ídolo do Flamengo na década de 1940, Zizinho sempre afirmou que para superar o goleiro Batatais era necessário chutar errado, pois caso o arremate fosse disparado com o empenho habitual, lá estaria Batatais para praticar mais uma de suas espetaculares defesas!
Com 1;82 de altura e 76 quilos, o lendário Batatais foi um dos melhores goleiros da história do futebol brasileiro.
Conhecido como Batatais, ou ainda “Batataes”, conforme encontrado em algumas publicações, Algisto Lorenzato nasceu no município de Batatais (SP), em 20 de maio de 1910.
De família pobre, o rapazola Batatais iniciou sua vida profissional trabalhando no Frigorífico Anglo. E foi no time do Frigorífico Anglo, jogando inicialmente como ponteiro-esquerdo, que Batatais foi surpreendido pelo destino.
Em determinada oportunidade, quando o goleiro titular estava machucado, os companheiros logo perceberam que o espigado Batatais poderia “quebrar o galho” debaixo dos paus.
O resultado foi tão bom que Batatais nunca mais voltou para sua posição na ponta-esquerda.
Naquele começo da década de 1930, suas importantes atuações foram logo percebidas por representantes do Batatais Futebol Clube (SP).
Até hoje, o goleiro Batatais está representado em uma das três estrelas do atual escudo do Batatais, uma homenagem aos jogadores nascidos na cidade e que participaram da Copa do Mundo: Baldochi, Batatais e Zeca Lopes.
Jogando pelo “Fantasma da Mogiana” (O mascote do Batatais teve origem na Estrada de Ferro Mogiana), o jovem goleiro não permaneceu por muito tempo. Com o interesse do Comercial Futebol Clube (SP), Batatais foi apresentado aos novos companheiros na cidade de Ribeirão Preto.
Conforme publicado pela revista O Globo Sportivo em 13 de fevereiro de 1942, o Comercial foi apenas uma espécie de ponte para que Batatais fosse pretendido pela Associação Portuguesa de Desportos, equipe que defendeu entre maio de 1933 até novembro de 1934.
Alguns registros da época apontam que os diretores da Portuguesa de Desportos contrataram Batatais oferecendo um tratamento dentário e um terno de fino corte, especialmente confeccionado em uma alfaiataria de renome.
No findar de 1934, Batatais acertou suas bases contratuais com o Palestra Itália, lá permanecendo por um curto período. Disputou somente 11 partidas e teve como parceiro de posição o goleiro Jurandyr Corrêa dos Santos, o “Rei dos pênaltis”.
Sem renovar seu vínculo com o Palestra Itália, Batatais trocou de cidade e foi defender o Fluminense Football Club (RJ) ainda em 1935.
Entre os inúmeros fãs de sua técnica apurada, Batatais tinha orgulho especial da admiração declarada do Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas, que em 1938 manifestou o interesse de cumprimentar pessoalmente o goleiro do Fluminense.
Tricampeão carioca nas edições de 1936, 1937 e 1938, Batatais foi convocado para defender o Brasil no mundial da França em 1938.
Na França, Batatais jogou em dois, dos cinco compromissos do escrete, que terminou a competição em terceiro lugar, a melhor colocação do Brasil até então.
Após sofrer cinco gols na partida contra os poloneses, o guarda-metas do tricolor carioca perdeu seu posto de titular. O técnico Ademar Pimenta preferiu então escalar Walter, goleiro do Flamengo.
Campeão carioca de 1940, Batatais participou do confuso e inacabado Torneio Rio-São Paulo, quando Flamengo e Fluminense terminaram o primeiro turno na ponta da tabela.
Assim, o prélio decisivo do campeonato carioca de 1941 ganhou ares de um perfeito “tira-teima”, no jogo que ficou famoso como o “Fla-Flu da Lagoa”.
Nesse duelo, mesmo com o braço pisoteado por Sylvio Pirillo, o goleiro Batatais foi o grande herói daquela conquista.
Batatais permaneceu no clube das Laranjeiras até 1946, quando foi defender o América (RJ). Pelo Fluminense disputou ao todo 309 compromissos com 458 gols sofridos.
Sua carreira valeu tanto pela qualidade, quanto pelo comportamento exemplar, o que representou o “Prêmio Belfort Duarte” por nunca ser expulso de campo!
Longe dos gramados e sem qualquer tipo de apoio dos clubes que defendeu, o ex-goleiro sobreviveu inicialmente graças ao emprego como responsável pela Tribuna do Honra do Maracanã, uma ocupação oferecida pelo ex-superintendente do estádio, Arno Frank.
Mais tarde trabalhou no Bonsucesso (RJ), como auxiliar técnico do treinador Sylvio Pirillo, mesmo período em que também orientou os quadros amadores do clube.
Algisto Lorenzato faleceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 16 de junho de 1960. Conforme participação da filha de Batatais, Vera Lucia Carneiro Ribeiro Lorenzato, Batatais não foi registrado com o sobrenome “Domingos”, como aparece em algumas fontes que escrevem sobre a carreira do goleiro.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Marcelo Rezende e Maria Helena Araújo), revista do Fluminense, revista Esporte Ilustrado, revista Manchete Esportiva (por Ney Bianchi e Jankiel), revista O Globo Sportivo, agenciaoglobo.com.br, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, campeoesdofutebol.com.br, fluminense.com.br, museudosesportes.blogspot.com.br, site do Milton Neves.