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Associação Desportiva Araraquara, Campeão paulista de 1966, campeão paulista de 1974, Dudu volante do Palmeiras, Olegário Tolói de Oliveira
Fim de jogo. Chuteiras na mão, meias arriadas e camisa pesada pelo suor depositado nas fibras de algodão.
Operário da bola, Dudu calmamente passa pela chapeira e pega o cartão de ponto. Coloca o papelão surrado na fenda do relógio de ponto e “clink”, mais um dia com o dever cumprido!
Dia ou noite, chuva ou sol, lá estava o incansável Dudu com o número 5 bordado nas costas. “Pau pra toda obra”, o lendário médio-volante do Palmeiras nunca fez questão de qualquer exclusividade.
Olegário Tolói de Oliveira, também lembrado como “o moço de Araraquara” pelo saudoso narrador Fiori Gigliotti, nasceu na cidade de Araraquara (SP) em 7 de novembro de 1939.
Dudu começou sua trajetória em 1954, nos quadros da Associação Desportiva Araraquara, agremiação também conhecida como ADA, onde foi campeão amador em 1959.
Ainda em 1959, seus direitos foram negociados com a Associação Ferroviária de Esportes. No time da Fonte Luminosa, Dudu jogou ao lado de grandes nomes; como o goleiro Rosan, Bazzani, Faustino, Peixinho e outros tantos valores daquele período.
Com o terceiro lugar conquistado no campeonato paulista de 1959, o melhor resultado da Ferroviária na história da competição, o futebol de Dudu foi devidamente reconhecido como uma das revelações do certame.
Dudu também participou da excursão pelos gramados da Europa e da África entre abril e junho de 1960. Ao todo foram 20 partidas com 17 vitórias, 2 empates e apenas 1 derrota.
Em mais uma grande jornada, Dudu foi um dos destaques no jogo de preparação da Seleção Brasileira contra a Ferroviária, amistoso disputado em 29 de abril de 1962.
Inicialmente como meia de armação, Dudu só foi aproveitado na posição de médio-volante em 1963, quando o companheiro Dirceu foi negociado com um clube mexicano.
Incansável e sempre leal, Dudu nunca fez parte do rol dos truculentos, pois nem apresentava uma composição física para isso.
Mesmo assim, podemos considerar “o moço de Araraquara” como um verdadeiro “carrapato” na marcação dos habilidosos armadores da época.
Dudu despertou o interesse da Sociedade Esportiva Palmeiras nos primeiros meses de 1964. Depois de uma cansativa negociação, o jogador foi informado de sua transferência definitiva para o time do Parque Antártica.
Sua apresentação ao presidente do Palmeiras Delfino Facchina ficou acertada para o dia 31 de março, mesmo data do golpe militar no Brasil.
Com o fechamento das estações ferroviárias pelo Exército, Dudu passou por dificuldades para deixar Araraquara e desembarcar em São Paulo.
Conforme publicado pelo site palmeiras.com.br, o primeiro jogo de Dudu pelo alviverde aconteceu no sábado de 11 de abril de 1964, no Pacaembu.
Naquela noite, além de Dudu, o Palmeiras também colocou em campo outro bom reforço para a temporada; o ponteiro esquerdo Rinaldo Amorim.
Abaixo, os registros do clássico vencido pelo Santos no Pacaembu por 2×1:
Torneio Rio-São Paulo – 11 de abril de 1964 – Palmeiras 1×2 Santos – Estádio do Pacaembu – Árbitro: Anacleto Pietrobon – Gols: Zito aos 15′ do primeiro tempo; Julinho Botelho aos 8′ e Peixinho aos 20′ do segundo tempo.
Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias e Geraldo Scotto; Zequinha (Dudu) e Tarciso; Gildo (Julinho Botelho), Vavá, Servílio (Rinaldo), Ademir da Guia e Tupãzinho. Técnico: Sílvio Pirillo. Santos: Gylmar; Ismael, Olavo e Lima; Joel Camargo e Zito (Geraldino); Peixinho, Gonçalo (Rossi), Coutinho, Almir (Toninho) e Pepe. Técnico: Lula.
Com um fôlego privilegiado, Dudu foi um dos grandes marcadores de Pelé, Pedro Rocha, Roberto Rivellino e outros grandes craques daquela geração.
Grande companheiro de Ademir da Guia, Dudu era dono de boas qualidades técnicas na distribuição inicial de bola pela meia-cancha.
No escrete canarinho participou de alguns compromissos na década de 60, inclusive no dia 7 de setembro de 1965, nas festividades de inauguração do Estádio do Mineirão, quando o Palmeiras representou o Brasil e venceu o Uruguai por 3×0.
Também fez parte de algumas convocações no período de preparação para o mundial da Inglaterra, em 1966.
Humilde e praticante da doutrina espírita, Dudu era uma espécie de conselheiro do elenco, além de fazer o trabalho de tesoureiro da “caixinha” dos jogadores do Palmeiras.
Foram várias conquistas no Palmeiras: Torneio Rio-São Paulo 1965; Taça Brasil 1967; Torneio Roberto Gomes Pedrosa 1967 e 1969; campeonato brasileiro 1972 e 1973; Troféu Ramón de Carranza 1969, 1974 e 1975; Torneio Laudo Natel 1972 e o campeonato paulista nas edições de 1966, 1972 e 1974.
Dudu também faturou o concorrido prêmio “Bola de Prata” da revista Placar em 1974.
Entre os grandes momentos de sua longa caminhada, Dudu sempre lembrou com carinho da final do campeonato paulista 1974 diante do Corinthians.
Naquele “Derby” decisivo no Morumbi, Dudu recebeu uma violenta bolada de Roberto Rivellino no rosto. Porém, não demorou muito para levantar da maca e voltar ao jogo.
Minutos depois, enquanto o mesmo Rivellino preparava outro “canhão”, o destemido Dudu estava pronto e novamente alinhado na barreira.
Dudu encerrou a carreira nos gramados em 24 de janeiro de 1976, no empate em 3×3 diante da Portuguesa de Desportos no Parque Antártica, confronto válido pelo Torneio Laudo Natel.
Pelo Palmeiras foram 609 partidas com 340 vitórias, 160 empates, 109 derrotas e 25 gols marcados. Os registros foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Como treinador do mesmo Palmeiras, Dudu conquistou o título paulista de 1976, o último antes do longo jejum que durou até 1993.
Além do Palmeiras, Dudu orientou a Desportiva Ferroviária (ES), Coritiba (PR), Londrina (PR), América (RJ), Bandeirante de Birigui (SP), Ferroviária (SP), Juventus (SP), Paulista (SP), Portuguesa de Desportos (SP), São Bento (SP) e São Carlense (SP).
Em novembro de 2016, Olegário Tolói de Oliveira foi homenageado pela diretoria do presidente Paulo Nobre com um busto no clube.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Alfredo Ogawa, Carlos Maranhão, Emanuel Mattos, Hideki Takizawa, José Campos, José Maria de Aquino, Luís Carlos Kfouri, Roberto Appel e Sérgio Berezovsky), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte, revista Futebol e Outros Esportes, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista O Mundo do Futebol, revista Periquito 70, Jornal A Gazeta Esportiva, campeoesdofutebol.com.br, esportes.r7.com, ferroviariadeararaquara.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, lancenet.com.br, museudosesportes.blogspot.com, palmeiras.com.br, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti), topicos.estadao.com.br, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, albumefigurinhas.no.comunidades.net.