho de Tupãzinho.

No campeonato paulista de 1966, o peruano foi aproveitado em outras posições do ataque e seu papel foi determinante na conquista do título.

Foram encontradas duas versões para sua saída do Palmeiras. A primeira, uma grave doença do pai e a outra um suposto desacordo financeiro, fato publicado pela revista Placar em 23 de março de 1979.

Entre 1966 e 1967, Gallardo disputou ao todo 45 compromissos com a camisa esmeraldina. Foram 23 vitórias, 12 empates, 10 derrotas e 21 gols marcados!

De volta ao Sporting Cristal, Gallardo foi novamente campeão da liga peruana nas edições de 1968, 1970 e 1972.

Existem duas versões para sua saída do Palmeiras. A primeira, uma grave doença do pai e a outra um suposto desacordo financeiro! Crédito: revista Sport número 34 – Suplemento Mensal de El Gráfico – Junho de 1967.

Ramón Mifflin e Gallardo nos bons tempos do Sporting Cristal. Crédito: revista Sport Gráfico.

Pelo selecionado peruano, Gallardo fez parte do elenco que realizou uma ótima campanha na Copa do Mundo de 1970. Também disputou a Taça Independência realizada no Brasil em 1972.

Gallardo jogou pelo Sporting Cristal até 1974, quando decidiu iniciar o trabalho como treinador nas divisões amadoras do próprio clube.

Em 1976 voltou aos gramados. Continuou encantando multidões com sua classe até fevereiro de 1978. Foram 242 partidas e 122 gols pelo Sporting Cristal.

Félix Alberto Gallardo Mendoza faleceu em Lima, no Peru, no dia 19 de janeiro de 2001. Conforme divulgado pela imprensa, o óbito ocorreu por complicações de uma cirurgia de vesícula, o que provocou muita indignação dos familiares que alegaram negligência médica.

Desde abril de 2012, o estádio do Sporting Cristal foi rebatizado com o nome completo de Gallardo, um reconhecimento merecido ao seu grande futebol.

Chumpitaz e Gallardo antes de mais um duelo entre Universitário e Sporting Cristal. Crédito: conmebol.com.

Gallardo sempre guardou boas lembranças da passagem pelo Palmeiras. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 23 de março de 1979.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por José Maria de Aquino e Manoel Motta), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista Deporte Gráfico, revista do Esporte, revista El Gráfico, revista Fatos e Fotos, revista Manchete, revista Sport Gráfico, Jornal A Gazeta Esportiva, campeoesdofutebol.com.br, conmebol.com, palmeiras.com.br, site do Milton Neves, Álbum de figurinhas Panini, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.