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lateral esquerdo Odirlei, Odirlei Magno, Seleção Brasileira de Master's, vice-campeão brasileiro 1985
Anular o perigo das investidas dos laterais da Ponte Preta! Esse era o grande motivo das preocupações do Corinthians nas finais do campeonato paulista de 1977.
E logo no primeiro duelo decisivo, o time do Parque São Jorge não poderia contar com o ponteiro-direito Vaguinho.
Com um sério problema para resolver, o técnico Oswaldo Brandão e o professor José Teixeira encontraram uma solução. Basílio foi o escolhido para jogar como “falso ponta-direita”, muito mais recuado do que estava acostumado na meia-cancha.
Assim, Adãozinho foi escalado para colar em Jair Picerni, enquanto Basílio faria o mesmo pelo lado esquerdo com Odirlei, uma engenhosa manobra desenhada para deixar Palhinha livre no papel de criação!
Como veremos, a qualidade para apoiar era uma característica marcante do lateral-esquerdo Odirlei Magno, nascido na cidade de Curitiba (PR), em 28 de março de 1952.
Até os 18 anos de idade, o futebol profissional era uma remota possibilidade na vida do jovem Odirlei, que naqueles tempos trabalhava como marceneiro.
Em 1970, o rapazola realizou testes no antigo Britânia e no ano seguinte foi levado para jogar pelo Santa Quitéria, uma equipe da segunda divisão paranaense.
Em seguida, Odirlei foi encaminhado ao extinto Esporte Clube Pinheiros para jogar como ponteiro-esquerdo. Foi quando o treinador Alex (ex jogador do Botafogo de Ribeirão Preto) percebeu que Odirlei seria melhor aproveitado na lateral-esquerda.
Em 1975 foi emprestado Atlântico de Erechim (RS). Na volta ao Pinheiros, Odirlei foi indicado para a Associação Atlética Ponte Preta pelo técnico Armando Renganeschi.
A negociação só foi concretizada em janeiro de 1976, pela quantia de 250 mil cruzeiros. Jogando pela “Macaca”, Odirlei ficou conhecido pelos companheiros como “Touro”, um apelido que ganhou força em razão de sua ótima condição física.
Conforme matéria assinada por João Areosa na revista Placar de 25 novembro de 1977, Odirlei foi definido como “Arco e Flecha”. Com demolidoras investidas ofensivas, seu futebol era de grande utilidade no esquema do técnico Zé Duarte.
No segundo confronto das finais do campeonato paulista de 1977, Odirlei recebeu o cartão amarelo aos 45 minutos do segundo tempo. Foi um lance comum, conforme lembra o próprio Odirlei:
– “Eu não recordo muito bem. Sei que a bola estava para sair do campo e então eu dei um chutão. Tem gente que fala que a bola foi parar na arquibancada, outros falam que foi apenas um chutinho”.
– “Para mim foi apenas um toque. Mas o árbitro Romualdo Arppi Filho não quis saber de nada e disparou: Você está ferrado e vai ficar de fora do terceiro jogo. Ajoelhei e implorei, mas não adiantou nada”.
– “Parecia que tudo estava combinado. O Jair Picerni chutou a bola várias vezes para longe do campo de jogo. Mas, diferente de mim, ele não estava pendurado”.
Com Odirlei fora da grande decisão, o time de Campinas não perdeu apenas em força ofensiva. Ângelo, que o substituiu, não tinha os mesmos atributos técnicos e isso aumentou o poderio ofensivo do Corinthians.
Um arrependimento? Não ter participado da Copa do Mundo de 1978. Naquela ocasião, Odirlei disse ao técnico Cláudio Coutinho que não poderia viajar para a Argentina por problemas em seu casamento.
Odirlei também foi vice-campeão paulista em 1979 e 1981. Continuou na Ponte Preta até o ano de 1982, quando seus direitos federativos foram negociados com a Associação Portuguesa de Desportos.
Na Portuguesa, onde permaneceu até 1984, Odirlei foi o titular absoluto em 123 partidas disputadas com 4 gols marcados. A última participação pela Portuguesa aconteceu em 21 de junho de 1984, na vitória de 1×0 sobre o Taubaté no Canindé.
Seu melhor desempenho aconteceu na temporada de 1985, ano em que foi vice-campeão brasileiro pelo Bangu (RJ). O quadro carioca perdeu o confronto final para o Coritiba nas penalidades. Depois, Odirlei acertou sua transferência para o Santa Cruz (PE).
Conforme publicado pelo site bangu.net, Odirlei defendeu o time de “Moça Bonita” em 14 oportunidades com 8 vitórias, 4 empates e 2 derrotas.
O lateral-esquerdo jogou ainda pelo Atlético de Três Corações (MG), Comercial (SP), Marília (SP), União Barbarense (SP), Velo Clube (SP). Odirlei encerrou a carreira profissional em 1989, no Linense (SP). (*) Brilhou também pela Seleção Brasileira de Masters.
Conforme publicado pelo site m.futebolinterior.com.br, longe do mundo da bola Odirlei passou por momentos difíceis e precisou vender água mineral para sobreviver.
Foi um convite do ex-companheiro Dicá que o fez sorrir novamente. O trabalho como professor em escolinhas de futebol chegou no momento certo!
Atualmente, Odirlei mora em casa própria na cidade de Campinas. Fica nossa saudade de um tempo em que os times da cidade de Campinas metiam medo mesmo!
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por João Areosa, José Maria de Aquino, Manoel Motta e Maurício Cardoso), revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal da Tarde, Jornal dos Sports, bangu.net, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, m.futebolinterior.com.br (por Ariovaldo Izac), pontepreta.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti), albumefigurinhas.no.comunidades.net.