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Mesmo sem ter conquistado um título importante para enaltecer o seu trabalho profícuo, o carioca Plácido Monsores pode ser considerado um dos treinadores mais competentes de seu tempo!

Plácido de Assis Monsores nasceu no dia 4 de outubro de 1912, no bairro de Bangu, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Na mocidade, o rapazola engatinhou no mundo da bola como zagueiro de uma equipe chamada Cruz de Malta, no mesmo bairro de Bangu.

Torcedor fanático do Vasco da Gama, Plácido Monsores iniciou sua carreira profissional como atacante nas fileiras do Bangu Atlético Clube (RJ), equipe que defendeu no período entre 1931 e 1934 conquistando o título carioca de 1933 (Liga Carioca de Futebol – LCF).

Em 1935 foi jogar pelo America Football Club (RJ), onde viveu uma grande fase ao conquistar o campeonato carioca de 1935 e a Taça dos Campeões Rio-São Paulo, uma espécie de “tira-teima” entre os campeões dos dois maiores centros de futebol do Brasil.

Mas, os títulos ficam em segundo plano, se comparados aos acontecimentos da tarde de 30 de julho de 1939. Plácido jogou com o braço quebrado na vitória do America por 3×1 diante do Vasco, o que causou uma enorme preocupação aos administradores da partida.

Do gramado para o Hospital. Crédito: revista O Globo Sportivo número 50 – 5 de agosto de 1939.
O jornalista Charles Guimarães em entrevista com o então novato treinador Plácido Monsores. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 653 – 12 de outubro de 1950.

– “A dor era muito forte, mas eu queria voltar ao jogo, para o total desespero do médico. Então, colocaram uma tipoia de ripas e me deram um analgésico, o que não ajudou em muita coisa”. (Fonte: Revista O Globo Sportivo número 50 – 5 de agosto de 1939).

O retorno inesperado de Plácido ao jogo causou uma notável reação no ânimo de seus companheiros, o que reverteu o quadro de forte pressão exercida pelo Vasco da Gama em busca do empate.

– “Mal o jogo terminou, ainda com os aplausos da torcida, me levaram para o hospital para engessar o braço. Só assim fiquei sabendo que era uma fratura em dois lugares no meu antebraço esquerdo”. (Fonte: Revista O Globo Sportivo número 50 – 5 de agosto de 1939).  

Atacante habilidoso, dificilmente perdia uma chance de gol, o que representou sua convocação para servir o selecionado carioca. Plácido Monsores jogou pelo time da Rua Campos Sales até 1943, quando foi defender o Ypiranga de Salvador (BA).

Continuou no emergente cenário baiano até o findar de 1944, quando feliz voltou ao Rio de Janeiro para encerrar sua carreira como jogador do Bangu na temporada de 1945.

Plácido Monsores ao lado do Filho, o zagueiro Deuslene, grande revelação do Madureira. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 863 – 21 de outubro de 1954. 
No Madureira, Plácido de Assis Monsores (direita) ofereceu muitas oportunidades aos jovens talentos das categorias amadoras, como o pequeno Davi, que cresceu muito de produção no time principal. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 876 – 20 de janeiro de 1955.

Ainda em 1945, no Bangu, Plácido Monsores fez parte da Comissão Técnica do treinador Salvador Perini. Alguns meses depois assumiu definitivamente o comando do time até o fim de 1946, quando firmou compromisso com o então Madureira Atlético Clube (*).

(*) Com o objetivo de ampliar os horizontes esportivos do clube, no dia 12 de outubro 1971 foi criado o Madureira Esporte Clube, resultado da fusão entre o Madureira Atlético Clube, Madureira Tênis Clube e o Imperial Basquete Clube. A data de fundação, no entanto, prevaleceu 8 de agosto de 1914.

E foi no comando do Madureira que Plácido conquistou notoriedade, embora o quadro da Rua Conselheiro Galvão tenha apresentado um desempenho de altos e baixos ao longo dos anos em que se manteve como treinador (entre 1947 e 1955).

Contrapondo-se ao mineiro Martim Francisco, Plácido Monsores era categórico ao reivindicar para si a criação do esquema de jogo 4-2-4, além de outras variações consagradas, como o 4-4-2 e o 4-3-3.

