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goleiro Orlando gato preto, Operário de Várzea Grande (MT), Orlando Alves Ferreira, Sampaio Corrêa Futebol Clube
O conhecido refrão da música “O Vira”, do grupo “Secos e Molhados”, que fez muito sucesso no início da década de 1970, de certa forma ficou identificada com a história do goleiro Orlando.
Orlando é lembrado por alguns segmentos da mídia esportiva como “Orlando Gato Preto”, por sua grande coragem e elasticidade.
E vamos ao famoso refrão: “O gato preto cruzou a estrada; passou por debaixo da escada; e lá no fundo azul na noite da floresta; a lua iluminou a dança; a roda, a festa. Vira, vira, vira”…
A canção, parte integrante do primeiro LP do grupo lançado em 1973, ganhou rapidamente os primeiros lugares nas estações de rádio e foi exibida em grande estilo no programa “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão.
E mesmo que o luar da referida música iluminasse, alguns artigos publicados pela antiga revista do Esporte davam conta de que Orlando não enxergava direito em partidas noturnas.
Por outro lado, é necessário também reconhecer que o sistema de iluminação dos estádios naqueles tempos não era lá essas coisas, principalmente no interior paulista!
Orlando Alves Ferreira nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 25 de julho de 1940. Família numerosa, o guri ocupava seu tempo com os estudos e algumas atividades para ajudar nas despesas da casa.
Depois de passar pelo futebol de várzea, Orlando foi encaminhado ao São Cristóvão de Futebol e Regatas (RJ) em 1958, equipe onde permaneceu até o findar de 1962.
Jogando pelo São Cristóvão, Orlando ganhou reconhecimento rapidamente, principalmente por suas grandes atuações no campeonato carioca nas edições de 1961 e 1962.
Conforme publicado pela revista do Esporte em 11 de agosto de 1962, Orlando foi considerado uma das grandes revelações do disputado certame carioca.
Com segurança e muita regularidade, o jovem goleiro do São Cristóvão foi o responsável direto por resultados considerados surpreendentes.
Abaixo, uma das grandes apresentações de Orlando pelo São Cristóvão, quando foi o responsável pela vitória do São Cristóvão diante do Fluminense em São Januário:
6 de agosto de 1961 – Campeonato carioca primeiro turno – São Cristóvão 1×0 Fluminense – Estádio de São Januário – Árbitro: Eunápio de Queirós – Gol: Arinos aos 17‘ do primeiro tempo.
São Cristóvão: Orlando; Miro, Renato e Ney; Waldir e Medeiros; Paulinho, Arinos, Rômulo, Russo e Olivar. Técnico: Danilo Alvim. Fluminense: Castilho; Jair Marinho, Roberto e Altair; Edmilson e Clóvis; Calazans, Paulinho, Manuel, Jair Francisco e Hilton. Técnico: Zezé Moreira.
Contratado pela Associação Portuguesa de Desportos no início de 1963, Orlando foi um companheiro inseparável de Felix Miélli Venerando, tricampeão mundial em 1970, no México.
Além de Felix, Orlando também disputou posição com outros grandes goleiros; como Aguilera, Aguinaldo, Carioca, Édson Mug e depois Zecão.
Orlando fez parte do elenco que realizou grande campanha no campeonato paulista de 1964, quando a Lusa quase chegou ao título, mas acabou derrotada na última rodada para o Santos por 3×2 na Vila Belmiro!
O triunfo do quadro praiano não foi nada fácil. O resultado apertado reflete o “jogão” que empolgou a imprensa e os torcedores na Vila Belmiro.
Quando o duelo ainda estava empatado sem abertura de contagem, o lateral santista Ismael teria cometido uma penalidade clara em Ivair, um fato totalmente ignorado pelo árbitro Armando Marques.
A Portuguesa, que precisava vencer para provocar uma “partida extra” com o Santos, terminou a competição em terceiro lugar, com 40 pontos ganhos ao lado do Corinthians.
Abaixo, os registros da discutida partida arbitrada por Armando Marques na Vila Belmiro:
13 de dezembro de 1964 – Campeonato paulista – Santos 3×2 Portuguesa de Desportos – Estádio Urbano Caldeira – Árbitro: Armando Marques – Gols: Pepe aos 8’, Toninho aos 23’, Ditão aos 31’, Ismael (contra) aos 32’ e Pepe aos 34’ do segundo tempo.
Santos: Gylmar; Ismael, Modesto e Lima; Zito e Haroldo; Toninho, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula. Portuguesa de Desportos: Orlando; Jair Marinho, Ditão e Edílson; Pampolini e Wilson Silva; Almir, Dida, Henrique, Nair e Ivair. Técnico: Aymoré Moreira.
Orlando também brilhou no time que ficou famoso com uma linha de ataque conhecida como “Iê Iê Iê”; com Ratinho, Leivinha, Ivair, Paes e Rodrigues, o quinteto responsável por grandes apresentações no findar dos anos de 1960.
Em 1968, o ataque “Iê Iê Iê” ganhou fama em uma excursão pelos gramados da Europa, América e Caribe. Ao todo, foram 13 jogos com 9 vitórias, inclusive com compromissos na antiga Alemanha Comunista.
Em 1973 Orlando foi o suplente de Zecão na campanha do título paulista (uma conquista dividida com o Santos), mesmo ano em que também recebeu o reconhecido prêmio Belfort Duarte.
Orlando ainda teve passagens pelo Sampaio Corrêa Futebol Clube (MA), pelo Operário de Campo Grande (MS) e pelo Operário de Várzea Grande (MT), equipe onde encerrou a carreira em 1976.
Conforme divulgado pelo site do Milton Neves, Orlando morava em São Paulo e prestava serviços na Prefeitura de São Paulo, na “Cooperativa Craques de Sempre”.
O ex-goleiro também mantinha uma escolinha específica para goleiros no bairro de Santana, na Zona Norte da cidade de São Paulo.
Orlando Alves Ferreira faleceu no dia 19 de julho de 2007, no Hospital do Mandaqui, em decorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Arthur Ferreira, Lemyr Martins, Mauro Pinheiro e Michel Laurence), revista do Esporte, revista O Cruzeiro, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal dos Sports, acervo.oglobo.globo.com, associacaoportuguesadesportos.blogspot.com.br, campeoesdofutebol.com.br, gazetaesportiva.net, museudosesportes.blogspot.com, portuguesa.com.br, site do Milton Neves (por Gustavo Grohmann e Milton Neves), albumefigurinhas.no.comunidades.net.