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Mesmo com o interesse declarado de várias equipes ao longo de sua carreira, o lateral e zagueiro Altair só envergou profissionalmente a camisa do Fluminense, clube que o recebeu em 1953, quando contava com apenas 15 anos de idade.

Altair Gomes de Figueiredo nasceu no município de Niterói (RJ), em 22 de janeiro de 1938. (*) Na edição de 15 de novembro de 1956, a revista Esporte Ilustrado publicou seu local de nascimento como São Gonçalo (RJ).

Torcedor do Fluminense na infância, Altair jogava como quarto-zagueiro nas fileiras do Mauá de São Gonçalo, até ser bem recomendado para os quadros amadores do Manufatora Atlético Clube de Niterói.

Contudo, para conseguir vencer no concorrido mundo do futebol, o jovem e promissor Altair passou por muitas provações!

Primeiro foi levado por um amigo para treinar no Vasco da Gama e mesmo aprovado pelos avaliadores, Altair preferiu não continuar em São januário.

Aprovado pelo famoso treinador Gradim, Altair foi prontamente aproveitado nos times de base do Fluminense. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 971 – 15 de novembro de 1956.

“Silki” foi o primeiro dos tantos apelidos que Altair recebeu no futebol. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 971 – 15 de novembro de 1956.

O convite para treinar no Fluminense apareceu na época em que era estudante do SENAI. Como seus pais não aceitavam o futebol como meio de vida, Altair foi escondido participar das peneiras nas Laranjeiras.

Aprovado pelo treinador Gradim, o clube solicitou um documento de autorização específico para “menores de idade”, papel que foi prontamente preparado pela irmã de Altair, que não teve qualquer dificuldade para imitar a assinatura do pai.

Com o documento forjado em mãos, ainda era necessário passar pelo cartório para providenciar o necessário reconhecimento de firma, o que aconteceu sem sustos!

Desde que pisou pela primeira vez nas Laranjeiras, Altair trouxe na bagagem um futebol técnico e versátil, além dos apelidos de “Magro” e “Fiapo”, que carregou durante toda sua rica caminhada pelos gramados.

Para poder participar do regime de concentração, que quase sempre era iniciado aos sábados, Altair contava com a cumplicidade um colega de escola para assim escapar da vigilância severa dos pais.

Desde que pisou pela primeira vez nas Laranjeiras, Altair trouxe na bagagem um futebol técnico e versátil. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 971 – 15 de novembro de 1956.

Em pé: Jair Santana, Clóvis e Altair. Agachados: Jair Marinho, Castilho e Pinheiro. Crédito: revista do Esporte número 50 – 20 de fevereiro de 1960.

Conhecido inicialmente pelos companheiros com o curioso apelido de “Silki”, sua preferência era continuar jogando como quarto-zagueiro. No entanto, o destino o reservou outros caminhos.

Devido ao grande número de zagueiros existentes naquele período, o confiante Altair foi aconselhado pelo já consagrado Pinheiro para ficar na lateral-esquerda. Assim, seria mais fácil conseguir um lugar no time principal.

A sugestão de Pinheiro foi prontamente atendida e rendeu bons frutos. E Altair – que nunca gostou de usar chuteiras novas – logo foi transformado em um dos mais habilidosos laterais esquerdos de seu tempo.

Com grandes atuações, Altair enfrentou ponteiros direitos de grande qualidade, entre eles o sobrenatural e sempre temido Mané Garrincha.

Considerado um especialista em dar “carrinhos”, sua composição física franzina não o impedia de levar vantagem sobre os atacantes adversários. Marcador duro, porém leal, o rapaz de Niterói dificilmente perdia uma dividida!

Altair foi lateral e zagueiro, mas seu sonho era jogar como centro médio. Foto de Jurandir Costa. Crédito: revista do Esporte número 165 – 5 de maio de 1962.

Apesar da composição física franzina, o destemido Altair quase sempre levava vantagem sobre os atacantes adversários. Crédito: revista do Esporte número 365 – 6 de março de 1966.

Em razão de sua costumeira regularidade, o nome Altair era sempre lembrado para defender o selecionado carioca, o que também favoreceu o seu rápido aproveitamento na Seleção Brasileira em 1959.

Convocado para o mundial de 1962 no Chile, Altair foi campeão mundial como suplente do lendário Nilton Santos. Também pela Seleção Brasileira foi campeão da Copa Roca em 1963.

Altair disputou sua segunda Copa do Mundo em 1966 na Inglaterra. Foi o titular nas partidas diante da Bulgária e da Hungria. Ao todo foram 22 participações com a camisa canarinho.

Conforme publicado no livro Fluminense Football Club – História, Conquistas e Glórias no Futebol, do autor Antônio Carlos Napoleão, Altair conquistou muitos títulos importantes nas Laranjeiras:

– Campeonato carioca nas edições de 1959, 1964 e 1969, a Taça Guanabara em 1966 e 1969, o Torneio Rio-São Paulo de 1957 e 1960; além do Torneio Início do campeonato carioca em 1956 e 1965.

Dedicado nos treinamentos, Altair aparece em atividade com Oldair Barchi. Crédito: revista do Esporte número 272 – 23 de maio de 1964.

Altair foi convocado para sua segunda Copa do Mundo em 1966. Crédito: revista Futebol número 13 – 1966.

Quarto jogador com mais atuações vestindo a camisa do Fluminense, sua marca é superada apenas por Castilho, Pinheiro e Telê Santana. Ao todo foram 551 jogos disputados e apenas 3 gols marcados.

Mais experiente e sem o mesmo condicionamento físico, na segunda metade da década de 1960 Altair voltou para sua preferida posição de quarto-zagueiro.

Após encerrar sua caminhada como jogador profissional no início de 1970, Altair trabalhou por muitos anos no Fluminense. Foi treinador e também fez parte de várias comissões técnicas.

Nos últimos anos de vida sofreu com os efeitos do cruel Mal de Alzheimer. Com dificuldades para manter o tratamento, Altair andou perdido e perambulando pela cidade, mas felizmente foi encontrado!

Vítima de falência múltipla de órgãos, Altair Gomes de Figueiredo faleceu em 9 de agosto de 2019. O ex-jogador estava internado no Hospital das Clínicas de São Gonçalo (RJ).

Com a camisa do Fluminense, Altair conquistou conquistou o campeonato carioca nas edições de 1959, 1964 e 1969, a Taça Guanabara em 1966 e 1969, o Torneio Rio-São Paulo de 1957 e 1960; além do Torneio Início do campeonato carioca em 1956 e 1965. Crédito: revista do Esporte.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Jurandir Costa e Milton Salles), revista Esporte Ilustrado (por Levy Kleiman e Luís Mendes), revista Fatos e Fotos, revista Futebol, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, agenciaoglobo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, fluminense.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, site do Milton Neves, Livro: Fluminense Football Club – História, Conquistas e Glórias no Futebol – Antônio Carlos Napoleão – Editora Mauad, albumefigurinhas.no.comunidades.net.