– “A formação 4-2-4 foi o melhor recurso que encontrei para enfrentar equipes que jogavam em diagonal, uma opção que sucedeu o tão falado esquema WM criado pelo inglês Herbert Chapman”. (Fonte: Revista do Esporte número 266 – 11 de abril de 1964).

“Dentro de dois anos, o Campo Grande vai brigar pelo título de campeão carioca”. Crédito: revista do Esporte número 183 – 8 de setembro de 1962.
“Empenho e vontade de vencer. Por isso prefiro trabalhar com gente nova”. Crédito: revista do Esporte número 204 – 2 de fevereiro de 1963.

– “O 4-4-2, uma variação do 4-2-4, também foi usado por mim no Madureira. A equipe estava fragilizada depois da saída de Didi, Godofredo e Hermínio. Então recuei os dois ponteiros para ajudar na marcação”.

Depois da saída repentina de Martim Francisco do comando do América, os dirigentes procuraram resolver o problema de uma forma imediata, com o aproveitamento de um dos integrantes da Comissão Técnica, o Sr. Carlos Mangualde.  

Todavia, os resultados logo revelaram que Mangualde não poderia ficar por muito tempo no comando do time americano. Foi assim que o dirigente Giullite Coutinho estudou uma lista enorme de possibilidades.

Na lista, os nomes de Carlos Volante, do uruguaio Felix Magno, do competente Geninho e também de Otto Glória, que estava em Portugal. Mas, depois de analisar por um bom tempo, Giullite Coutinho surpreendeu ao contratar Plácido Monsores.

Sem os resultados esperados no América, Plácido Monsores deixou o Rio de Janeiro em 1958 para trabalhar no América Futebol Clube de Pernambuco. Em seguida passou novamente pelo Ypiranga de Salvador (BA).

Mesmo sem ter conquistado um título importante para marcar o seu trabalho profícuo, Plácido Monsores pode ser considerado um dos treinadores mais competentes de sua época! Crédito: revista do Esporte número 213 – 6 de abril de 1963.
“O esquema 4-2-4 foi o melhor recurso que encontrei para enfrentar equipes que jogavam em diagonal”. Crédito: revista do Esporte número 266 – 11 de abril de 1964.

Só regressou ao Rio de Janeiro em 1961, quando pensou seriamente em deixar o futebol de lado para cuidar da família e dos negócios, uma barbearia em Mangaratiba (RJ) e um bar de propriedade do filho.

Saudoso das coisas da bola, em 1962 Plácido Monsores aceitou um convite para dirigir o Campo Grande Atlético Clube (RJ), onde desenvolveu um bom trabalho que o conduziu mais uma vez ao Bangu no findar de 1964.

Nessa época, Plácido Monsores residia em Mangaratiba, o que causava um deslocamento desgastante de duas horas para chegar em Moça Bonita. (Fonte: Revista do Esporte número 302 – 19 de dezembro de 1964).

Vice-campeão carioca de 1964 pelo Bangu, Plácido Monsores continuou trabalhando no Bangu até 1969, quando definitivamente deixou o futebol. (*) Algumas fontes apontam uma breve passagem pelo Madureira nesse período.

Sempre lembrado nas equipes em que trabalhou, Plácido de Assis Monsores faleceu no dia 2 de julho de 1977, no Rio de Janeiro (RJ). O ex-treinador contava com 64 anos de idade.

“Pensei em parar com o futebol em 1961, mas minha vontade de continuar foi maior”. Crédito: revista do Esporte número 266 – 11 de abril de 1964.
Com a camisa do Madureira nas mãos, o técnico Plácido Monsores garante: “O inventor do 4-2-4 fui eu”. Crédito: revista do Esporte número 266 – 11 de abril de 1964.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista do Esporte (por Anselmo Domingos), revista Esporte Ilustrado (por Alberto Ferreira, Charles Guimarães, Jorge Miranda, Leunam Leite, Manuel Etiel, Mauro Pinheiro e Roberto Mércio), revista Manchete Esportiva, revista O Globo Sportivo, Jornal dos Sports, americario.com.br, bangu.net, campeoesdofutebol.com.br, madureiraec.com.br, albumefigurinhas.no.comunidades.net.