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Campeão paulista de 1972, Elias Ferreira Sobrinho, Nei ponta esquerda do Palmeiras, Torneio Governador Laudo Natel 1972
O futebol atrevido sempre esteve presente em suas canelas finas e pés pequenos. Destemido, Nei nunca se deixou intimidar pelos tocos e encontrões daqueles que tentavam brecar sua rara habilidade.
Elias Ferreira Sobrinho, o Nei que fez grande sucesso pelo Palmeiras, nasceu em Nova Europa, região da cidade de Araraquara (SP), em 15 de Agosto de 1949.
Na infância, Elias era chamado de “Nenê” por sua mãe e com o passar do tempo apenas por “Nê”. O pai, que trabalhava como Torneiro Mecânico, faleceu quando Nê ainda era uma criança.
Nê trabalhou inicialmente em uma padaria e depois foi cortar cana para ajudar a mãe na criação dos cinco irmãos. Encerrado o trabalho matinal na roça, Nê ainda encontrava forças para ir descalço ao grupo escolar.
Mesmo diante de tantas responsabilidades, o pequeno Nê sempre reservava um tempinho para jogar futebol no campinho próximo da Igreja.
No decorrer da juventude, pela semelhança física com o famoso atacante Nei Oliveira do Corinthians, Nê ficou conhecido pelos amigos como Nei.
Jogando como ponteiro esquerdo do time amador do Nova Europa, Nei enfrentou o juvenil da Ferroviária em 1967.
Naquela oportunidade, seu futebol foi notado pelo técnico Vail Mota, que prontamente o convidou para treinar na Fonte Luminosa. Depois de alguns meses no juvenil na Ferroviária, Nei foi aproveitado no time principal por Diede Lameiro em 1969.
Depois da negociação do também ponteiro esquerdo Pio (Osmar Alberto Volpe) para o Palmeiras, Nei ganhou espaço rapidamente e assumiu a camisa de titular.
Sua estreia como titular aconteceu em uma partida contra o Palmeiras, no estádio do Parque Antártica. Naquele dia, o baixinho Nei arrebentou com o jogo em uma surpreendente vitória da Ferroviária.
Depois, foi a vez do São Paulo cair diante do quadro de Araraquara. Na época, o time do Morumbi era treinado pelo mestre Brandão, que ficou boquiaberto com a grande habilidade do novato ponteiro esquerdo da Ferroviária.
Indicado pelo próprio Brandão, o São Paulo queria contar com o futebol de Nei para disputar o campeonato paulista.
Dessa forma, a proposta por empréstimo foi enviada aos diretores da Ferroviária, que não aceitaram o que foi oferecido. Assim, o ponteiro esquerdo esqueceu o Morumbi e permaneceu em Araraquara.
Algum tempo depois, Pio passava por um momento de instabilidade no Palmeiras. Foi assim que os dirigentes, Domingos Iannacone e Nicola Racciopi, correram até Araraquara e ofereceram uma maleta recheada com 250 mil cruzeiros novos.
Em janeiro de 1972, com um salário de 4.000 cruzeiros mensais, o dobro do que recebia na Ferroviária, Nei foi anunciado como o novo reforço do Palmeiras.
Nei chegou ao Palmeiras mantendo seu jeito tímido e caipira, sendo apelidado pelos novos companheiros de “mudinho”.
Logo em sua primeira temporada, Nei ajudou o Palmeiras na quebra de um jejum de seis anos sem títulos paulistas. O “caneco” foi conquistado de forma invicta contra o São Paulo, em um clássico disputada no Pacaembu.
Considerada até hoje como a “Temporada Perfeita”, o Palmeiras ganhou tudo que disputou em 1972:
– Campeão paulista (invicto), campeão brasileiro, campeão do Torneio de Mar Del Plata, campeão do Torneio Governador Laudo Natel, além da posse da Taça dos Invictos.
E por falar em jogos contra o São Paulo, Nei travou duelos homéricos contra o lateral direito Forlan, que rosnando, cuspindo e ameaçando, tentava manter de qualquer maneira o pequeno Nei longe de seu território.
Nai também faturou o campeonato brasileiro de 1973, o campeonato paulista de 1974 e 1976, além do Troféu Ramón de Carranza nas edições de 1974 e 1975.
Aborrecido pela ausência no grupo que disputou o mundial de 1974, Nei finalmente teve seu nome lembrado na Seleção Brasileira do técnico Brandão em 1976.
Conforme publicado no site palmeiras.com.br, o último jogo de Nei com a camisa do Palmeiras aconteceu em 5 de outubro de 1980, na derrota por 2×0 para o XV de Jaú.
Nei foi envolvido em uma troca com o ponteiro Osni do Botafogo, mas não permaneceu muito tempo em Ribeirão Preto.
Ao todo, foram 448 partidas pelo Palmeiras, com 254 vitórias, 154 empates, 80 derrotas e 71 tentos marcados. Os números fazem parte do Almanaque do Palmeiras, de autoria de Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Depois da passagem por Ribeirão Preto, Nei foi negociado com o Grêmio Maringá, equipe onde encerrou sua carreira em 1983, depois de ser diagnosticado com problemas na coluna vertebral.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por José Maria de Aquino e Carlos Maranhão), revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, topicos.estadao.com.br, diarioweb.com.br, campeoesdofutebol.com.br, cacellain.com.br, site do Milton Neves, ferroviariadeararaquara.com.br, palmeiras.com.br, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, albumefigurinhas.no.comunidades.net.