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Antônio Parada Neto, Campeão carioca do Torneio Início 1964, Campeão Torneio Rio-São Paulo de 1966, Seleção Brasileira Militar 1959
Entre carrocerias desmontadas, lixas, massas, martelos, solventes e latas de tintas, o jovem Toninho parecia perder o rumo no trabalho quando imaginava seu nome ovacionado nos grandes estádios.
Nos dias de folga, Toninho esquecia o surrado macacão manchado de óleo. Saia de casa bem cedo e encontrava os amigos para jogar nos inúmeros campinhos de várzea do bairro do Bom Retiro.
Aos 16 anos de idade, o franzino Toninho já era conhecido pelos amigos como “Parada”. Mesmo com sua grande intimidade com a bola, o esforçado funileiro jamais sonhou em chegar tão longe no futebol!
Em 1955, uma brisa de coragem o impeliu para uma considerável aventura, o que certamente poderia lhe custar o emprego na oficina. Estimulado por um colega carioca, Parada encarou um período de testes no Fluminense por 40 dias.
Considerado pela imprensa esportiva como o “Pelé branco”, Antônio Parada Neto nasceu na cidade de Araraquara (SP), em 20 de fevereiro de 1939.
Sem o esperado sucesso nas Laranjeiras, Parada retornou para o seu ofício de funileiro, em outra oficina é claro! Depois de tanto insistir, algum tempo depois conseguiu ser aprovado nos quadros amadores do Clube Atlético Ypiranga (SP).
Era centroavante de origem e ora ou outra parecia sentir os efeitos das divididas e dos solavancos com os “becões”, que tentavam brecar seu talento de qualquer maneira!
Quando o juvenil do Ypiranga sapecou o badalado Palmeiras pelo placar de 6×3 nos domínios do Parque Antártica, os homens do alviverde logo perceberam que precisavam ter um garoto assim em suas fileiras.
No Palmeiras, Parada foi aproveitado inicialmente no quadro de Aspirantes. Mas, sua promissora ascensão foi interrompida pelo serviço militar obrigatório.
Contudo, o bom momento representou sua convocação para a Seleção Brasileira Militar, que em 1959 venceu o Sul-Americano da categoria. A forte linha ofensiva era formada por Bataglia, Parada, Pelé, Lorico ou Ariston e Parobé.
De volta ao Parque Antártica, Parada assinou seu primeiro contrato profissional. Campeão paulista de 1959, o Palmeiras contava um elenco muito forte e dessa forma Parada teve poucas chances de ser efetivado como titular.
No início de 1961, seu nome foi disponibilizado ao lado do companheiro Ismael como parte do pagamento pelos direitos do goleiro da Ferroviária de Araraquara, Florisvaldo Rosan!
Pelo alviverde, no período entre 1957 e 1960, Parada disputou 71 jogos com 40 vitórias, 15 empates, 16 derrotas e 19 gols marcados. Os registros foram publicados no Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.
Depois de duas temporadas de muito sucesso em Araraquara, Parada recebeu uma visita inesperada em sua casa. Era o famoso dirigente do Bangu Atlético Clube (RJ), Castor Gonçalves de Andrade e Silva.
Quem indicou Parada para Castor de Andrade foi o técnico Elba de Pádua Lima, o Tim, que também tinha firmado compromisso com o time de Moça Bonita.
Com tudo acertado com o Bangu, Castor de Andrade abriu sua pasta e entregou 50 mil cruzeiros nas mãos de Parada! O dinheiro era mais do que suficiente para providenciar uma mudança de “mala e cuia” para a cidade do Rio de Janeiro.
E realmente a indicação de Elba de Pádua Lima rendeu bons frutos! O atacante paulista foi um dos grandes nomes da linha de ataque do alvirrubro durante a primeira metade da década de 1960.
Sua participação foi determinante no rendimento do time que ficou em terceiro lugar no campeonato carioca de 1963, uma campanha marcada pela liderança em quase toda a competição, posição que só foi superada nas últimas rodadas!
Em 1964, Parada foi campeão do Torneio Início e vice-campeão carioca, um bom desempenho que foi repetido na temporada de 1965, quanto o Flamengo ficou com o título.
No ano seguinte, quando o Bangu foi campeão carioca, Parada não estava mais no elenco. Negociado com o Botafogo (RJ) por 150 milhões de cruzeiros, o jogador precisou abrir mão dos valores que teria direito na transferência.
No Botafogo, Parada foi campeão e artilheiro do Torneio Rio-São Paulo de 1966 com 8 gols marcados. *Com o empate na pontuação e a falta de calendário para o quadrangular final, o título foi dividido entre Botafogo, Vasco da Gama, Corinthians e Santos.
Ainda em 1966, Parada participou do período de preparação para o mundial da Inglaterra. Todavia seu nome não foi relacionado no grupo que embarcou para disputar a Copa do Mundo.
Emprestado para o Guarani em 1967, Parada retornou ao Rio para uma segunda passagem no mesmo Bangu. De volta ao Botafogo fez parte do elenco campeão carioca de 1968, até ser novamente emprestado para o Corinthians!
Mais uma vez no Bangu em 1969, Parada defendeu ainda o Fast Clube (AM) e depois o Rio Negro (AM), clube onde também encerrou a carreira em 1975 depois de uma grave contusão no joelho.
Morador do tradicional bairro paulistano do Bom Retiro, o ex-jogador Antônio Parada Neto faleceu na cidade de São Paulo (SP), em 21 de novembro de 2018.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Raul Quadros), revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, revista do Esporte (por Odilon Silva), revista Futebol e Outros Esportes, revista Grandes Clubes Brasileiros, revista Manchete Esportiva, revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, bangu.net, botafogo.com.br, campeoesdofutebol.com.br, ferroviariasa.com.br, gazetaesportiva.net, site do Milton Neves, Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.