Tags

, , ,

Surpreendido por uma decisão arrojada do técnico Ventura Cambon, o promissor goleiro Fábio Crippa tinha pela frente uma difícil missão. Afinal, o futuro do alviverde na Copa Rio de 1951 estava em suas mãos!

Com o afastamento de Oberdan Cattani, o desafio de Fábio Crippa era segurar o temido quinteto ofensivo do Vasco da Gama no Maracanã; com nomes como Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca e Djair.

Empolgados pelos excelentes resultados da primeira fase, os vascaínos foram atropelados pelo ímpeto do time paulista, que ainda teve que superar o trauma da trágica fratura do atacante Aquiles em uma dividida com o goleiro Barbosa.

Considerado um dos grandes destaques da maiúscula vitória sobre o Vasco por 2×1, Fábio Crippa foi mantido no time até o final da competição.

O goleiro Fábio Crippa nasceu na cidade de São Paulo (SP), em 18 de abril de 1928. Iniciou sua trajetória pelos gramados jogando como zagueiro no futebol de várzea do bairro da Barra Funda, até ser encaminhado aos quadros amadores do São Paulo Futebol Clube.

Fábio Crippa e Juvenal Amarijo apresentaram uma regularidade determinante na memorável conquista da primeira edição da Copa Rio em 1951. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 694 – 26 de julho de 1951.

A enorme responsabilidade de substituir Oberdan Cattani em pleno andamento da Copa Rio não abalou em nada o confiante Fábio Crippa. Crédito: revista O Globo Sportivo número 650 – 28 de julho de 1951.

Contudo, um grande contingente de beques e laterais barrou o sonho de Fábio Crippa, que sem alternativas optou por tentar vencer como “guarda-redes”. O período no tricolor paulista foi muito curto, mas o suficiente para confirmar seu inegável talento debaixo das balizas.

O próximo passo foi no Nacional Atlético Clube (SP). Dedicado, Fábio Crippa apresentou um ótimo desempenho no certame paulista de 1949, ainda que o Nacional tenha sofrido com os resultados de uma campanha pífia.

Abaixo, uma das participações de Fábio Crippa com a camisa do Nacional no campeonato paulista de 1949:

7 de agosto de 1949 – Campeonato paulista – Santos 4×2 Nacional – Estádio da Vila Belmiro – Árbitro: Percy Snape – Gols: Nicácio Odair, Pascoal e Simões para o Santos; Og Moreira e Paulinho para o Nacional.

Santos: Chiquinho; Hélvio Piteira e Dinho; Nenê, Pascoal e Alfredo; Odair, Arturzinho, Nicácio, Simões e Pinhegas. Nacional: Fabio Crippa; Dedão e Cruz; Damasaceno, Og Moreira e Carlos; Paulinho, Charuto, Nelson, Neca e Flávio.

A Copa Rio de 1951 foi o título mais importante da passagem de Fábio Crippa pelo Palmeiras. Crédito: revista Grandes Clubes Brasileiros.

O Palmeiras campeão da Copa Rio de 1951. Em pé: Fábio Crippa, Luiz Villa, Juvenal Amarijo, Túlio, Salvador, Rodrigues, Ponce de Leon, Lima, Dema, Jair Rosa Pinto e Liminha. Crédito: gazetaesportiva.net.

Contratado pela Sociedade Esportiva Palmeiras na temporada de 1951, Fábio Crippa chegou ao clube consciente de sua condição de segundo suplente do lendário Oberdan Cattani.

Conformado e sempre trabalhando muito, Fábio Crippa não alimentava muitas esperanças de ser aproveitado em curto prazo. Mas o destino falou mais alto!

Na tarde de 8 de julho de 1951, o Palmeiras recebeu no Pacaembu o Juventus de Turim, confronto válido pela terceira rodada da fase de grupos da Copa Rio.

Até então, o Palmeiras caminhava tranquilo na tabela, graças aos resultados convincentes nos dois primeiros jogos da competição; 3×0 no Nice da França e uma virada emocionante por 2×1 no Estrela Vermelha da Iugoslávia.

Focalizando o primeiro lugar de seu grupo, o técnico Ventura Cambon precisou promover algumas alterações importantes na formação da equipe para enfrentar o time italiano.

