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Em 1975, pouco depois de sua chegada ao Grêmio, o bom meio-campista Neca começou uma espécie de martírio particular.

Poucos jogadores foram tão discutidos no Rio Grande do Sul, algo apenas comparado ao “Garoto de Ouro” Bráulio Barbosa de Lima do Internacional.

Mesmo apresentando um futebol de boa qualidade, Neca foi bombardeado com uma série de rótulos depreciativos. Era considerado um jogador desligado, lento, medroso, pipoqueiro e até protegido do treinador.

Para outros, no entanto, Neca era dono de um futebol de muita categoria, um craque preparado para ser aproveitado no escrete canarinho.

Antônio Rodrigues Filho, mais conhecido no mundo da bola como Neca, nasceu no dia 15 de abril de 1950, em Rio Grande (RS).

O ponta direita Zequinha e Neca viveram bons momentos no Grêmio. Foto de JB Scalco. Crédito: revista Placar – 10 de outubro de 1975.

Em mais um “Grenal” vemos Neca, Figueroa e Tarciso. Foto de JB Scalco. Crédito: revista Placar – 13 de fevereiro de 1976.

Neca começou sua caminhada em meados de 1967, no Sport Club Rio Grande. Em seguida foi defender o Esportivo de Bento Gonçalves.

No findar de 1974, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense manifestou interesse em seu futebol. Campeão gaúcho pela última vez em 1968, os gremistas não suportavam mais o domínio regional do Internacional.

Em um clima de muita pressão, o jovem Neca foi aos poucos encontrando seu lugar no time, embora o ambiente carregado de cobranças tenha colaborado para uma certa instabilidade.

No entanto, Neca continuava batalhando e marcando seus golzinhos. Conforme reportagem publicada pela revista Placar em 10 de outubro de 1975, apesar dos 30 gols marcados em 45 partidas, sua utilidade no time ainda era discutida.

Foram 14 gols em partidas amistosas; 12 no campeonato gaúcho (vice-artilheiro) e 4 no andamento do campeonato nacional de 1975.

Crédito: revista Placar – 19 de novembro de 1976.

Partindo da esquerda; Geraldão, Neca, Givanildo (encoberto), Tobias e Vaguinho. Foto de JB Scalco. Crédito: revista Placar – 26 de novembro de 1976.

De 100 torcedores gremistas ouvidos pela revista Placar; 54 diziam admirar o futebol de Neca, enquanto 44 o chamaram de enganador e apenas 2 ficavam em “cima do muro”.

A resposta para aqueles que tanto o perseguiam chegou rápido.

Em 1976 Neca foi convocado pelo técnico da Seleção Brasileira Oswaldo Brandão. Seu nome foi relacionado para os compromissos da Copa Roca, Taça do Atlântico e Torneio Bicentenário dos Estados Unidos, ambos vencidos pela Seleção Brasileira.

Com a camisa canarinho Neca esteve em campo em 5 compromissos com 4 vitórias e 1 derrota. Seu único gol pelo escrete foi marcado em 19 de maio de 1976, na vitória sobre a Argentina por 2×0.

Os números foram publicados pelo livro “Seleção Brasileira 90 anos”, dos autores Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.

Neca no Cruzeiro. Foto de Célio Apolinário. Crédito: revista Placar – 21 de janeiro de 1977.

Foto de Célio Apolinário. Crédito: revista Placar – 6 de maio de 1977.

Em setembro de 1976, Neca foi apresentado no Sport Club Corinthians Paulista, que investiu pouco mais de 1,2 milhões de cruzeiros para contar com seu futebol.

Neca foi recebido com outros dois jogadores no pacote negociado pelo presidente Vicente Matheus: O volante Givanildo contratado junto ao Santa Cruz e o ponteiro esquerdo João Paulo do XV de Piracicaba.

Seu melhor momento pelo alvinegro aconteceu na semifinal do campeonato nacional de 1976, na épica vitória sobre o Fluminense no Maracanã, partida até hoje lembrada como a “Invasão da Fiel”.

Questionado pela torcida e responsabilizado por ofensas aos diretores no quadro negro do Departamento de Futebol, Neca também foi acusado de negar a divisão da premiação referente ao vice-campeonato brasileiro.

Sem ambiente no time paulista, Neca não fazia mais parte dos planos da diretoria. E não demorou muito para surgir o interesse de outros clubes.

Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.

Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 2 de dezembro de 1977.

Negociado com o Cruzeiro no início de 1977, Neca atuou pouco pelo time do Parque São Jorge. Foram apenas 22 jogos com 13 vitórias, 4 empates, 5 derrotas e 10 gols marcados. Os números foram publicados pelo Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.

E lá estava Neca em Belo Horizonte, novamente questionado pela imprensa e pelos torcedores. Vice-campeão da Taça Libertadores da América e campeão mineiro de 1977, Neca voltou ao futebol paulista para jogar no São Paulo Futebol Clube.

Pelo tricolor Neca foi campeão brasileiro de 1977, um título marcado por sua participação no lance que fraturou a perna do atleticano Ângelo, uma fatalidade injustamente creditada ao volante Chicão.

Conforme registros publicados pelo Almanaque do São Paulo, do autor Alexandre da Costa, Neca disputou em 103 partidas entre 1977 e 1979. Foram 45 vitórias, 32 empates, 26 derrotas e 27 gols marcados.

Em 1980 Neca desembarcou no Rio de Janeiro para jogar pelo América. No ano seguinte voltou ao cenário gaúcho, onde encerrou a carreira no findar dos anos 80.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 2 de dezembro de 1977.

Neca em clássico contra a Portuguesa de Desportos no Pacaembu. Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 27 de julho de 1979.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Divino Fonseca, JB Scalco, João Areosa, José Maria de Aquino, José Pinto, Roberto Appel, Ronaldo Kotscho e Sérgio A. Carvalho), revista do Grêmio, revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal da Tarde, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, globoesporte.globo.com, site do Milton Neves (por Rogério Micheletti e Breno Menezes), Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, Almanaque do São Paulo – Alexandre da Costa, Livro Seleção Brasileira 90 anos – Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, albumefigurinhas.no.comunidades.net.