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Augusto Vieira de Oliveira, bicampeão paulista 1955 e 1956, Goytacaz Futebol Clube (RJ), Tite ponta esquerda do Santos
A manobra parecia uma solução perfeita! Ainda conhecido pelo curioso apelido de “Gasolina”, Pelé seria um reforço ideal para o Santos enfrentar o Jabaquara na final do campeonato citadino juvenil de 1956.
O Jabaquara precisava apenas do empate e vencia o confronto por 1×0, placar que garantia o tricampeonato da categoria ao time de camisa “rubro-amarela”.
Até que aconteceu algo inesperado. Com o dedo em riste, o jovem e destemido árbitro Romualdo Arppi Filho não teve dúvidas ao marcar uma penalidade em favor do time da Vila Belmiro.
Indignados, os jogadores do Jabaquara cercaram Romualdo Arppi Filho, que mesmo diante das reclamações não titubeou em colocar a bola na marca fatal.
Um fenômeno em franca ascensão, Pelé correu e bateu na bola sem muita força, no canto direito. O goleiro Fininho do Jabaquara arriscou o canto e encaixou firme, sem rebote, para delírio dos torcedores do “Leão do Macuco”.
No final da partida, Pelé estava visivelmente abalado enquanto caminhava em direção ao vestiário. Foi quando notou uma presença ao seu lado. Era o ponta-esquerda Tite, que confiante abraçou o futuro “Rei do Futebol” e disparou em tom quase profético:
– Tenha calma “Gasolina”. Você ainda terá muitas penalidades para cobrar e outras 1.000 chances para marcar!
Conhecido como “Tite” ou ainda “Titoca”, Augusto Vieira de Oliveira nasceu no município de Campos dos Goytacazes (RJ), em 4 de junho de 1930.
Tite começou sua trajetória nos quadros amadores do Goytacaz Futebol Clube, antes de chegar bem recomendado ao Fluminense Football Club em 1947.
Em pouco tempo nas Laranjeiras, o promissor Tite percebeu que dificilmente seria aproveitado no time principal, já que Telê Santana contava com muito prestígio no corredor direito e Quincas era o dono absoluto da ponta-esquerda.
Então, sem qualquer possibilidade na direita ou mesmo na esquerda, Tite foi aos poucos desanimando, até aparecer uma proposta salvadora do Santos Futebol Clube em abril de 1951.
A cidade de Santos também tinha sua deliciosa “fragrância marítima”. Assim, o promissor ponta-esquerda carioca não apresentou maiores dificuldades em sua ambientação.
Apesar de muito jovem, o ponteiro Tite já era dono de um futebol colaborativo, o que o transformou em um dos primeiros “Falso-Ponta” do futebol. Tite ajudava na armação das jogadas, enquanto Vasconcelos jogava de forma mais avançada.
Quando a jogada ficava manjada, Tite voltava para o lado esquerdo do gramado. Então era Vasconcelos que alimentava Tite com passes em profundidade!
Talentoso e goleador, Tite marcou 151 gols pelo alvinegro praiano, número que o coloca entre os maiores artilheiros da história do clube. Também foi um dos recordistas de participações, com 475 compromissos disputados.
“Pé-quente”, Tite faturou vários títulos com a camisa do Santos, embora tenha passado rapidamente pelo Corinthians antes de voltar novamente ao time da Vila Belmiro.
– Bicampeonato mundial interclubes 1962 e 1963, Taça Libertadores da América 1962 e 1963, campeonato paulista 1955, 1956, 1960, 1961 e 1962, Taça Brasil 1961, 1962 e 1963, Torneio Rio-São Paulo 1963, além de importantes torneios nacionais e internacionais.
Presença sempre garantida no selecionado paulista, Tite também jogou pela Seleção Brasileira na disputa da Copa Roca de 1957.
Curiosamente, na Copa Roca de 1957, Tite testemunhou o primeiro gol de Pelé com a camisa canarinho. A partida aconteceu em 7 de julho de 1957 no Estádio do Maracanã, com vitória da Argentina por 2×1.
Em 1958, Tite passou pelo Sport Club Corinthians Paulista. Foram 94 partidas com 54 vitórias, 20 empates, 20 derrotas e 30 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.
Abaixo, os registros da primeira partida de Pelé pela Seleção Brasileira, quando Tite também esteve em campo:
7 de julho de 1957 – Copa Roca – Brasil 1×2 Argentina – Estádio do Maracanã – Árbitro: Erwin Hieger (Áustria) – Gols: Labruna aos 30′ do primeiro tempo; Pelé aos 76′ e Juárez aos 77′ do segundo tempo.
Brasil: Castilho, Paulinho de Almeida, Bellini, Jadir e Oreco; Zito (Urubatão) e Luizinho; Maurinho, Mazzola (Moacir), Del Vecchio (Pelé) e Tite. Técnico: Sylvio Pirillo. Argentina: Carrizo, Pizarro e Vairo; Gianserra, Rossi (Guidi, aos 77) e Urriolabeitia; Oreste Corbatta, Herrera (Antônio), Juárez (Blanco), Labruna e Moyano. Técnico: Guillermo Stábile.
O ponteiro-esquerdo ainda voltou ao Santos na temporada de 1960. Ganhou títulos importantes e continuou nos gramados até o mês de agosto de 1963.
Ao deixar o futebol, Tite não ficou longe do Santos e trabalhou na diretoria do clube. Músico de grande talento, Augusto Vieira de Oliveira faleceu na cidade de Santos (SP), em 26 de agosto de 2004.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Celso Dario Unzelte), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada (por Pedro P. Barreto), revista do Corinthians, revista do Esporte, revista Esporte Ilustrado, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal Mundo Esportivo, acervosantosfc.com (por Gabriel Santana), campeoesdofutebol.com.br, cbf.com.br, dnasantastico.com, gazeta esportiva.net, globoesporte.globo.com, museudosesportes.blogspot.com.br, placar.abril.com.br, santosfc.com.br (por André Mendes), site do Milton Neves (por Rogério Micheletti), Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, Livro: Seleção Brasileira 90 Anos – Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, albumefigurinhas.no.comunidades.net.