Fábio Crippa foi bem, mas não conseguiu evitar a derrota do Palmeiras para o Flamengo por 2×1 no Maracanã, jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo de 1952. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 730 – 3 de abril de 1952.

Outra grande defesa do goleiro Fábio Crippa na derrota do Palmeiras para o Flamengo por 2×1 no Maracanã, jogo válido pelo Torneio Rio-São Paulo de 1952. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 730 – 3 de abril de 1952.

Com Sarno no lugar de Salvador, Túlio no lugar de Luiz Villa e Canhotinho na vaga do craque Jair Rosa Pinto, o Palmeiras entrou confiante no gramado do Pacaembu para enfrentar o poderoso esquadrão da Juventus.

Em uma peleja desastrosa, o quadro paulista foi superado pelos italianos com um placar inesperado e sobretudo preocupante!

A humilhante derrota por 4×0 representou o pronto afastamento do titular Oberdan Cattani, que depois do prélio foi eleito como o principal responsável pelo triste malogro alviverde.

Todavia, o goleiro Inocêncio não passou bem e Fábio Crippa foi escalado como titular para o primeiro compromisso semifinal diante do Vasco da Gama, o primeiro colocado no grupo com sede no Rio de Janeiro.

Depois da grande vitória sobre o Vasco da Gama, Fábio Crippa continuou como titular até o final da Copa Rio, competição vencida pelo Palmeiras.

Pelo Torneio Rio-São Paulo no Maracanã, Fluminense e Palmeiras empataram em 2×2. Partindo da esquerda; Dema, Orlando, Telê Santana, Fábio Crippa e Waldemar Fiume. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 726 – 6 de março de 1952.

Primeira rodada do Torneio Quadrangular de São Paulo em 1952. Apesar do esforço do goleiro Fábio Crippa, Pinga marca o primeiro gol da Portuguesa de Desportos. A Lusa venceu o prélio pela contagem de 2×0 no Pacaembu. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 743 – 3 de julho de 1952.

Além da conquista da Copa Rio de 1951, Fábio Crippa também fez parte do elenco que faturou o Torneio Rio-São Paulo 1951, Taça Cidade de São Paulo 1951 e o Troféu Cidade do México em 1952.

Entre 1953 e 1954, Fábio Crippa defendeu por empréstimo a Associação Ferroviária de Esportes da cidade de Araraquara (SP), até voltar ao mesmo Palmeiras, equipe onde permaneceu até 1956.

Pelo Palmeiras foram 80 jogos disputados com 41 vitórias, 18 empates, 21 derrotas e 101 gols sofridos. Os números foram publicados pelo Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.

Com complicações decorrentes do Mal de Alzheimer, Fábio Crippa faleceu na cidade de São Paulo (SP), em 23 de janeiro de 2011.

Até hoje, seu nome é lembrado como um dos grandes heróis da conquista da Copa Rio de 1951, um título considerado como o equivalente ao primeiro mundial de clubes da FIFA.

Torneio Quadrangular de São Paulo em 1952. O atacante Colombo marca para o Corinthians no empate diante do Palmeiras por 1×1 no Pacaembu. No lance; Juvenal Amarijo, Baltazar, Fábio Crippa (no chão), Waldemar Fiume, Colombo e Rubens, que ainda tenta evitar o gol alvinegro. Crédito: revista Esporte Ilustrado número 744 – 10 de julho de 1952.

O time alviverde em mais uma festiva jornada no Estádio do Pacaembu. Em pé: Belmiro, Valdemar Carabina, Fábio Crippa, Valdir, Dema e Waldemar Fiume. Agachados: Renatinho, Hélio, Fernando, Ivan e Bernardi. Crédito: Anuário da revista Esporte Ilustrado.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Michel Laurence), revista Campeoníssimo (por Hélio Curti, José Iazzetti, Mílton Peruzzi e Sebastião Barbosa), revista Esporte Ilustrado, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista O Globo Sportivo, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal Mundo Esportivo, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, palmeiras.com.br, site do Milton Neves (por Gustavo Grohmann e Tufano Silva), Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Livro: Palmeiras Campeão Mundial 1951 – On Line Editora, albumefigurinhas.no.comunidades.net.