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Campeonato Pan-Americano de 1952, Expresso da vitória, Ipojucan Lins de Araújo, Ipojucan Vasco da Gama
Ipojucan era um desses craques capazes de fazer qualquer coisa com uma bola nos pés. Apreciava oferecer ao público jogadas de efeito, com toques de trivela e dribles desconcertantes.
Foi uma espécie de “Doutor Sócrates” de sua época, com passes de calcanhar e tudo!
Ao longo dos anos, Ipojucan foi venerado por uma legião de admiradores, dos mais humildes aos mais ilustres, que nunca pouparam elogios ao seu refinado futebol.
Entre os fãs declarados de Ipojucan encontramos grandes personalidades; como o jornalista Sérgio Cabral, o destacado radialista Luiz Mendes e Servílio de Jesus Filho, marcante atacante da Portuguesa de Desportos, do Palmeiras e da Seleção Brasileira.
Falamos também de Ademir Marques de Menezes, grande artilheiro que cansou de fazer gols graças aos passes surpreendentes de Ipojucan.
Ipojucan Lins de Araújo nasceu em Maceió (AL), no dia 3 de junho de 1926. Antes de brilhar com a camisa do Vasco da Gama, o jovem Ipojucan batia sua bolinha no bairro da Piedade, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
Alto, forte e habilidoso, Ipojucan foi convidado para jogar no infantil do River Football Club, uma equipe que na época disputava a segunda divisão no cenário carioca.
O sucesso no River o levou rapidamente ao Canto do Rio Foot-Ball Club, equipe onde permaneceu até 1942, quando representantes do Club de Regatas Vasco da Gama manifestaram interesse em contar com o fenômeno alagoano em São Januário.
E não faltavam pessoas de todos os credos para ver o rapazola treinar. Calado e reservado, Ipojucan era um meia-armador de qualidade acima da média.
Com o passar do tempo, principalmente depois que chegou ao time principal em 1944, não era difícil perceber que Ipojucan detestava treinar.
Mesmo depois que Ipojucan já era um craque consagrado, a imprensa esportiva ainda apresentava enormes dificuldades para escrever, ou mesmo proferir seu nome de maneira correta.
Escreviam e falavam erradamente, como um exercício infindável de sucessivos enganos: Gol de Ipojucã… Lá vai Ipojucam… Grande jogada de Pojuca, Pojucan… E por ai afora!
Apesar de ser um “monstro sagrado” com o couro nos pés, Ipojucan era considerado um sujeito psicologicamente frágil.
Ao perder um gol praticamente feito no primeiro tempo da partida decisiva do campeonato carioca de 1950, o craque alagoano foi para o vestiário de cabeça baixa.
Depois do intervalo, Ipojucan dizia que não estava bem e não queria mais voltar ao gramado. Então, o irritado técnico Flávio Costa o mandou de volta para o campo debaixo de bofetes e safanões!
Mesmo completamente alheio e esquecido na ponta-direita, Ipojucan ofereceu um magnífico passe para Ademir Marques de Menezes marcar o gol do título contra o América.
Mas Ipojucan não era apenas um grande meia-armador; ou apenas um servidor de bolas para os companheiros. Também sabia fazer gols!
Suas principais conquistas foram o campeonato carioca nas edições de 1945, 1947, 1949, 1950 e 1952; além do Torneio de Clubes Campeões Sul-Americanos em 1948.
Ocupando uma cadeira de honra no “Expresso da Vitória”, Ipojucan disputou ao todo 413 partidas e marcou 225 gols no período entre 1944 e 1954.
Na Seleção Brasileira, Ipojucan foi um dos responsáveis diretos pela primeira grande conquista do escrete no exterior: O Campeonato Pan-Americano de 1952.
Sem acordo para renovar contrato com o Vasco, seu passe foi negociado com a Associação Portuguesa de Desportos em 1954. Na época, o experiente Ipojucan foi apresentado aos torcedores paulistas como um grande reforço!
Ipojucan continuou jogando pela Portuguesa de Desportos até 1960, ano em que encerrou sua trajetória como jogador e iniciou o ciclo como auxiliar técnico e depois como treinador na mesma Portuguesa.
Em 1966, enquanto treinava o Esporte Clube Noroeste de Bauru (SP), Ipojucan descobriu que sofria de Nefrite, uma doença nos rins.
Internado durante muito tempo, Ipojucan recebeu o transplante de rim em 1970. Foi um dos primeiros procedimentos dessa natureza na América do Sul.
Ipojucan Lins de Araújo faleceu no dia 19 de junho de 1978, em plena disputa da Copa do Mundo da Argentina.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão e Luis Fernando Verissimo), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista Esporte Ilustrado, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, Jornal Mundo Esportivo, agenciaoglobo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, museudosesportes.blogspot.com.br, site do Milton Neves (por Raphael Cavaco), vasco.com.br.